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Coitadinha… Bem Feito!

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Coitadinha Bem Feito

Coitadinha Bem Feito” é essencial à longevidade da obra de Angela Rô Rô. Eu gostei mais do que o original, talvez porque eu tinha preconceito em relação à ela. O álbum está disponível para download gratuito no site www.coitadinhabemfeito.com.br. Ela compôs grandes baladas românticas embebidas no blues. Com sua distintiva voz grave, levemente rouca, levou a fossa de Maysa (1936 – 1977) aos anos 1980. Some isso a letras confessionais e um talento especial para a autoparódia… Angela Rô Rô seria uma figura lendária mesmo se sua biografia não fosse capitulada por escândalos. Era só uma questão de tempo para a diva ganhar tributo em CD.

Luciano Buarque de Holanda (Valor – Eu&Fim-de-Semana, 11/05/13) informa que essa homenagem parte de um selo (o Joia Moderna) que assume compromisso exclusivo com as vozes femininas do Brasil. Curiosamente, todo o elenco de “Coitadinha Bem Feito” é masculino. Ideia do jornalista Marcus Preto, convidado à direção artística do projeto. “Era necessário evitar ‘imitações'; ninguém nesse mundo é tão bom em ser Angela Rô Rô do que ela própria”, escreve Preto no material de divulgação da coletânea. A abordagem garante a fuga do lugar-comum. Ainda mais quando o time de convocados vem do meio alternativo. Correndo os olhos pelos créditos, já podemos prever completas reinvenções. O saldo, entretanto, é irregular como qualquer outra compilação de vários artistas.

Lucas Santtana, com o hit “Amor, Meu Grande Amor“, combina ambiências sonoras, dance music etérea e órgão sessentista. Acerta na estética, mas, como intérprete, não alcança todas as notas, nem a cadência certa. Lira, ou “Lirinha”, ex-Cordel do Fogo Encantado, segue os passos dos conterrâneos (pernambucanos) Karina Buhr e Siba, deslocando-se da música regional ao pop. Ele entrega uma versão “synth” de “Renúncia“, bem anos oitenta. Romulo Fróes é o primeiro grande acerto. Ele privilegia a emoção em formato violão-voz, antes de subverter “Só Nos Resta Viver” com uma dissonante sessão de saxes.

Mares da Espanha“, a cargo de Thiago Pethit, parece Caetano Veloso com a Banda Cê. Tatá Aeroplano soa mais honesto que todos em “Balada da Arrasada“, vertida num rock vintage básico, redondo. Otto injeta suingue psicodélico na faixa-título, garimpada do LP “Escândalo” (1981). Adriano Cintra, ex-Cansei de Ser Sexy e mentor do atual Madrid, traz outro ponto alto com uma revisão new wave de “Gota de Sangue“. Helio Flanders (Vanguart) frisa o drama de “Me Acalmo Danando” com piano, cordas e uma interpretação à la Thom Yorke. Leo Cavalcanti, Gui Amabis, Pélico, Rodrigo Campos, Kiko Dinucci, Rael, Gustavo Galo, Dani Black e Juliano Gauche completam o cast de colaboradores.

 



Tribunal do Feicebuqui (Intolerância de Internautas)

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tom zé coca cola

Kiko Nogueira (Diario do Centro do Mundo) noticia que “Tom Zé, um tropicalista original que foi esquecido pelos demais tropicalistas originais, dá um duro para se manter. Além dos shows e discos, trabalha como jardineiro (é muito querido, aliás, pelos moradores de um prédio nas Perdizes, em São Paulo). A indústria fonográfica sofre e, você sabe, ele não é um sertanejo universitário.

Recentemente, faturou 80 mil reais da Coca-Cola pela narração de um comercial da Copa do Mundo. Mas avisou que vai doar o dinheiro para a Sociedade Lítero-Musical 25 de Dezembro de Irará, sua cidade natal, na Bahia. A razão é que seus fãs o acusaram de vendido. Foi xingado nas redes sociais de “mané”, “velho babão”, “bundão”, “príncipe que virou sapo”, “corrompido”, “garotinha ex-tropicalista”, “mentiroso”. Compôs uma canção a respeito desse episódio chamadaTribunal do Feicebuqui. Leia a letra:

Tom Zé mané 
Baixou o tom 
Baba baby 
Bebe e baba 
Velho babão 

Tom Zé bundão 
Baixou o tom 
Baba baby 
Bebe e baba 
Mané babão 

Seu americanizado 
Quer bancar Carmen Miranda
Rebentou o botão da calça 
Tio Sam baixou em sampa 
Vendido, vendido, vendido! 
A preço de banana 
Já não olha mais pro samba 
Tá estudando propaganda 

Que decepção 
Traidor, mudou de lado 
Corrompido, mentiroso 
Seu sorriso engarrafado

Não ouço mais, eu não gostei do papo 
Pra mim é o príncipe que virou sapo 
Onde já se viu? Refrigerante! 
E agora é a Madalena arrependida com conservantes 
Bruxo, descobrimos seu truque 
Defenda-se já 
No tribunal do Feicebuqui
A súplica: 
Que é que custava morrer de fome só pra fazer música?

Quem precisa de inimigos com um público desses? “Eu sou pobre, continuo pobre. Esse dinheiro estava me atrapalhando, me incomodando, resolvi doar. Estava agora com a minha mulher fazendo as contas e está um aperto ‘fela da puta’”.

A chantagem de seus “admiradores” é absurda, desumana e indesculpável. Agora, por que Tom Zé se submeteu a isso é um mistério. Não foi, ao que se depreende, uma decisão fácil. Se tivesse sido, ele não teria feito uma música.

Por que um artista com 40 anos de carreira deveria baixar a cabeça para pessoas que, aparentemente, só lhe dão valor se ele não sair do, como ele mesmo diz, “aperto”? A pureza de Tom Zé é genuína. O cachê ganho foi legítimo, merecido e fruto de décadas de música. Em que conspurcaria sua imagem? Em que isso mancharia sua reputação de, vamos lá, iconoclasta? Em nada, nada, nada. Ao contrário, lhe daria fôlego para produzir mais — e viver melhor.

Em 1965, Bob Dylan desafiou a patrulha de seguidores que o acusavam de traidor por ter “eletrificado” seu som. Levou o grupo de rock que o acompanhava ao festival de folk de Newport. Adeus, violão. Tocou guitarra, foi vaiado e quase agredido fisicamente. Num show no Albert Hall, em Londres, no mesmo ano, um fulano gritou da plateia: “Judas!”. Ele respondeu no microfone: “Eu não acredito em você. Você é um mentiroso”. E então se vira para a banda e diz: “Play it fucking loud”. E entra Like a Rolling Stone.

Ok, ok, Tom Zé não é Bob Dylan, os tempos são outros etc etc. Mas isso é independência. Ao aceitar a trolagem de seus “fãs”, Tom Zé foi conivente com ela – e cúmplice.”

FNC: discordo também da intolerância desse crítico. Quem ele se julga para se acreditar “dono da verdade e da perfeição”, achando-se no direito de julgar, comparar com Bob Dylan (!), e condenar a conduta na vida de outro a pretexto de dar ajuda?! Fariseu


A Linguagem Musical É Suficiente…

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Dica de amigo (economista): a Livraria Cultura está vendendo o DVD “A Música Segundo Tom Jobim” com 30% de desconto! A obra-prima, editada por Nelson Pereira dos Santos, nos mostra as canções de Antonio Carlos Jobim, “um dos gênios da etnia tropicalizada, antropófaga e miscigenada“, interpretadas por dezenas de artistas, cantores e músicos, bandas de jazz e orquestras sinfônicas, no Brasil e no Mundo. Ela nos antecipa, gerações antes, como o nosso maestro Brasileiro será um compositor clássico para gerações posteriores à nossa morte!

Se não, veja e se emocione com o documentário acima. Mas não deixe de tê-lo. Afinal, são menos do que três meses de aumento das passagens de ônibus… Ui, essa foi mau, não? Disculpi-mi… 


O Neurótico e As Histéricas

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Meu colega Cláudio Dedecca enviou-me o link e perguntou-me: Já viu? Conhece? Gosta?

Eu (FNC) não tinha visto, conheci e gostei!

Eu já gostava do Arrigo Barnabé, desde o disco Clara Crocodilo, lançado em 1980, precursor da Lira Paulistana. Era muito vanguarda na época.

Depois de investir no universo melancólico do compositor Lupicínio Rodrigues com o show-DVD “Caixa de ódio“, Arrigo Barnabé se debruça sobre a obra de Hermelino Neder. Nesse novo trabalho, Arrigo se une a uma ótima banda formada apenas por mulheres, com Mônica Agena (guitarra), Maria Beraldo Bastos (clarinete), Ana Karina Sebastião (baixo) e Mariá Portugal (bateria), todas elas dividindo os delicados vocais com Arrigo. Vale conferir!


Links para Download de Nova MPB: Bruno Souto e Cícero

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Sábado

Marcelo Ferla (FSP, 24/09/13) avalia que “há uma nova leva de cantores e compositores de música pop no Brasil. Não fazem MPB tradicional, nem um som demasiadamente regional, muito menos pasteurizado. Não vêm de bandas de rock de sucesso, nem transitam pela MPB revivalista. Sem a pressão da indústria, têm autonomia para conectar diversos estilos. Soam cosmopolitas, mesmo que venham de rincões distantes. Incluem elementos roqueiros em suas sonoridade, e aumentam à medida em que as bandas de rock somem.

Artistas como SILVA, Pélico, Thiago Pethit, Curumin, Fabio Góes, Leo Cavalcanti, Marcelo Jeneci, Tiago Iorc, Saulo Duarte, Wado, mesmo com intenções diversas e idades variadas, têm em comum traços de romantismo e intimismo, características potencializadas pelo individualismo da era 2.0. E que impulsionam as carreiras solo.

Vocalista do bom quinteto Volver, o pernambucano Bruno Souto, 35, diz que o formato de grupo está saturando, pois, no Brasil, “as bandas de rock são muito maltratadas.”

Ex-banda Alice, o carioca Cícero, 25, diz pertencer a uma geração “menos eufórica”, algo que a opção solo capta melhor. Souto lançou, em 27 de agosto, seu disco de estreia solo, “Estado de Nuvem”; Cícero, no dia 31 de agosto, o seu segundo trabalho, “Sábado”.

Eficiente na simplicidade, “Estado de Nuvem” é romântico, composto por gêneros variados e um tom confessional, com melodias e harmonias pop. “Queria explorar um universo que um estilo tão restritivo quanto o rock não permitiria, e privilegiei os teclados”, diz Souto. “O rock é um elemento, não o motivo.”

ESTADO DE NUVEM
ARTISTA Bruno Souto
GRAVADORA independente
QUANTO R$ 25 (download gratuito em www.brunosouto.com)

Com “Canções de Apartamento“, de 2011, Cícero ganhou 500 mil downloads, 1 milhão de visualizações no YouTube e 100 mil “curtidas” no Facebook. Ao trocar de casa, deixou no antigo lar o estado de espírito que lhe concedeu notoriedade. “Eu queria algo modorrento.”

Sábado” é minimalista e desprovido de refrões, sustentado por texturas delicadas e um clima reflexivo. Sem canções, é a antítese do disco anterior, e reflete o desconforto com a fama virtual. “A internet te transforma apenas em um êxito numérico, fantasioso. O rival do artista era a crítica, agora é a dificuldade de manter o foco.”

Além de contestar a euforia memética, Cícero não vê contribuição artística em quem opina sem ter compromisso com a repercussão do que escreve. Por isso, acha a “velha” crítica mais responsável. “Quem tem que fazer o filtro hoje é o artista. Colocar discos para download é apenas deixar uma obra na rede para receber uma nota.”

Talentoso e saudavelmente preocupado com a superexposição, Cícero quer sedimentar um público sem ter que trabalhar só para agradá-lo. “O que importa é ter uma carreira consistente”, afirma o músico

Esta é outra característica positiva desta nova leva, que será um tanto melhor se não confundir consistência com hermetismo.”

SÁBADO

ARTISTA Cícero
GRAVADORA DeckDisc
QUANTO R$ 25 (download gratuito em www.cicero.net.br)


Dub 40 Anos: Lucas Santtana lista 9 Discos Influentes

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Lucas-Santtana_discos-dub

Escrito por , no site Na Mira do Groove, há ótimo post para quem, como eu, gosta do dubFortemente associado ao reggae e à cultura jamaicana, o dub faz uso da base baixo e bateria com sobreposições de efeitos criativos dentro das possibilidades de estúdio.

Mais que um gênero musical, o dub é o retrato fiel de uma época de descobertas sonoras, que de certa forma revolucionaram a gravação em estúdio na Jamaica para logo expandir sua influência por todo o mundo musical.

Agora, em 2013, comemora-se os 40 anos deste gênero musical, que se mostra mais influente do que nunca na música brasileira.

Para selar essa data, o músico e compositor Lucas Santtana organizou nos últimos dias 10 e 11 de setembro no Sesc Vila Mariana (São Paulo) o show Dub 40 Anos, que contou com participações de Anelis Assumpção, Thiago França, Bi Ribeiro (Paralamas do Sucesso), Bruno Buarque, Guizado, entre outros (mais detalhes sobre o show, confira esta entrevista para o site Azoofa).

Em meio às correrias com shows e agendas, Lucas Santtana fez uma pequena lista a pedido do Na Mira do Groove de 9 álbuns influentes do gênero, que de alguma forma estão condensados em sua produção musical.

Sem ordem de preferência, o músico foi de Colonel Elliott a Dub Colossus, passando por Adrian SherwoodRhythm & SoundAugustus Pablo e mais. Tem bastante raridade aqui: trabalhos que valem a pena conhecer para expandir o conhecimento sobre o gênero.

A lista completa está abaixo em ordem de ano de lançamento, acompanhadas de algumas informações técnicas.

INTERSTELLAR REGGAE DRIVE

COLONEL ELLIOTT & THE LUNATICS

Ano: 1973
Gravadora: Rhino/EMI

Comprar via Discogs

Lucas Santtana: “Dub doidão, meio George Clinton, Parliament, meio Sun Ra… O [produtor] Buguinha Dub que me aplicou”.

O nome ‘interstellar’ não está ali por mero ocaso. A grande influência do único disco que se tem registro de Colonel Elliott foi a viagem do homem ao espaço. Elaborado entre 1970 e 1973, o disco traz uma incrível injeção de sintetizadores e guitarras em síncope, explorando efeitos extremados que nos remetem à turbulência espacial. Se o termo space-reggae pode ser utilizado, melhor exemplo que este disco não há.

Ouça: “Guns of the Martian Giants”


FORCES OF VICTORY

LINTON KWESI JOHNSON

Ano: 1978
Gravadora: Island

Lucas Santtana: “Um dos meus discos prediletos. Ouço muito, sempre. Poeta maior do dub”.

Injustamente pouco conhecido no Brasil, o dub-reggae de Linton Kwesi Johnson experimenta as nuances de tempo, com quebradas de bateria e composições muito bem encaixadas que falam de sentimentos e confrontos. Os arranjos de metais são estupendos, vide “Independant Intavenshan” e “It Noh Funny”, cuja sincronia entre letras, produção e justaposição instrumental dentro do gênero ainda não encontra paralelos.

Ouça: “Independant Intavenshan”


DUB, REGGAE & ROOTS FROM THE MELODICA KING

AUGUSTUS PABLO

Ano: 2000
Gravadora: Ocho

Comprar via Amazon

Lucas Santtana: “O mago da delicadeza com sua melódica e seus vibrafones. Dub para sonhar acordado”.

Só a nata do reggae e do dub em mais um dos muitos pontos altos da carreira de Augustus Pablo. Além das participações de Jacob Miller (“Baby I Love You So”), Bongo Pat (“Young Generation”),Norris Reid (“Give Praise”) e Tetrack (“Let’s Get Together”), o disco teve o mestre King Tubby na engenharia sonora e colaborações de Aston Barrett (um dos maiores baixistas do gênero, que tocou com o The Wailers), Robbie Shakespeare (do Sly & Robbie) e a batuta do gênio mais maluco de toda a Jamaica: Lee ‘Scratch’ Perry.

Ouça: “Memories of the Ghetto”


SOUND

DREADZONE

Ano: 2001
Gravadora: Ruff Life

Comprar via Amazon

Lucas Santtana: Gosto de dub eletrônico e essa galera faz um som de pista que se aproxima do electro”.

Uma das forças propulsoras do gênero na Grã-Bretanha, o Dreadzone está na ativa desde 1993 e até hoje continua experimentando com as nuances da eletrônica. Até chegar a este quarto álbum, o Dreadzone se apresentou no Glastonbury, contou com a colaboração vocal de Goldfrapp e foi elogiado pelo lendário radialista John Peel (que citou o álbum Second Light, de 1995, como um de seus preferidos de todos os tempos).

Ouça: “Straight to a Soundboy”


NEVER TRUST A HIPPY

ADRIAN SHERWOOD

Ano: 2003
Gravadora: Real World

Lucas Santtana: “Foi com esse disco que entendi que o dub era uma técnica de mixagem e que poderia ser aplicada a qualquer estilo de música. Escutei-o bastante antes de gravar o 3 Sessions in a Greenhouse (2006)”.

Efeitos megalomaníacos flertam diretamente com funk, industrial e trance no primeiro trabalho solo de Adrian Sherwood. Essa ponte com outros gêneros é explicável: o britânico produziu Time Boom X De Devil Dead (1986), de Lee ‘Scratch’ Perry, remixou Einstürzende Neubauten e Primal Scream, trabalhou com Nine Inch Nails e Cabaret Voltaire, além de experimentar alguns sons com Sly & RobbieNever Trust A Hippy mostra que a ponte entre dub e eletrônico pode encontrar direções imprevisíveis e bem interessantes.

Ouça: “X-Planation”


SEE MI YAH

RHYTHM & SOUND

Ano: 2005
Gravadora: Burial Mix

Lucas Santtana: “Só conheço os compactos deles, nem sei se fizeram LP, mas sou fã do estilo minimal que eles fazem”.

A imagem acima mostra que existe, sim, um disco do duo germânico. Para se ter uma ideia, imagine os efeitos do dub encaixados no IDM matemático de um Aphex Twin em seus primeiros anos. Se formos mais além, diria que ainda se encaixa aí algo de Structures From Silence (1984), de Steve Roach, mas com adequação às pistas. Para chegar a esse som, Mark Ernestus e Moritz von Oswald trabalharam com Cornell Campbell, Jennifer Lara e o lendário Jah Cotton.

Ouça: “See Mi Version”


LAROZ SOUND SYSTEM

LAROZ

Ano: 2006
Gravadora: Larozmusic

Lucas Santtana: “Eles fazem um dancehall que não deixa ninguém parado”.

Há muitas cenas entrelaçadas no som do israelita Laroz Haim. Ele tocou em grupos pop, foi um dos primeiros de seu país a experimentar com a eletrônica nos anos 1990, teve influência do drum’n bass e trouxe para sua música elementos do reggae jamaicano e do hip hop. O que se tem é um dancehall inspirado pela linha Cutty Ranks, mostrando que o diálogo no gênero é mais universal do que o eixo Grã-Bretanha/Jamaica/América Central. Perfeito pra quem gosta de Damian Marley ou Congo Natty.

Ouça: “Bit Box Dancing”


MEMORIES OF THE FUTURE

KODE9 + THE SPACEAPE

Ano: 2006
Gravadora: Hyperdub

Lucas Santtana: “Clássico seminal do dubstep

Quando se fala das origens do dubstep, invariavelmente voltamos lá pra Untrue (2007), do Burial, que seria lançado pouco depois. Não que o gênero manipulado por Skrillex deva tanto a este trabalho, mas uma coisa é certa: Memories of the Future é o disco que melhor liga as inovações futurísticas musicais do passado com as possibilidades de um futuro que, naquele tempo, era mais incerto que agora. A BBC estabeleceu um link esperto entre a música do mencionado Linton Kwesi Johnson e a fase Sign O’ The Times (1987), de Prince, envoltos no espectro de uma paranoia urbana – que parece ser ainda mais obsessiva com os vocais temerosos sobre batidas misteriosas.

Ouça: “Backward”


A TOWN CALLED ADDIS

DUB COLOSSUS

Ano: 2008
Gravadora: Real World

Lucas Santtana: “Descobri faz pouco tempo. Eles fazem uma mescla de dub com a cultura musical árabe, coisa fina”.

Estabelecendo pontes entre a música azmari, o ethio-jazz de Mulatu Astatke e, claro, o dub, o grupo egípcio Dub Colossus é uma cria do experiente Nick Page, que começou sua carreira tocando com Mykaell Riley (ex-membro do Steel Pulse) e, em 1990, formou o Transglobal Undergroundfundindo western com elementos da música africana. A Town Called Addis é o primeiro disco do grupo. Uma das grandes marcas de sua sonoridade também reside na exuberância vocal de Sintayehu ‘Mimi’ Zenebe.

Ouça: “Azmari Dub”


Mulatu Astatke, o Gênio do Jazz Etíope

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Mulatu Astatke

Em certa cena do filme A Grande Beleza, dirigido por Paolo Sorrentino, há uma “esnobada” cultural — tipo “bateu, levou” – de uma socialite sobre outra em festa da alta roda da sociedade romana. Uma comenta que estava na “fase pirandella”, outra responde que apenas estava apreciando o Jazz Etíope. Pensei: o que é isso?! Nunca ouvi!

Fui atrás e encontrei o seguinte post do ótimo blog musical Radiola Urbana, reportagem publicada originalmente no Caderno 2 + Música do jornal O Estado de São Paulo, em março de 2011, quando o gênio do jazz etíope, Mulatu Astatke, desembarcou no Brasil para duas apresentações (memoráveis!) no Sesc Vila Mariana, com ingressos esgotados em menos de duas horas.

“Bill Murray está largado no sofá com o mesmo olhar perdido que adotou em “Encontros e Desencontros” de Sofia Coppola, 2003. Desta vez, o personagem é Don, de “Flores Partidas”, dirigido por Jim Jarmush, 2005. Uma carta anônima o atormenta: ele teria um filho, já adolescente, que quer conhecê-lo. Um vizinho tenta apaziguar as inquietações do amigo e coloca um CD: “música etíope, faz bem ao coração”. A faixa que toca é “Yèkèrmo Sèw”, de Mulatu Astatke, e as palavras do personagem interpretado por Jeffrey Wright definem com simplicidade e perfeição o impacto do primeiro contato com a obra do maestro, arranjador, instrumentista e compositor.

Mulatu é seguramente o músico mais importante da Etiópia e um dos mais cultuados de todo continente africano – além de um jazzista com um sotaque de causar ao mesmo tempo fascinação e estranheza aos ouvidos ocidentais. Sopros serpenteiam em labirintos de melodias e improvisos, o vibrafone projeta paisagens sonoras do Oriente Médio e a percussão balança num calor caribenho: tudo meticulosamente entrelaçado, como num bordado persa.

Essa combinação foi batizada de ethio-jazz, num raríssimo caso de um gênero musical associado quase que totalmente a um único artista. O álbum que simboliza o surgimento dessa estética é “Mulatu of Ethiopia”, de 1972. Até chegar lá, Mulatu Astake já tinha alcançado alguns feitos. Nos anos 60, se tornou o primeiro africano a ingressar na prestigiada Berkelee Colege of Music, em Boston. Estudou também em Londres e Nova York – onde gravou, em 1966, os discos “Afro-Latin Soul” volumes 1 e 2. Em 1973, o músico já era uma referência: influenciou e fez arranjos para outros artistas da Etiópia e tocou com Duke Ellington, durante turnê do músico norte-americano no Egito.

Os anos 80, no entanto, foram ruins pra Etiópia e para Mulatu. Enquanto guerras e fome devastavam o país, a obra do músico caía vertiginosamente em esquecimento para o resto do mundo. A redescoberta começou no final dos anos 90, quando o lançamento da série de coletâneas “Ethiopiques” – sucesso entre os DJs e ouvintes de prestígio, como o cineasta Jim Jarmush – desencadeou um processo de culto tardio: os álbuns foram relançados, “Flores Partidas” amplificou o interesse e o maestro reapareceu pra fazer shows e gravar. Em 2010, ele lançou o disco “Mulatu Steps Ahead”, mais de 30 anos depois sem um trabalho solo. E em 2009 registrou uma parceria com a banda inglesa The Heliocentrics no disco “Inspiration Information”. Ambos os trabalhos saíram pela gravadora Strut Records e esta onda de redescoberta atravessou todos os mares até desaguar influências no Brasil.

“Conheci Mulatu quando ouvi a trilha sonora do filme de Jim Jarmush e fiquei ao mesmo tempo encantada e chocada por ter demorado tanto para conhecer essa maravilha – que soa, de alguma maneira, familiar com a nossa música: os afro-sambas, Moacir Santos”, diz a cantora Céu, que revela ter absorvido influências do maestro na faixa “Bubuia”, do seu disco“Vagarosa” (2009).

“Gostei de cara, pelos arranjos pra lá de bem feitos, que quebraram toda a ideia que eu tinha de música etíope: a dissonância constante, o baixo bem marcado, os metais certeiros e a grande influência da música latina”, acrescenta Jorge Du Peixe, vocalista da Nação Zumbi. Outros, tem o privilégio de conhecer a obra desde os anos 70.

“Escuto muita coisa ‘estranha’ desde quando meu pai foi à Alemanha Oriental, antes da queda do muro, e trouxe muita coisa de lá. Adoro o som do Mulatu: é jazz, pop, dançante. As melodias são quase sempre modais, em escalas orientais. Isso traz um ar sempre étnico, às vezes meio árabe, às vezes meio búlgaro”, explica André Abujamra.

É música para alma. Faz bem ao coração.

Como você criou o ethio-jazz?
Mulatu Astake: Foi há mais ou menos 40, 42 anos atrás. Eu estava vivendo nos Estados Unidos, entre Nova Iorque e Boston e Nova Iorque. Eu tinha o meu grupo e estávamos experimentando, pegávamos a música etíope e fazíamos a fusão com o jazz. Se você toca música etíope, ela é sempre baseada em um conjunto de escalas de cinco notas, o ethio-jazz é cinco contra as doze da escala ocidental. Para manter a atmosfera do som, eu sempre tenho que tomar cuidado para manter as cinco notas dominando, lá em cima.

Visto isto, mãos à obra em busca de cultura musical:

Primeiro, baixe o disco Mulatu of Ethiopia (1972) e o Ethiopiques 4 (1969-1974 – coletânea lançada em 1998)

Segundo, Converter FLAC para MP3 no Mac: Como Fazer – apenas no caso do Mulatu of Ethiopia.

Tudo isso, com banda larga de 30 MB, e baixando o disco via uTorrent e o programa via link, levou apenas alguns minutos. Escrevi este post escutando o Jazz Etíope! Chic, non?  So :)


Lançamentos Musicais de 2013

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Bruno Souto - Estado de Nuvem

Estado de Nuvem – Bruno Souto (download gratuito em www.brunosouto.com)

Conversa puxa conversa, lista puxa lista: 10 Melhores Filmes de 2013 e Resenhas de Livros Lidos em 2013. Desta feita, para completar o trio — “Amor salva o dia, Música, Filme e Livro salvam a vida” — vamos listar Lançamentos Musicais de 2013. É bom conhecer as novidades: muitos lançamentos são de estreantes. Geralmente, “o primeiro disco a gente não esquece”… E se ele tiver feito sucesso de público, torna-se uma armadilha de repetição difícil de escapar quando se vai gravar o segundo disco. Por isso, gosto sempre de escutar as estreias musicais!

A ordem é aleatória. Tentei manter os links para baixar (download), encontrados em blogs musicais aos quais agradeço a divulgação cultural gratuita.

Inspirado no conto “Malagueta, Perus e Bacanaço” do livro homônimo do escritor João Antônio, o disco nasceu como homenagem aos 50 anos do lançamento. Entre causos, códigos e personagens, somos apresentados aos três malandros que vagam na noite paulistana pelos salões de sinuca em busca de jogo. Um relato tipicamente paulistano, cru, cinzento e pouco esperançoso, onde a cidade é pano de fundo e personagem da trama que envolve seus protagonistas.

Thiago França: sax tenor, alto, soprano, flauta, pocket piano (3)
Anderson Quevedo: sax barítono
Amilcar Rodrigues: trompete, flughel
Didi Machado: trombone
Welington “Pimpa” Moreira: bateria, percussão
Marcelo Cabral: baixo
Rodrigo Campos: cavaquinho, guitarra (2, 4, 6, 7) violão (5, 10), locução (6), voz (10)

Kiko Dinucci: guitarra (2, 6, 8, 9), voz (3), violão (3, 7), percussão (10)

participações especiais:
Daniel Ganjaman: hammond (2, 6)
Rodrigo Ogi: voz (3)
Juçara Marçal: voz (7)
Romulo Fróes: locução (9)
Maurício Pereira: locução (11)

1. Malagueta, Perus e Bacanaço (Thiago França)
2. Picardia (Bacanaço) (Thiago França, Rodrigo Campos, Marcelo Cabral)
3. Caso do Bacalau (Kiko Dinucci, Rodrigo Ogi)
4. São Paulo de Noite (Thiago França)
5. Tema do Carne Frita (Thiago França)
6. Nostalgia (Perus) (Thiago França)
7. Na Multidão (Kiko Dinucci, Romulo Fróes)
8. Bolero de Marly (Thiago França)
9. Fome (Malagueta) (Thiago França)
10. Vila Alpina (Rodrigo Campos)
11. De Volta à Lapa (Thiago França)

Metá Negra

CDMETANEGRAS

Um grande encontro entre duas das menores big-bands do mundo: o trio Metá Metá (Juçara Marçal, Kiko Dinucci e Thiago França) tocou com a dupla Mulheres Negras (André Abujamra e Maurício Pereira) na Casa de Francisca (SP), em agosto de 2013. O áudio da apresentação foi postado pela Radiola Urbana. Clique aqui e baixe.

O blog musical Eu Escuto divulgou sua lista de 12 Álbuns Nacionais de 2013. Clique na capa que irá ao post do álbum, onde pode fazer o download. Não esta em ordem alguma de preferência e sim por lembrança. Eu (FNC) baixei já o Mustache & os Apaches – Mustache & os Apaches,  Vanguart – Muito Mais que o Amor, Gustavo Telles – Eu perdi o medo de errar, e Apanhador Só – Antes que Tu Conte Outra. Este foi escolhido como o Disco do Ano por Scream & Yell – Melhores do Ano do Guia da Folha. Outro que baixei: Boogarins – As Plantas Que Curam de uma banda de rock psicodélico de Goiânia no estado de Goiás que foi escolhida pelo Omelete como o Disco do Ano.

Vespas Mandarinas – Animal Nacional

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The Muddy Brothers – Handmade

Capa

Gustavo Telles – Eu Perdi o Medo de Errar

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Marcelo Gross – Use o Assento para Flutuar

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Boogarins – As Plantas que Curam

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Roudini & os Impostores – Eldorado

Roudini-e-Os-Impostores-Eldorado

Maglore – Vem Pra Rua

VPR-Capa

Mustache & os Apaches – Mustache & os Apaches

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Vanguart – Muito Mais que o Amor

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Tiago Iorc – Zeski

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Bandinha Di Dá Dó – Bandinha Di Dá Dó

CD DIDADO CAPA

Apanhador Só – Antes que Tu Conte Outra

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O disco abaixo foi lançado em 2012, mas só agora o conheci e acho que vale baixar!


Saulo Duarte e a Unidade (2012)

Uma pitada de carimbó. Uma dose farta de guitarrada. Adicione um toque brega da música romântica brasileira dos anos 70. Misture com o romantismo de Roberto Carlos, o poderoso suingue do violão de Jorge Ben e o pop de Paul McCartney. O resultado é o primeiro disco de Saulo Duarte e a Unidade, que tem produção de Carlos Eduardo Miranda e foi lançado pela YBmusic. Em fevereiro de 2010, Saulo Duarte (guitarra e voz), Klaus Sena (baixo), Beto Gibbs (bateria) e João Leão (teclados) se reuniram no estúdio Cambuci Roots para dar início às gravações do primeiro trabalho autoral da banda.

A maioria das composições tem assinatura de Saulo Duarte, com exceção de “Não vale a pena” (Saulo Duarte/Beto Gibbs), “Manda ela comprar um iglu” (Saulo Duarte/Klaus Sena/Beto Gibbs) e todos os arranjos são de autoria da banda. De fora, vêm as participações especiais de Vitor Colares do Fóssil (“Onze horas” e “Não vale a pena”), João Eduardo (“Nada pra depois”, “Não vale a pena”, “Meu sonho e você”), Felipe Cazaux (“Amor e otras cositas más”), Diogo Soares do Los Porongas e Daniel Groove (“Que Massa”) que dividem também a autoria da canção e Tulipa Ruiz (“Onze Horas”).

“Moro em São Paulo há três anos e meio [imigrante de Fortaleza] e a cidade talvez seja a principal influência do disco. As canções do disco são muito confessionais, de coisas que eu vivi e quase todas as canções foram compostas aqui. Há referência à ruas, bairros e até mesmo metrôs. A canção “Que Massa” foi feita pra São Paulo num hino de amor e ódio, reafirmação do sonho e certeza de que aqui cabe tudo isso”, complementa Saulo.

Clique aqui para baixar o álbum “Saulo Duarte e a Unidade”

“Saudade”, Selton (Anti Star / Tratore)

Um grupo de gaúchos forma uma banda na Espanha para tocar em praças e pagar as contas. É descoberta por um produtor italiano, que faz a ponte Barcelona / Milão, resultando no primeiro disco, “Banana à Milanesa” (2008), um apanhado de versões de canções italianas eleito por várias publicações do país como um dos grandes álbuns daquele ano. O segundo álbum, “Selton” (2010), primeiro de material próprio, traz canções cantadas majoritariamente em italiano (há versões em português no Soundcloud da banda), e conquista o público. “Saudade”, o terceiro disco, lançado no primeiro semestre de 2013, abre com uma versão empolgante da carta de intenções “Qui Nem Giló” (com participação de Arto Lindsay), clássico de Luiz Gonzaga. Entre canções em inglês, italiano e português, inclusive tudo junto, há pequenas pepitas como “Across The Sea” (com citação de “Marinheiro Só”), “Ghost Song”, “De Volta Para o Futuro” e “Un Ricordo Per Me”, que sugerem um choque de Clube da Esquina, baião, rock, Franz Ferdinand e Skank com uma forte dose de Beatles e Beach Boys, como se Liverpool e Los Angeles fossem colônias brasileiras. “Saudade” é daqueles discos para serem ouvidos na integra. Um dos grandes discos do ano. Eu (FNC) gostei muito!

Ouçahttps://soundcloud.com/selton
Preço em média: R$ 25

Bixiga 70 – Bixiga 70 (2013)…

Especial Melhores de 2013:
– Disco do Ano #1: “Fade”, do Yo La Tengo, por Cristiano Castilho (aqui)
– Disco do Ano #2: “Random Access Memories”, do Daft Punk, por Rodrigo Levino (aqui)
– Disco do Ano #3: “…Like Clockwork”, do QOTSA, por Mariana Tramontina (aqui)
– Disco do Ano #4: “Shaking the Habitual”, do The Knife, por Tiago Ferreira (aqui)
– Disco do Ano #5: “The Next Day”, de David Bowie, por Carol Nogueira (aqui)
– Disco do Ano #6: “Nocturama”, de Nick Cave & The Bad Seeds, por Gabriel Innocentini (aqui)
– Disco do Ano #7: “Dream River”, de Bill Callahan, por João Vitor Medeiros (aqui)
– Disco do Ano #8: “Foi no Mês Que Vem”, de Vitor Ramil, por Thiago Pereira (aqui)
– Disco do Ano #9: “Tooth & Nail”, de Billy Bragg, por Giancarlo Rufatto (aqui)
– Disco do Ano #10: “13″, do Black Sabbath , por Marcos Bragatto (aqui)

A revista Bizz está de volta no formato digital, apresentando um especial de Melhores do Ano “em três plataformas: tablets, smartphones e desktops. Multimídia, reúne não apenas artigos dos maiores críticos musicais brasileiros como vídeos, fotos, gifs, streamings e uma HQ”. O preço para lê-la na integra online é ótimo: R$ 4,99. Mas você pode conferir algumas reportagens especiais gratuitamente no site, como a votação de melhores do ano, compilada pelo jornalista José Flávio Júnior, que reuniu um júri de 38 votantes, que elegeu os 10 melhores discos nacionais e internacionais de 2013. Você pode, inclusive, montar a sua própria lista de Melhores do Ano. Há mais coisas, mas o melhor a fazer é fuçar por lá. Divirta-se:

http://bizz.abril.com.br

emicida.jpg

Site oficial: http://www.emicida.com/

Leia também:
– Os Melhores do Ano do Guia da Folha (aqui)
– Os Melhores do Ano do Omelete e da Red Bull (aqui)
– Uma playlist especial de canções de 2013 (aqui)
– APCA elege os Melhores de 2013 (aqui)



Indústria da Música

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Mercado de música

Daniele Madureira (Valor, 05/11/13) inicia sua matéria citando Niestzche. “Aquilo que não me mata, me fortalece” – a frase do filósofo alemão Friedrich Nietzche tem sido tão repetida desde o fim do século XIX que virou lugar comum, aplicável a qualquer situação. Em poucos casos, porém, seu uso parece tão apropriado como para descrever a situação atual na indústria da música.

No início da década passada, gravadoras e artistas começaram a ficar aterrorizados com a possibilidade de que a troca de música via internet, por meio de arquivos digitais, enterrasse seu negócio. O temor se revelaria justificado. Em 13 anos, a receita do setor no Brasil foi reduzida de US$ 1,3 bilhão – recorde estabelecido em 1999 – a um quinto desse valor no ano passado, ou US$ 257 milhões. A boa notícia é que em 2012 as vendas mundiais de música cresceram pela primeira vez em mais de uma década, numa reversão iniciada um ano antes no Brasil. E qual o nome do salvador da pátria? A internet.

O que fez a web ir de vilã a heroína é a diversidade de modelos pagos, que substituíram, ao menos parcialmente, a troca ilegal de arquivos entre os usuários, com a qual as gravadoras não recebiam um tostão.

Um modelo em particular ajudou nessa recuperação – o “streaming, pelo qual o usuário ouve a música, sem precisar comprar o arquivo. Isso abriu caminho para serviços de assinatura digital, como Spotify, Deezer e Napster, além de rádios virtuais, como Rdio e Lastfm. Em média, por R$ 15 mensais, o consumidor ouve suas faixas favoritas pelo smartphone, tablet ou computador, quando e onde quiser.

Nesses tempos em que o consumidor está constantemente em movimento, mas igualmente conectado à web, os serviços por assinatura deram fôlego à indústria fonográfica. A receita global no ano passado, de US$ 16,5 bilhões, representou uma alta de apenas 0,3% em relação a 2011, mas foi o primeiro avanço desde 1998. “Esse é o futuro da música; a maioria das pessoas não quer mais deter a faixa“, disse José Antônio Éboli, presidente da Universal Music.

Quem prefere fazer o download e ter a propriedade da faixa, também ganhou opções mais seguras que os sites de troca de arquivos entre usuários, nos quais são comuns riscos como vírus. Lojas de música digitais, como a iTunes, da Apple, e a da Amazon, cobram em média R$ 2 a faixa. Além disso, há serviços específicos para celular, como os ringback tonesa música que o usuário ouve no aparelho enquanto espera para ser atendido. O modelo virou febre no Brasil e atraiu as grandes operadoras. Na TIM, o usuário paga R$ 0,50 por dia para ter acesso a quantas canções quiser. Nos últimos seis meses, segundo a operadora, foram feitos 13 milhões de downloads.

Sob esses modelos de negócio, as empresas pagam às gravadoras pelo direito de compartilhar as músicas com os usuários. É bem diferente dos primeiros tempos, em que as versões piratas de CDs ou DVDs eram vendidas nas ruas, agravando o impacto da troca ilegal de arquivos via internet. “O cenário era catastrófico”, disse Éboli que, em 1999, era presidente da Sony Music no Brasil. “A gente fazia corte de pessoal o tempo todo, cheguei a ficar doente”.

O precursor de todo esse movimento foi a iTunes – mais uma realização póstuma do Steve Jobs. A loja virtual da Apple mostrou-se o complemento ideal para equipamentos que a companhia lançou para reproduzir música, entre outras tarefas, incluindo o iPod, o iPhone e o iPad. A Apple é hoje a maior cliente de todas as gravadoras.. O salto foi obtido ao permitir que o consumidor comprasse faixas independentes, por preços individuais, em vez de álbuns inteiros.

A participação da venda digital nos negócios da Universal, que no ano passado incorporou a EMI, atualmente é de 33%. Até 2017, a expectativa é que a fatia chegue a 48%. A previsão é que a venda física caia dos 46% atuais para 24% em 2017. O restante virá de licenciamento (quando a música é executada em ambientes públicos) e de novos negócios, como o serviço de agenciamento de artistas.

Na Sony Music, as vendas digitais vão representar 40% do faturamento neste ano, segundo o vice-presidente de novos negócios, Claudio Vargas. “Em 2012, o digital cresceu acima de 50% e, para este ano, esperamos um avanço de 30%”, disse Vargas. A expectativa da Sony é que, até 2015, metade das vendas sejam do meio digital.

Na Som Livre, das Organizações Globo, o meio digital cresceu de 17% em 2012 para 35% das vendas neste ano. De acordo com a gerente de novos negócios da Som Livre, Michelle Xavier, boa parte dessa demanda vem do celular. “Hoje, o ‘ringback tone’ representa, sozinho, mais de 20% do mercado digital brasileiro, graças ao celular pré-pago“, afirmou Michelle. Entre os maiores sucessos da Som Livre no meio digital estão Luan Santana, Sorriso Maroto e Michel Teló. Esse último foi, em 2012, o intérprete da sexta música mais copiada do mundo – “Ai se eu te pego” – com 7,2 milhões de downloads. Quantidade nunca foi qualidade…

A reação do setor fonográfico não está só na música que “se ouve”, mas também na música que “se vê”. Em 2009, a Sony e a Universal criaram o Vevo, um site de vídeos para artistas das duas gravadoras. Os clipes do Vevo podem ser vistos no YouTube, onde são acompanhados de anúncios. “O Brasil é sempre o segundo ou terceiro maior mercado para o Vevo”, disse Vargas. Por mês, o país responde por 300 milhões de visualizações.

Os reality shows” de música tornaram-se uma fonte importante de recursos para o setor fonográfico. Programas como “The Voice”, “The X-Factor” e “American Idol” visam revelar novos talentos com a chancela do público. Durante semanas, os espectadores acompanham a jornada dos competidores, votando em seus preferidos. O resultado permite às gravadoras saber qual o gosto do público, reduzindo o risco de lançar novos artistas, no caso, os vencedores do concurso.

A popularidade desses programas é tanta que a loja de música da Apple, o iTunes, põe à venda as canções de maior sucesso da competição. Muitas vezes, o “calouro” supera o intérprete oficial. Foi o que aconteceu com Sam Alves, participante da versão brasileira do “The Voice“, que está no ar na Rede Globo. No início de outubro, Alves cantou “When I was your man“, que embala o romance dos personagens Bruno e Paloma na novela Amor à Vida, da Rede Globo. “A canção ficou em primeiro lugar no iTunes, enquanto a gravação do [intérprete original] Bruno Mars ficou em oitavo”, afirmou José Antônio Éboli, presidente da Universal Music. “É uma questão emocional: a compra de música ocorre por impulso”, disse Éboli.

A Universal é a gravadora oficial do programa e, neste ano, começou a vender algumas faixas pelo iTunes. “Das 10 primeiras músicas mais vendidas do site, quatro ou cinco são do The Voice“.

Não é fácil saber o que o público quer. Com 9 milhões de unidades vendidas em 2012, o Brasil é o maior mercado mundial de DVDs de música, mas o [mau] gosto é variado. No ano passado, por exemplo, os três títulos mais vendidos foram os DVDs da premiada cantora britânica Adele, seguida da Galinha Pintadinha, um fenômeno infantil, e do Padre Marcelo Rossi. rs, rs, rs ou snif, snif, snif?

PS:

(Re)descobriram a pólvora! Finalmente!

WSJ.com/Brasil (13/12/13) informa que “a música é um fator que pode manter clientes felizes e transitando por horas entre as araras de uma loja – ou levá-los a sair correndo num acesso de raiva.”

Os varejistas, que estão acordando para o poder que a música ambiente tem de transmitir a mensagem de uma marca e inspirar os consumidores a gastar, começaram a inovar na forma como montam a lista de músicas de cada loja.

As grandes redes estão se voltando para especialistas como a Mood Media e a PlayNetwork, ambas americanas, para criar listas de música que correspondam aos valores e à estética de design da marca e ao estilo de vida de seus clientes.

A música ambiente da rede varejista de roupas e acessórios Gap tem como objetivo capturar “o otimismo, a democracia e o individualismo”, com artistas como Rihanna e o grupo Fun, diz sua diretora de engajamento global do consumidor e parcerias.

Fazer compras com música ambiente provoca a liberação de dopamina, que proporciona uma sensação de prazer e ajuda a aumentar o foco. “Isso pode deixar as pessoas num humor mais generoso”, diz Daniel J. Levitin, professor de Psicologia e Neurociência Comportamental.

Por exemplo, a Levi’s estava à procura de música para ajudar a tecer a história de cowboys e mineração da marca em suas lojas. Mas, com uma ampla faixa etária em sua base de consumidores, surgiu uma pergunta: Qual música encarnaria o “espírito pioneiro”, tanto para adolescentes quanto para as pessoas que têm comprado a Levi’s por 50 anos?

A PlayNetwork fez um “mergulho profundo” na marca, sua cultura e o estilo de suas lojas. A Levi’s identificou algumas músicas que representavam seus valores. Em julho, a eclética lista tocada em suas lojas incluiu Otis Redding, Lou Reed, blues, músicas no estilo das grandes bandas dos anos 40 e lançamentos de 2013.  São músicas atemporais e espera que as pessoas reconheçam a autenticidade delas.


Dicas do Trio Música-Literatura-Filme

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Prezados seguidores,

acho fantástico estarmos vivendo a revolução tecnológica que permite acesso farto e barato aos três maiores prazeres individuais, que “salvam a vida”, além de carpem-die. Lembremos que “amor salva o dia, música salva a vida”!

O problema deixa de ser dificuldade de acesso e passa a ser o de conseguir dicas ou informações para desfrutar da riqueza cultural disponível. Por exemplo, achei no Spotify a fantástica cantora de músicas iidiche (língua germânica das comunidades judaicas da Europa central e oriental, baseada no alto-alemão do século XIV, com acréscimo de elementos hebraicos e eslavos; ídiche, judeo-alemão) — Chava Alberstein –, que canta na abertura do filme Free Zone (veja acima). Outra pérola que descobri é o grupo The Tiger Lillies que canta Circus Songs (leia ficha abaixo). Uma novidade, que vem da Bielorrússia, é Серебряная Свадьба. O mundo cultural é diverso!

Músicas no Spotify (US$ 6), filmes / documentários / séries de TV no Netflix (R$ 16,90) e livros e-pub (“de grátis”! Veja em Favoritos na aba acima).

Minha sugestão é trocar sua assinatura de jornal impresso (R$ 89,90), cujos colunistas antipetistas só “enchem-o-saco”, por digital (R$ 29,90) e utilizar essa economia de R$ 60 para pagar esses serviços de streaming (~R$ 30).

Consultoria de economista, novamente, “de grátis” :) :

Ingresso em Cinema, p.ex., Patio Higienopolis – São Paulo

Inteira
2ª e 3ª: R$ 21,00 (matinê) – R$ 23,00 (noite)
4ª: R$ 20,00 o dia todo
5ª: R$ 23,00 (matinê) – R$ 26,00 (noite)
6ª,Sab.,Dom. e Feriados: R$ 23,00 (matinê) – R$ 26,00 (noite)

Cinemark 3D
2ª e 3ª: R$ 29,00 o dia todo
4ª: R$ 29,00 o dia todo
5ª: R$ 31,00 o dia todo
6ª,Sab.,Dom. e Feriados: R$ 31,00 o dia todo

Suponhamos que você vá com sua “cara-metade” uma vez por semana no fim-de-semana: 52 X R$ 26 X 2 = R$ 1.352 X 2 = R$ 2.704

O JK Iguatemi oferece a serviço de manobrista. PREÇO: Até uma hora: R$18,00. Horas adicionais: R$ 10,00 cada.52 X R$ 28 = R$ 1.456

Soma R$ 4.160, isto dispensando o valet (e cortando outros gastos extras), mas substituindo-o por estacionamento simples ou outro meio de transporte (taxi).

Preço de uma TV no Walmart: Smart TV LED 3D Samsung UN46FH6203GXZD 46″ Full HD HDMI Função Futebol

De: R$ 2.299,00 Por R$ 1.998,00 10 x de R$ 199,80 sem juros

Para assistir Netflix, ler ebooks e ouvir Spotify, quando e onde quiser, iPad mini com tela de retina wi-fi com 16 GB, pois acessará tudo via “nuvem” e/ou streaming: R$ 1.350

Vale investir também em um Apple TV: R$ 399

O AirPlay reproduz remotamente o que estiver no seu dispositivo (iPhone ou iPad mini) com iOS na sua TV HD e caixas de som, via Apple TV. Também espelha exatamente o que estiver na tela do seu dispositivo móvel na tela da TV. O AirPlay e a Apple TV reproduzem tudo na sua TV. Conecte o seu dispositivo e a Apple TV na mesma rede Wi-Fi para que o ícone do AirPlay apareça automaticamente. Depois é só dar um toque no AirPlay em um determinado app, como no Spotify ou qualquer outro app compatível com AirPlay, para que tudo seja reproduzido na sua TV HD, via Apple TV. Um jeito simples e prático de reproduzir o que você quiser na maior tela e no melhor sistema de som da casa com cinco canais do Home Theater. No Apple TV você capta diretamente o Netflix.

Assinatura Net Virtua 30 Mbps no Combo: R$ 89,90 X 12 = R$ 1.080

Custo de um filme no Netflix por dia: R$ 0,56.

Acesso de diversidade de filmes / documentários / séries de TV no Netflix: incomparável.

Além da fartura do Netflix e ebooks, estou que “nem criança em loja de brinquedos” no Spotify.

Por exemplo, montei facilmente três playlists de músicas de gêneros que aprecio, mas incluindo alguns ótimos artistas que eu não conhecia e o Spotify sugere. Essa radio streaming tem excelentes playlists prontas em todos os gêneros musicais.

Se quiserem escutar minhas playlists no Spotify coloquem em “buscar / pesquisar” as seguintes palavras chaves (em negrito):

cabaret: um cabaré é um local destinado a shows com mulheres. Pode ser também uma boate ou uma casa noturna com apresentações sensuais de go-go-girls. Eram estabelecimentos muito populares na França da Belle Époque, quando se constituíam na forma preferida de entretenimento das camadas sociais mais abastadas, com diversos tipos de apresentações artísticas, inclusive a ópera. Entre outros artistas (click no link) destaco The Tiger Lillies:

    The Tiger Lillies são uma extraordinária banda de três pessoas com um grande culto de seus fãs em Londres. Eles são liderados pelo cantor Martyn Jacques que foi treinado como um cantor de ópera, com uma voz estilo castrati de beleza comovente. Vive sozinho encima de uma boate de strip-tease no Soho há sete anos. Acompanhado pelo baterista Adrian Enorme, cuja aparência foi descrito por David Byrne como o James Joyce da bateria, e o contrabaixista Adrian Stout, Jacques toca acordeão e canta selvagens e apaixonadas canções sobre prostitutas, viciados em drogas e perdedores. Sua voz se eleva e rosna como fosse um homem possuído.

    Ken Campbell descreveu-o como “o criminoso castrati“, e com o seu estilo de vestir tal como Charles Dickens, longo pigtail e chapéu-coco, suas letras corrosivas e sua voz surpreendente, o tempo todo cantando com os olhos fechados, ele faz uma impressão indelével na memória de quem o assistiu. Jacques canta sobre a vida no subterrâneo [bas-fond] da Grã-Bretanha contemporânea com a voz de um anjo.

    A música é uma mistura surpreendente de ópera, música cigana e margem esquerda de Paris, mas o que realmente diferencia esta banda de qualquer outra é a carga emocional e paixão crua da entrega. Porque eles são impossíveis de classificar, a banda ainda não tinha um grande sucesso comercial, apesar de ter sido destacada por David Byrne, com performances no South Bank, bem como festivais e turnês estrangeiras. Mas esse ostracismo não irá durar por muito tempo como sua reputação se espalhando muito rapidamente na cultura de arte.

    The Dresden Dolls

  • The Tiger Lillies
  • Marlene Dietrich
  • Vermillion Lies
  • Liza Minnelli
  • Evelyn Evelyn
  • Серебряная Свадьба
  • Ute Lemper

in-dub-itável: que não pode ser objeto de dúvida; certo, incontestável, indiscutível, ou seja, o melhor do dub! O dub é caracterizado por ser uma versão de músicas existentes, tipicamente enfatizada pelas batidas da bateria e as linhas arrojadas de baixo. As trilhas instrumentais são saturadas de efeitos processados (delay e reverb) aplicados a pedaços da letra e em algumas peças da percussão, enquanto os outros instrumentos passeiam entrando e saindo da mixagem, e algumas vezes do tempo da música. Uma outra característica do dub é o baixo encorpado com tons bem graves. A música incorpora, além de efeitos processados, outros ruídos como cantar de pássaros, trovões e relâmpagos, fluxo de água, e algumas inserções de vocais externos; pode ser mixada ao vivo por DJs, aumentando o grau de detalhes sonoros. Entre outros:

áfrica: raizes da música: A África é um continente com vários tipos de diversidade étnica, cultural e linguística. Uma descrição da música africana é quantidade de variedade de expressões.Existem semelhanças regionais entre grupos desiguais, assim como as tendências que são constantes ao longo do tempo do continente africano. A música da África é tão ampla e variada como as muitas regiões da África. A música do Norte de África e partes da região do Saara, têm uma ligação à música européia e oriental mais que da metade da África sub-saariana que de certa forma deu inicio influenciando e sendo influenciada por variados estilos musicas tais como samba, blues, jazz, reggae e rap inspirados nas tradições africanas dos escravos transferidos a diferentes pontos do mundo em relações comerciais, com retorno de escravos livres e comerciantes.

http://www.youtube.com/watch?v=-vOUnyTySKA

Amauri Stamboroski Jr. e Henrique Porto (G1) escreveram o seguinte post que orienta a seleção:

“Boa parte da música popular do ocidente tem alguma forma de influência direta ou indireta da África. O violento tráfico de escravos para as Américas levou também ritmos tradicionais que deram vida a estilos variados, do blues ao samba, passando pelo jazz, salsa, rumba e dezenas de outros gêneros.

Apesar disso, poucas pessoas fora do continente africano sabem o que é um likembé, uma morna ou um highlife. O G1 listou 15 álbuns para conhecer a música africana. Do mais tradicional ao mais moderno, a lista é um passeio por gêneros como o afrobeat e o kuduro, e destaca nomes importantes para a música do continente, como Fela Kuti, Ali Farka Touré e Miriam Makeba.

A lista foi elaborada a partir do livro “The Rough Guide to World Music – Africa”, um dos melhores volumes sobre música africana disponíveis. Com o espaço limitado para falar da música de um continente com 1 bilhão de habitantes e 54 países, artistas e gêneros importantes ficaram de fora – da Orchestra Baobab à Angelique Kudjo, do raï ao soukous.

Confira abaixo a lista completa

Miriam Makeba -

Miriam Makeba – “Pata pata”

Apelidada de Mama África, a cantora sul-africana Zenzile Miriam Makeba tornou mundialmente conhecida a música do país depois do hit “Pata pata” — também registrada por Daúde e Carlinhos Brown em 1997.

Gravada originalmente em 1956, a música só estourou mesmo em 1967, quando uma compilação homônima foi lançada. O álbum tem um pouco de todos os estilos que consagrariam a cantora como uma das mais importantes do continente. Há faixas em inglês (como a balada “What is love” e “West wind”, que remete ao estilo de Nina Simone), em português (“Adeus, Maria Fulô”, parceria de Sivuca e Humberto Teixeira) e nos idiomas locais (caso de “Jol’inkomo” e da própria “Pata pata”).

Assim como Fela Kuti, Makeba foi uma intensa ativista política, o que lhe custou um exílio de 30 anos. A cantora era dada como atração certa na abertura da Copa do Mundo da África do Sul, mas faleceu em novembro de 2008, aos 76 anos.


Mulatu Astatke -

Mulatu Astatke – “Mulatu of Ethiopia”

Primeiro africano a se formar na Berklee College of Music, em Boston — de onde saíram vários jazzistas americanos —, o etíope Mulatu Astatke é o artífice por trás do que se convencionou chamar de Ethio Jazz, uma mistura da música tradicional etíope com o jazz americano.

Esta combinação resultou no álbum “Mulatu of Ethiopia”, de 1972, o primeiro que trouxe as melodias hipnóticas que caracterizam sua obra, mais distantes da pegada caribenha de suas primeiras gravações em território norte-americano.

Apesar de sua música ser eminentemente instrumental, com suas (poucas) canções espalhadas ao longo dos (poucos) álbuns, e consequentemente menos acessível ao grande público, Mulatu teve sua obra redescoberta em 2005, quando quatro de suas músicas foram incluídas na trilha do filme “Flores partidas” (“Broken flowers”), de Jim Jarmusch.


Manu Dibango -

Manu Dibango – “Soul makossa”

O cosmopolita saxofonista Manu Dibango é considerado o “embaixador musical de Camarões”. O músico já morou na França, Bélgica, Congo e Costa do Marfim, mas nunca abandonou suas raízes camaronesas, e ainda é amado no seu país natal.

Misturando o funk norte-americano com a makossa, ritmo pop camaronês, Dibango ajudou a criar a disco music moderna com sua faixa “Soul makossa”, de 1972. A batida hipnótica chamou a atenção do DJ David Mancuso, e a música virou um dos maiores hits do Loft, casa noturna responsável pela explosão disco em Nova York.

Durante as décadas seguintes, Dibango passou a ter um papel ainda mais importante na world music, tocando com MCs britânicos, grupos cubanos e bandas de salsa. Sua “Soul makossa” também seguiu sendo redescoberta de tempos em tempos, sampleada por Michael Jackson (em “Wanna be startin’ something”) e mais recentemente por Rihanna em “Don’t stop the music”.


The Masters Musicians of Jajouka -

The Master Musicians of Jajouka – “The pipes of Pan at Joujouka”

Tocando apenas flautas e percussão, esse grupo de músicos faz parte de uma tradição centenária de música de transe sufi (vertente mística do islamismo). Escondidos na vila de Jajouka (ou Joujouka) em uma região montanhosa do norte do Marrocos, os músicos passam a arte de pai para filho.

O mundo ocidental começou a conhecer a tradição a partir dos relatos de escritores beats que visitaram a região nos anos 50, como William Burroughs e Brion Gynsin. Em 1968 Brian Jones, dos Rolling Stones, gravou pela primeira vez o grupo, mas o disco só foi lançado em 1971, após a sua morte.

O grupo se dividiu em dois após a morte do líder Hadj Abdessalem Attar. A versão liderada por Bachir Attar, filho de Hadj, ganhou as bênçãos do mundo pop e já gravou com artistas como o papa do free jazz Ornette Coleman, o guitarrista do Sonic Youth Lee Ranaldo e também com os Rolling Stones, na faixa “Continental drift” de 1989.


Vários artistas - 'The Rough Guide to highlife'

Vários artistas – “The Rough Guide to highlife”

Nascido após a Segunda Guerra de uma mistura de música caribenha, swing e ritmos locais de Gana como o osibisaba, o highlife é um dos gêneros mais representativos da música da África ocidental.

Inicialmente tocado por big bands parecidas com os grupos de jazz norte-americanos, o highlife incorporou as guitarras elétricas nos anos 60, em um estilo clean e facilmente identificável, sempre acompanhado da percussão dançante. Mais tarde, nos anos 90, o gênero se fundiu com hip-hop e ragga, criando o “hiplife”.

A coletânea da série “Rough Guides” traz os artistas mais representativos das primeiras fases do estilo, com a orquestra de E.T. Mensah representando as “bandas dançantes” de highlife e grupos como Nana Ampadu & the African Brothers apresentando a fase posterior, dedicada às guitarras.


Fela Kuti - 'Roforofo fight'

Fela Kuti – “Roforofo fight”

Multi-instrumentista, produtor, arranjador e ativista político, o nigeriano Fela Anikulapo Ransome Kuti foi o pioneiro do Afrobeat, estilo que funde jazz, funk e psicodelia aos tradicionais cânticos africanos. Entre incursões pela Europa, África e América, lançou quase 70 álbuns em 30 anos de carreira.

Um dos destaques de sua discografia é “Roforofo fight “, de 1972, que traz a essência do Afrobeat em quatro longuíssimas faixas — uma característica de sua obra. Percussão, metais e riffs de guitarras repetidos à exaustão fazem contraponto ao chamado “call-and-response” (“chamada e resposta”), entre voz principal e coro.

Sua conturbada vida pessoal lista algumas curiosidades: casou-se com 27 mulheres em uma mesma cerimônia; foi candidato à presidência da Nigéria; e foi preso ao desafiar o regime político corrupto do país. Fela Kuti morreu em 3 de agosto de 1997, aos 59 anos, em consequência de complicações decorrentes da aids.


Vários artistas - 'The indestructible beat of Soweto'

Vários artistas – “The indestructible beat of Soweto”

Esta compilação de 12 faixas gravadas na primeira metade da década de 80 ganhou notoriedade por vários motivos: serviu de inspiração para “Graceland”, e Paul Simon; introduziu artistas dos guetos de Johanesburgo e Durban, como Mahlathini e Moses Mchunu, ao mainstream da música internacional; e apresentou ao mundo o gênero africano mbaqanga — um estilo popular, baseado em guitarrras ritmadas e sinuosas linhas de baixo.

O grupo vocal Ladysmith Black Mambazo, que mistura um pouco da tradição gospel americana à essência do canto original africano, também foi revelado graças à canção “Nansi imali”, incluída na coletânea — o conjunto acabou sendo convidado por Simon para participar de “Graceland” posteriormente.

“The indestructible beat of Soweto” fez tanto sucesso que chegou a ser reeditado várias vezes. Também deu origem a volumes posteriores, numa série batizada “The indestructible beat”, lançado pelo selo Earthworks.


Drummers of Burundi - 'Drummers of Burundi'

Drummers of Burundi – “Drummers of Burundi”

O pequeno país de Burundi, encravado entre a República Democrática do Congo e a Tanzânia, mantém um dos mais tradicionais grupos percussivos do mundo.

Tradicionalmente ligados à realeza local, os Drummers of Burundi (nome que o grupo ganhou quando saiu em turnê pela Europa nos anos 80) pertencem a uma casta de músicos que se apresentam apenas em ocasiões especiais.

Os espetáculos incluem apenas dança e percussão, onde os músicos se reúnem em um semicírculo tocando seus tambores feitos de troncos de árvores e se revezando para tocar um tambor maior, no centro do palco.

As apresentações são tão intensas que nunca ultrapassam 40 minutos de duração, e já levaram o grupo ao redor do planeta. Eles serviram de inspiração para a criação do festival WOMAD, um dos principais eventos de world music, e já gravaram com artistas como Echo & The Bunnymen e Joni Mitchell.


Paul Simon - 'Graceland'

Paul Simon – “Graceland”

Paul Simon é um artista norte-americano, mas não há como ignorar a belíssima reverência à música africana feita pelo cantor neste disco de 1986. O repertório conta com 11 canções, todas gravadas em parceria com músicos da África da Sul, Senegal, Nigéria, Malawi e Zimbabwe.

O que talvez seja o seu trabalho mais eclético — incluindo aí os anos ao lado de Art Garfunkel, com o qual formou a dupla folk Simon & Garfunkel nos anos 60 — é também considerado um dos pilares do que foi convencionado chamar de “world music”. Vendeu 14 milhões de cópias e ganhou o Grammy de Álbum do Ano de 1986, entre outros prêmios.

O maior êxito de “Graceland” é o equilíbrio entre a sonoridade pop e os elementos musicais africanos, como vocais à capella, percussão e bases de acordeon, afora participações especiais de Miriam Makeba (em “Under african skies”) e Ladysmith Black Mambazo (em “Diamonds on the soles of her shoes”), entre outros artistas africanos.

O próprio Simon diria mais tarde que considera a faixa-título a melhor música que já compôs.


Ali Farka Touré - 'The source'

Ali Farka Touré – “The source”

Com sua voz anasalada e seu estilo único na guitarra, o músico malinês é considerado o “John Lee Hooker africano”. Touré trouxe o blues de volta às raízes africanas, fundindo o estilo com músicas típicas do caldeirão de ritmos que é o Mali – entre a África equatorial, o Saara e o Atlântico.

Touré se tornou um dos músicos africanos mais conhecidos em todo o mundo, e colaborou com artistas ocidentais como Ry Cooder e os Chieftains.

“The source”, gravado com participações do guitarrista norte-americano Taj Mahal em 1993, é um bom início para a música de Touré. Blues mais formais, como em “Mahini me”, se misturam com faixas mais próximas da de estilos árabes, como “Goye kur”, criando um novo mapa para a música de origem africana.


Cesária Évora -

Cesária Évora – “Sodade – Les plus belles mornas de Cesária”

A cantora de 68 anos já cantava a melancolia dos amores desfeitos e o isolamento do arquipélago de Cabo Verde, onde nasceu, antes mesmo de completar 20 anos. Não à toa transformou-se na rainha da morna, o equivalente africano ao blues norte-americano ou ao fado português.

Como o próprio título sugere, a “diva dos pés descalços” — maneira como sobe ao palco, em solidariedade aos sem-teto e às mulheres e crianças pobres de seu país — reúne nesta coletânea lançada em 1995 algumas de suas mais belas mornas, com destaque para a faixa-título, “Destino negro” e “Separação”. Ao ouvi-lo, Caetano Veloso declarou Cesaria uma das cantoras mais influentes do mundo.

A relação com o Brasil, aliás, é bastante estreita: já gravou com o próprio Caetano, com Marisa Monte e Gal Costa. Além disso, já se apresentou no país por diversas vezes. Na primeira, em 1994, realizou um sonho: conheceu pessoalmente a veterana cantora carioca Ângela Maria, de quem é fã desde a adolescência.

Aos 68 anos, e mesmo depois de um AVC (acidente vascular cerebral) ocorrido durante turnê pela Austrália, em 2008, prossegue como uma das vozes mais representativas do continente africano.


Konono No 1 - 'Congotronics'

Konono Nº 1 – “Congotronics”

Liderado pelo octagenário Mawangu Mingiedi, o coletivo de Kinshasa comanda festas na periferia da capital da República Democrática do Congo ao som de seus likembés (espécie de pianos de dedo, parentes da kalimba) amplificados artesanalmente.

Nascido próximo da fronteira com Angola em uma vila do grupo étnico bazombo, Mingiedi adaptou a música tradicional com a qual cresceu para o som do grupo.

Além de tocarem com artistas como Björk e Herbie Hancock, eles influenciam a música local, e já se tornaram sinônimos de banda de festa. “As pessoas falam, ‘fulano vai casar, a gente tem que contratar um konono’. Por isso somos o Konono Nº 1, somos os primieros”, explica Mingiedi em uma reportagem da revista “The Wire” em abril deste ano.


Tinariwen - 'Aman iman'

Tinariwen – “Aman iman”

Misturando rock ocidental com ritmos tradicionais da região do deserto do Saara, os tuaregues do Tinariwen (“Desertos”, em Tamashek) usam a música como arma de resistência. O Tinariwen é uma criação de Ibrahim Ag Alhabib, músico nômade que viveu na região saariana de diferentes países do norte africano e que montou a banda para tocar em casamentos e festejos no início dos anos 80.

Influenciado por artistas como Jimi Hendrix e Santana, Alhabib foi um dos inventores do som moderno dos tuaregues, conhecido localmente como “guitar”. Ele também é um rebelde a favor da causa tuaregue, povo nômade do sahel (área entre as florestas equatoriais e o deserto do Saara) oprimido por diferentes ditaduras da região – membros do grupo já lutaram contra governos da Líbia, Mali e Algéria nos anos 80 e 90.

Celebrado por artistas como Thom Yorke (Radiohead) e Bono (U2), o grupo ultrapassou a fama no circuito da world music com o disco “Aman iman” (“Água é vida”), de 2007, com suas guitarras roqueiras – às vezes cheias de efeitos, como em “Assouf” – e vozes únicas, entre o lamento e a celebração.


Amadou e Mariam - 'Welcome to Mali'

Amadou & Mariam – “Welcome to Mali”

Naturais de Mali, Amadou Bagayoko e Mariam Doumbia formam uma dupla de músicos cegos. Ela canta. Ele toca guitarra. Ficaram conhecidos por misturar uma incrível quantidade de estilos, que vão desde o blues típico de seu país até ritmos cubanos, egípcios e indianos. A partir dos anos 80, tornaram-se um dos projetos musicais mais influentes, originais e criativos da África Ocidental.

O álbum “Welcome to Mali” foi considerado um dos grandes lançamentos do ano de 2008. Produzido por Damon Albarn (Blur, Gorillaz), o disco traz 15 músicas que flutuam entre o pop contemporâneo e as raízes da música africana. Traz canções folk, mas sem dispensar elementos eletrônicos em parte do repertório. Foi considerado o disco do ano de 2008 pelo site “Metacritic”, que reúne resenhas e críticas especializadas em música, literatura, cinema, TV, games e artes.

Este ano, participaram do show de abertura da Copa do Mundo da África e lançaram a autobiografia “Away from the light of day”, publicada na Inglaterra pela Editora Route.


Vários artistas - 'Akwaaba sem transporte'

Vários Artistas – “Akwaaba sem transporte”

Criado nos anos 90 nos musseques (favelas) de Luanda por artistas como Tony Amado e Se Bem, o kuduro mistura a vertente mais acelerada da house music com ritmos locais como o kilipango e o semba. No início dos anos 2000, uma nova geração reinventou o estilo, adicionando elementos de hip-hop, ragga e música caribenha, revelando uma nova de geração de MCs.

O estilo chegou à Europa através da grande comunidade angolana de Portugal, e de lá ganhou o mundo, incluindo o Brasil – no carnaval de 2009 o grupo de samba duro baiano gravou uma faixa chamada “Kuduro”, em homenagem ao gênero.

Além das rimas, um dos elementos mais importantes do kuduro são as danças frenéticas com atenção especial nos quadris quase parados (daí o nome do estilo).

A compilação do selo francês Akwaaba Music é a primeira coletânea internacional de kuduro tipicamente angolano, trazendo alguns dos nomes mais importantes do gênero, como Puto Prata, Bruno M, Vagabanda, Noite e Dia e o DJ Killamu.”


Ciga-nos

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Mawaca_RUPESTRES_FLORIDO

Na minha convalescença de uma cirurgia do menisco do joelho esquerdo, fiquei de molho nas últimas duas semanas, podendo só me locomover com muletas. Li muitos livros que se empilhavam na minha cabeceira. Suas resenhas aparecerão, gradualmente, sob forma de posts. Também vi dois ou três filmes por dia no Netflix. O terceiro prazer dos meus hobbies – livro, cinema, música – foi pesquisar e escutar músicas no Spotfy. Resultou em um playlist “Música do Oriente Médio” (usuário do Spotfy 12142604272).

Estimulado por essa viagem via literatura pela história e cultura de diversos países, tais como os da África, Oriente Médio e Índia, fui atraído pelo que os eurocêntricos chamam de World Music. Tanta diversidade disponível para sair da mesmice – leia-se “o pop ocidental” – e, mesmo assim, é baixa sua audiência no Brasil!

As seguintes informações foram meu ponto-de-partida: “Cerca de 500 pessoas dançam ao ritmo do “derbak” (instrumento de percussão de origem árabe). É a Caravana Cigana, festa que acontece bimensalmente no Centro Cultural Rio Verde, na Vila Madalena, em São Paulo. [A três quadras do apartamento de meus filhos.]

As baladas temáticas, que aconteciam de forma esporádica na cidade, estão cada vez mais populares. “As últimas festas bombaram no Rio Verde”, diz o músico Guga Stroeter, sócio do centro cultural. Stroeter diz que se surpreendeu. “É uma música que não está nas rádios, difícil de tocar e quase impossível de dançar. Mas as pessoas dançam loucamente.”

Mesmo sem saber o que cantava, o público fazia coro para repetir refrões em romani (língua cigana da Europa central e oriental) e dançar ao som de grupos como Grand Bazaar [confira no Spotfy] e Orkestra Bandida, na última festa de 2014.

Criada em 2013, a Grand Bazaar surgiu do desejo de levar o som cigano às baladas. “Algo que vimos bastante quando fomos à Europa, há uns três anos”, conta André Vac, 25, que canta, toca guitarra, bandolim e rabeca no grupo.

O músico Gabriel Levy, 49, integra o Mawaca [confira no Spotfy] que há 19 anos faz “música de povos nômades“, e o Mutrib, com dez anos de pesquisa em música dos Balcãs.

Outra figura frequente nas festas ciganas, Guilherme Fogagnoli, 34, o DJ Kid, dá uma pegada eletrônica à música dos Balcãs. Kid criou um estilo próprio, o ‘carinbalkan’, que é a junção do carimbó, dança de roda criada no Pará, e a música dos Balcãs.

Até o Carnaval já ganhou um bloco típico, o “Ciga-nos“, criado em 2014. O próximo desfile está marcado para 7 de fevereiro de 2015. Largando as muletas, obtendo “alta” do dotô, ‘tarei lá!

Hoje, quem se interessa pela música cigana tem onde estudar. Criada em 2010, a Fundação Tarab se mostrou um celeiro de músicos e bandas — Grand Bazaar, Orkestra Bandida, Yaquin Ensemble, entre outros, passaram pela casa. Seu idealizador, Mario Aphonso III, 50, estudou com mestres turcos e se especializou em música oriental.

O MAWACA é um grupo que pesquisa e recria a música das mais diversificadas partes do globo.

É formado por um grupo vocal que interpreta canções em mais de quinze línguas e as oito cantoras são acompanhadas por um grupo instrumental acústico: acordeom, violoncelo, flauta e sax soprano, contrabaixo, além dos instrumentos de percussão como as tablas indianas, derbak árabe, djembé africano, berimbau, vibrafone, pandeirões do Maranhão.

O repertório do grupo é formado por músicas:

  • de tradições díspares como a japonesa e a irlandesa;
  • de países tão distantes entre si como Finlândia e Japão, África Central e Indonésia,
  • de regiões diferentes como Oriente Médio e Península Ibérica.

São temas ancestrais que possibilitam a pesquisa de sonoridades múltiplas revelando as características étnicas locais buscando sempre estabelecer inter-relações com a música brasileira.

Com arranjos inovadores e criativos, o Mawaca apresenta uma musica vibrante, pérolas do repertório mundial que foram transmitidas de geração em geração pela tradição oral. As transcrições e arranjos desses temas ancestrais são realizados por Magda Pucci que, além de desenvolver a pesquisa de repertório, é também responsável pela direção musical do grupo.

Com 17 anos de carreira, o Mawaca produziu sete álbuns e três DVDs, cujo último trabalho é o CD-DVD Inquilinos do Mundo – projeto focado nas músicas dos povos ciganos, nômades, migrantes, exilados e refugiados.

Entre seus últimos trabalhos destacam-se o DVD Rupestres Sonoros, trabalho voltado para os cantos indígenas da Amazônia com um interessante entrelaçamento com a arte rupestre brasileira que contou com uma turnê pela Amazônia patrocinada pela Petrobras.

No DVD Ikebanas Musicais são apresentadas pérolas do repertório tradicional japonês entrelaçadas a musicalidade brasileira.

O Mawaca exemplifica com sua música questões que passam pelo pluralismo cultural. Assim, vem buscando abrir olhos e ouvidos do seu público sobre questões ligadas a tolerância religiosa assim como às diferenças raciais, e fazer compreender as diferenças étnicas entre os povos, seja ele, o homem indígena do norte do Brasil ou o muçulmano árabe ou o refugiado africano assim como as questões femininas sempre presentes no universo sonoro do grupo.

Visite seu excelente sitehttp://www.mawaca.com.br/

Ouça: Min Bêriya te Kiriye / Grande Poder — Nesta versão musical, o Mawaca mescla uma canção tradicional de amor do Curdistão, do ativista Sivan Perwer, e um coco de Alagoas, de Mestre Verdelino. Ouça ao áudio com letra

Veja o interessante documentário a partir do iPhone via AirPlay do AppleTV em TV HD:


Cidadão Instigado

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Cidadão Instigado - Fortaleza

Gosto da banda de rock “Cidadão Instigado“, pois mistura sonoridades da minha juventude. Terminada a temporada de shows do disco prévio, “Uhuuu!” (2009), metade da banda formou o projeto The Mockers, um tributo aos Beatles dedicado às canções que John Lennon, Paul McCartney, George Harrison e Ringo Starr nunca tocaram ao vivo. Mais tarde, o Cidadão completo excursionou tocando o álbum “The Dark Side of the Moon” (1973), obra-prima do Pink Floyd, na íntegra.

Fortaleza” (a faixa-título) é uma homenagem à cidade-berço do grupo. Catatau relembra com nostalgia sua infância e juventude, quando caminhava pelos calçadões “vendo o povo nas ruas”, antes de lamentar um amargo reencontro com a cidade — toda transformada e desigual. Musicalmente, a faixa é um híbrido de baião e hard rock setentista. O ex-Legião Urbana Dado Villa-Lobos participa com violões.

A bagagem “floydiana” é bem sentida na abertura “Até que Enfim“, cheia de progressões e “synths” que parecem saídos de “Wish You Were Here” (1975), do Pink Floyd. “Ficção Científica“, por sua vez, refina as lições aprendidas no The Mockers, juntando riffs a George Harrison e coros rebuscados sob um pungente “groove”.

Nem tudo é Beatles e Pink Floyd. “Dizem que Sou Louco por Você” cruza Led Zeppelin e Odair José. “Land of Light“, rara faixa em inglês do grupo, viaja pelo blues em clima de mantra hippie. É uma parceria de Catatau com o ex-Los Hermanos Rodrigo Amarante.

Fortaleza” encontra-se apenas em formato digital, disponível para download gratuito no site da banda: http://www.cidadaoinstigado.com.br/.


Música Africana

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cultura_africana

Para acompanhar a leitura deste post, sugiro ligar a Music Player na coluna à esquerda deste blog ou buscar (por palavra-chave) no Spotify – https://www.spotify.com/br/ — a playlist que denominei “África: Raízes da Música” em nome do usuário 12142604272

A África é um continente com vários tipos de diversidade étnica, cultural e linguística. Uma descrição da música africana é quantidade de variedade de expressões. Existem semelhanças regionais entre grupos desiguais, assim como as tendências que são constantes ao longo do tempo do continente africano.

A música da África é tão ampla e variada como as muitas regiões da África.

Quem estudou nações de candomblé na Bahia,  sabe que ele é fruto de descendentes de distintas nações e grupos étnicos africanos, quanto ao seu patrimônio musical específico. Reunindo dados históricos, etnográficos, linguísticos e confrontando-os com respeito à pertinência relativa a sua origem e às interpenetrações de civilizações, revela-se a existência de permanências e divergências, bem como de um número considerável de empréstimos e influências recíprocas tanto no plano etnográfico como no estritamente musical.

Sinteticamente, encontra-se 20 toques no candomblé: 8 são originários da nação Ketu; 7 originários da nação Jêje; 4 da nação Angola e um total de 15 empréstimos recíprocos. Análise similar tem sido feita nos grandes grupos etno-linguísticos africanos, bem como na música popular da África, correlacionando esta com a denominada música negra ao redor do mundo. É uma questão cultural, logo, os gêneros musicais que mais aprecio têm uma raiz africana: jazz, blues, rhythm and blues, rock, soul, reggae,  dub, samba, bossa-nova, etc.

A África é um grande continente e as suas regiões e nações possuem distintas tradições musicais. A música do norte da África tem uma história diferente da musica da África Sub-saariana.

Norte de África é a sede da cultura mediterrânica que construiu o Egito e Cartago, antes de ser governado sucessivamente por gregos, romanos e godos e, de tornar-se, em seguida, o ocidente (Magrebe) do mundo árabe. Como os gêneros musicais do Vale do Nilo e do Nordeste africano, a sua música tem laços estreitos com música do Oriente Médio. Sugiro pesquisar no Spotify por palavra-chave minha playlist denominada “Música do Oriente Médio“.

África Oriental, Madagascar e ilhas do Oceano Índico são áreas ligeiramente influenciadas pela música árabe e também pela música da Índia, da Indonésia e da Polinésia. No entanto, nas populações indígenas as tradições musicais são principalmente em sua maioria típica da África subsaariana de línguas nigero-congolesas.

África do Sul, Central e Ocidental são regiões onde caracterizam-se também na ampla tradição musical subsaariana, mas também possuem influências vindas da Europa Ocidental e América do Norte. A música e as formas de dança da diáspora africana, incluindo a música afro-americana e muitos gêneros afro-caribenhos como soca, calipso, zouk (musica antilhana) e gêneros musicais latino-americanos como a salsa, rumba, e outros derivados do clave-ritmo (cubano), originaram-se com diversos graus de variação na música dos escravos africanos. Por sua vez, esses gêneros também influenciaram a música popular africana contemporânea.

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Glossário dos Estilos Musicais Africanos:

Afrobeat é uma combinação de jazz americano, funk e batida [beat] nigeriano. Ele foi criado pelo artista o mais militante da África, o falecido Fela Ransome Anikulapo, da Nigéria, no início dos anos 70. Era justamente a época em que o rock britânico e soul music americana estavam dominando a maior parte da cena musical da África. Fela Kuti introduziu sua marca, com estilo próprio, para deter a invasão musical britânica.

Afropop é como certas pessoas chamam alguns dos novos gêneros da música popular da África que é temperada com elementos de ritmos africanos e ocidentais. Uma razão para os músicos dos países ocidentais terem sido capazes de reconhecer um pouco a influência de música africana é que, nos anos 70 e 80, muitos artistas e músicos africanos migraram para a Europa e a América a fim de seguir uma carreira profissional internacional. Ao fazê-lo, eles reintroduziram na World Music elementos da música africana, na sua forma contemporânea, com muitas variações e estilos. Utilizando toda uma nova tecnologia de gravação disponível para eles, foram capazes de criar novos sons.

Bikutsi: a adição tardia à música de dança popular em Camarões do estilo criado por cinco músicos desse país africano, na costa do Atlântico, ao reagirem ao estilo zouk de música de dança da Martinica. Esta tinha monopolizado as ondas dos rádios de Camarões, inteiramente, no início dos anos noventa.

Benga Beat é estabelecido pelas guitarras elétricas no som de Quênia, na costa do Índico, identificáveis ​​pela cadência do tambor pesado e da harmonia vocal.

Chimurenga é a música da guerra de libertação do Zimbabwe. É uma mistura da música tradicional mbira com o uso da guitarra elétrica como um instrumento da luta de libertação pelo internacionalmente conhecido artista deste país: Thomas Mapfumo. Recomendo pesquisar esse nome no Spotify.

Fuji Garbage vem da Nigéria. É uma música Yoruba, baseada em tambores, com guitarras, acordeões e tambores falantes.

Jit Jive e True Jit são outros estilos de Zimbábue, popularizada por um grupo de jovens músicos, logo após a independência deste país, no início dos anos oitenta. Os Bhundu Boys foram os primeiros embaixadores desse estilo. Foi criado após a guerra de libertação, quando muitos jovens, que migraram das aldeias para a capital Harare, encontravam-se sem dispor de quaisquer habilidades empregáveis. Então, eles formaram muitas bandas, em toda a cidade, para fins recreativos.

Highlife é a música de salão de baile de Gana e da Nigéria na África Ocidental. Este estilo de música de dança que introduziu pela primeira vez a música popular africana para a Europa e América. Entre os pioneiros estão King Bruce and his Black Beat, E.T. Mensah and his Ramblers Dance Band, Roy Chicago.

Makossa é outro gênero de música camaronês de dança popular “para dançar até cair”. O grande saxofonista Manu Dibango colocou o estilo no mapa com seu som jazzy lendário de “soul [alma] Makossa”, que tornou-se o tema principal da música africana na Europa e na América na década de 70. Há um grande número de artistas camaroneses que executam o novo estilo em suas verdadeiras cores e ritmos africanos, entre eles, o Prince Eyango, Guy Lobe, Charlote Mbango, Eppe & Koum, Moni Bile.

Mbalax que a música contemporânea do Senegal, o som percussivo altamente dominado pelo Sabar (tambor de pele de cabra). Melhor exemplo dessa música é Youssou Ndour, Baaba Mal, Ismael Lo e, ultimamente, muitos recém-chegados à cena da música senegalesa.

Mapouka é a mais recente mania da dança e estilo musical emitido da Cote d’Ivoire, na África ocidental. Originalmente dançado pelas mulheres da alta sociedade, na região sudoeste do país, Mapouka foi colocado em cena de clube popular, no final dos anos 90, por uma nova geração de mulheres jovens que transformaram-no em um estilo de dança erótica. Apesar de ser proibida pelo governo, a Mapouka continua a ser extremamente popular fora do seu país de origem. Um estilo não-tão erótico está sendo dançado por ambos gêneros, isto é, muitos grupos masculinos e femininos, em Cote d’Ivoire.

Mbaquanga é o nome dado à música negra sul-africana para dançar em Soweto. O estilo foi nomeado após uma pesquisa popular entre as pessoas do bairro negro. Serviu como a música da luta de libertação. Alguns artistas para apreciar são os Soul Brothers, Malatini and The Mahottela Queens, Juluka, Soul Ryders. Veja no Netflix o documentário “Música do Mandela”.

Soukous do Congo é a música e o estilo de dança hoje tidos como a mania mais popular em toda a África subsaariana. A música rumba lenta dos anos 50 e 60 desenvolveu-se em um ritmo eletrizante, elevado à oitava, tocada por alguns dos melhores guitarristas da África. O nome vem da palavra francesa “secouer“, que significa “tremer”. Ele foi traduzido para “soukous” nas ruas de Kinshasa, a capital da República Democrática do Congo. O som nítido da  rápidas guitarras e a harmonia vocal da música soukous são irresistíveis. Você pode ficar familiarizado com o som de Papa Wemba, Koffi Olomide, Wenga Music, Soukous Stars, Diblo Dibala, Kanda Bongo Man. Em meados dos anos 90, a música Soukous evoluiu para um novo estilo chamado Ndombolo, que se tornou o principal menu musical em muitas partes da África.

Taarab é a música da ilha temperada de Zanzibar na extrema costa leste da África. O nome taarab deriva da palavra árabe Tariba que significa “inquietação ou agitação”. O estilo reflete inegavelmente a combinação de ambas as raízes árabes e africanas.

Zoblazo é o estilo de dança lento da Costa do Marfim [Côte d’Ivoire] na maior parte da região costeira do país. O principal expoente e criador desse estilo é o extraordinário showman e grande intérprete Meiway.

Fonte: http://www.kubatana.net. Sob Licença Creative Commons.

Leia maisSamba

Obs.: aprecio, especialmente, Ali Ibrahim “Farka” Touré (Kanau, Mali, 31 de outubro de 1939Bamako, 7 de março de 2006). Ele foi um cantor e guitarrista malinês e um dos músicos mais internacionalmente reconhecidos do continente africano. Sua música é amplamente considerada como representando um ponto de intersecção da tradicional música de Mali e o blues. Este último é, historicamente, derivado da primeira como reflete-se nas frequentes citações de Martin Scorsese, caracterizando a tradição de Touré como constituindo “o DNA do blues”.

Como uma excelente introdução à melodiosa sonoridade africana, ouça o ótimo album gravado por Ali “Farka” Touré e o músico norte-americano Ry Cooder, autor da extraordinária trilha sonora de “Paris-Texas“, dirigido pelo diretor alemão Win Wenders. Este é um músico eclético cujas composições musicais vão dos blues ao rock and roll, passando pelo reggae, tex-mex, jazz, country, folk, música instrumental, rhythm and blues e gospel. O característico som da sua guitarra, tem origem na técnica utilizada, designada por slide guitar. Participou do filme A Encruzilhada (1986), onde a maior parte das dedilhadas de Ralph Macchio foram gravadas por ele.


Economia em Letras de Música

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Navegando, ou melhor, vagueando pela web, encontrei algo articulado com uma inspiração que tive: estimular meus alunos (e seguidores deste modesto blog pessoal) a pesquisarem letras de música que se referem à Economia. A seguinte fonte é: Beethoven e Economia na Música.

Um dos grandes tabus do meio artístico é o dinheiro. Questões materiais passam ao largo das discussões acerca do “talento”, da “genialidade” e do “valor artístico da grande obra”.

O sociólogo francês Pierre Bourdieu afirma que um dos fundamentos do campo artístico autônomo é a denegação da economia (Bourdieu, 1996, p. 162). Este campo trabalha com o que ele chama de economia às avessas: o triunfo do “verdadeiro artista” é simbólico (reconhecimento dos pares, dos críticos, de um publico específico) e não financeiro.

No campo artístico autônomo, o livre criador opera sua magia distante das preocupações econômicas, pois “arte não é mercadoria”. Produzir arte com objetivos financeiros pertence, para esta ideologia, ao campo dos criadores de obras “rasas”, “ligeiras”, “para as massas”.

A importância fundamental desta ideologia no campo artístico costuma alienar os artistas e o público da questão material, transformando a História da Arte em uma sucessão de estilos e estéticas sem a conexão com o mundo financeiro e, por consequência, social. Isto atesta Bourdieu quando diz que a história autônoma da arte é uma conquista da própria autonomia do campo (Bourdieu, 2011, p.177). Em outras palavras, falar de economia na música é tocar em tema “proibido”.

Será mesmo? Para dar um ponto-de-partida nesta pesquisa, demonstrando a possibilidade de ser estendida, citando letras do Chico Buarque, darei alguns exemplos abaixo. Fiz uma playlist no Spotify (12142604272) com as que encontrei. Porém, não achei a primeira que veio à mente, uma metáfora do risco sistêmico, que citei no último capítulo do meu livro “Economia em 10 Lições”: O Malandro, gravada no disco Ópera do Malandro.

Lista de Letras de Músicas com referência à Economia:

  1. O Malandro (versão livre da música de Kurt Weill & Bertolt Brecht, Chico Buarque em 1977/78)
  2. Pedro pedreiro (Chico Buarque, 1965)
  3. Tamandaré (Chico Buarque, 1965)
  4. Gente humilde (Garoto-Vinicius de Moraes-Chico Buarque, 1969)
  5. Bolsa de amores (Chico Buarque, 1971)
  6. Construção (Chico Buarque, 1971)
  7. Deus lhe pague (Chico Buarque, 1971)
  8. Partido alto (Chico Buarque, 1972)
  9. Vence na vida quem diz sim (Chico Buarque-Ruy Guerra, 1972-73)
  10. Mambordel (Chico Buarque, 1975)
  11. Milagre brasileiro (Julinho da Adelaide, 1975)
  12. Meu caro amigo (Francis Hime-Chico Buarque, 1976)
  13. O que será (À flor da terra) (Chico Buarque, 1976)
  14. Corrente (Este é um samba que vai pra frente) (Chico Buarque, 1976)
  15. O cio da terra (Milton Nascimento-Chico Buarque, 1977)
  16. Primeiro de maio (Milton Nascimento-Chico Buarque, 1977)
  17. Folhetim (Chico Buarque, 1977-78)
  18. Geni e o zepelim (Chico Buarque, 1977-78)
  19. E se (Francis Hime-Chico Buarque, 1980)
  20. Linha de montagem (Novelli-Chico Buarque, 1980)
  21. O velho Francisco (Chico Buarque, 1987)
  22. Injuriado (Chico Buarque, 1998)
  23. Iracema voou (Chico Buarque, 1998)
  24. Sonhos sonhos são (Chico Buarque, 1998)

Em sua adaptação da letra de O Malandro a partir da música de Kurt Weill & Bertolt Brecht, em 1977/78, Chico Buarque traça o círculo vicioso da crise sistêmica em que se insere a vida econômica brasileira. A partir do pequeno calote no pagamento da dose de uma cachaça, expande-se a rede de default: malandro – garçom – português – distribuidor – usineiro – Banco do Brasil –taxação da cachaça exportada. Os ianques proíbem seu consumo, provocando um excesso no alambique e a “ressaca” nacional: Banco do Brasil – usineiro – carregador – distribuidor – galego – garçom – malandro, sendo este condenado pela situação. Está dito tudo aí: o “efeito encadeamento”, o “efeito dominó”, o “efeito contágio”, etc.

O malandro/ na dureza

Senta à mesa / do café

Bebe um gole / de cachaça

Acha graça / e dá no pé

Mas os ianques / com seus tanques

Têm bem mais o / que fazer

E proíbem / os soldados

Aliados / de beber

O garçom / no prejuízo

Sem sorriso / sem freguês

De passagem / pela caixa

Dá uma baixa / no português

A cachaça / tá parada

Rejeitada / no barril

O alambique / tem chilique

Contra o Banco / do Brasil

O galego / acha estranho

Que o seu ganho / tá um horror

Pega o lápis / soma os canos

Passa os danos / pro distribuidor

O usineiro / faz barulho

Com orgulho / de produtor

Mas a sua / raiva  cega

Descarrega / no carregador

Mas o frete / vê que ao todo

Há engodo / nos papéis

E pra cima / do alambique

Dá um trambique / de cem mil réis

Este chega / pro galego

Nega arreglo / cobra mais

A cachaça / tá de graça

Mas o frete / como é que faz?

O usineiro / nessa luta

Grita (ponte que partiu)

Não é idiota / trunca a nota

Lesa o Banco / do Brasil

O galego / tá apertado

Pro seu lado / não tá bom

Então deixa / congelada

A mesada / do garçom

Nosso banco / tá cotado

No mercado / exterior

Então taxa / a cachaça

A um preço / assustador

O garçom vê / um malandro

Sai gritando / pega ladrão

E o malandro / autuado

É julgado e condenado culpado

Pela situação

 

Pedro pedreiro (Chico Buarque, 1965)

Pedro pedreiro penseiro esperando o trem

Manhã, parece, carece de esperar também

Para o bem de quem tem bem

De quem não tem vintém

Pedro pedreiro fica assim pensando

Assim pensando o tempo passa

E a gente vai ficando pra trás

Esperando, esperando, esperando

Esperando o sol

Esperando o trem

Esperando o aumento

Desde o ano passado

Para o mês que vem

 

Pedro pedreiro penseiro esperando o trem

Manhã, parece, carece de esperar também

Para o bem de quem tem bem

De quem não tem vintém

Pedro pedreiro espera o carnaval

E a sorte grande no bilhete pela federal

Todo mês

Esperando, esperando, esperando

Esperando o sol

Esperando o trem

Esperando aumento

Para o mês que vem

Esperando a festa

Esperando a sorte

E a mulher de Pedro

Está esperando um filho

Pra esperar também

 

Pedro pedreiro penseiro esperando o trem

Manhã, parece, carece de esperar também

Para o bem de quem tem bem

De quem não tem vintém

Pedro pedreiro está “esperando a morte

Ou esperando o dia de voltar pro Norte

Pedro não sabe mas talvez no fundo

Espera alguma coisa mais linda que o mundo

Maior do que o mar

Mas pra que sonhar

Se dá o desespero de esperar demais

Pedro pedreiro quer voltar atrás

Quer ser pedreiro pobre e nada mais

Sem ficar esperando, esperando, esperando

Esperando o sol

Esperando o trem

Esperando o aumento para o mês que vem

Esperando um filho pra esperar também

Esperando a festa

Esperando a sorte

Esperando a morte

Esperando o norte

Esperando o dia de esperar ninguém

Esperando enfim nada mais além

Da esperança aflita, bendita, infinita

Do apito do trem

 

Pedro pedreiro pedreiro esperando

Pedro pedreiro pedreiro esperando

Pedro pedreiro pedreiro esperando o trem

Que já vem, que já vem, que já vem (etc.)”

 

Tamandaré (Chico Buarque, 1965)

 

Zé qualquer tava sem samba, sem dinheiro

Sem Maria sequer

Sem qualquer paradeiro

Quando encontrou um samba

Inútil e derradeiro

Numa inútil e derradeira

Velha nota de um cruzeiro

 

“Seu” Marquês, “seu” Almirante

Do semblante meio contrariado

Que fazes parado

No meio dessa nota de um cruzeiro rasgado”

“Seu” Marquês, “seu” Almirante

Sei que antigamente era bem diferente

Desculpe a liberdade

E o samba sem maldade

Deste Zé qualquer

Perdão, Marquês de Tamandaré

Perdão, Marquês de Tamandaré

 

Pois é, Tamandaré

A  maré não tá boa

Vai virar a canoa

E este mar não dá pé, Tamandaré

Cadê as batalhas?

Cadê as medalhas?

Cadê a nobreza?

 

Cadê a marquesa, cadê?

Não diga que o vento levou

Teu amor até

 

Pois é, Tamandaré

A maré não tá boa

Vai virar a canoa

E este mar não dá pé, Tamandaré

Meu marquês de papel

Cadê teu troféu?

Cadê teu valor?

Meu caro almirante

O tempo inconstante roubou

 

Zé qualquer tornou-se amigo do marquês

Solidário na dor

Que eu contei a vocês

Menos que queira ou mais que faça

É o fim do samba, é o fim da raça

Zé qualquer tá caducando

Desvalorizando

Como o tempo passa, passando

Virando fumaça, virando

Caindo em desgraça, caindo

Sumindo, saindo da praça

Passando, sumindo

Saindo da praça

 

 

Gente humilde (Garoto-Vinicius de Moraes-Chico Buarque, 1969)

 

Tem certos dias

Em que eu penso em minha gente

E sinto assim

Todo o meu peito se apertar

Porque parece

Que acontece de repente

Feito um desejo de eu viver

Sem me notar

Igual a como

Quando eu passo no subúrbio

Eu muito bem

Vindo de trem de algum lugar

E ai me dá

Como uma inveja dessa gente

Que vai em frente

Sem nem ter com quem contar

 

São casas simples

Com cadeiras na calçada

E na fachada

Escrito em cima que é um lar

Pela varanda

Flores tristes e baldias

Como a alegria

Que não tem onde encostar

E aí me dá uma tristeza

No meu peito

Feito um despeito

De eu não ter como lutar

E eu que não creio

Peço a Deus por minha gente

É gente humilde

Que vontade de chorar

 

Gente humilde (Garoto-Vinicius de Moraes-Chico Buarque, 1969)

 

Um dia ele chegou tão diferente do seu jeito de sempre chegar

Olhou-a dum jeito muito mais quente do que sempre costumava olhar

E não maldisse a vida tanto quanto era seu jeito de sempre falar

E nem deixou-a só num canto, pra seu grande espanto convidou-a pra rodar

 

Então ela se fez bonita como há muito tempo não queria ousar

Com seu vestido decotado cheirando a guardado de tanto esperar

Depois os dois deram-se os braços como há muito tempo não se usava dar

E cheios de ternura e graça foram para a praça e começaram a se abraçar

 

E ali dançaram tanta dança que a vizinhança toda despertou

E foi tanta felicidade que toda a cidade se iluminou

E foram tantos beijos loucos

Tantos gritos roucos como não se ouvia mais

Que o mundo compreendeu

E o dia amanheceu

Em paz

 

Carta do Chico para o Vinícius: “Esse homem da primeira estrofe é o anti-hippie. Acho mesmo que ele nunca soube o que é poesia. É bancário e está com o saco cheio e está sempre mandando sua mulher à merda. Quer dizer, neste dia ele chegou diferente, não maldisse (ou xingou mesmo) a vida tanto e convidou-a pra rodar. ” (Wagner Homem. “Histórias de canções: Chico Buarque”).

 

Bolsa de amores (Chico Buarque, 1971)

Comprei na bolsa de amores

As ações melhores

Que encontrei por lá

Ações de uma morena dessas

Que dão lucro à beça

Pra quem pode

E sabe jogar

Mas o mercado entrou em baixa

Estou sem nada em caixa

já perdi meu lote

Minha morena me esquecendo

Não deu dividendo

Nem deixou filhote

 

E eu que queria

De coração

Ganhar um dia

Alguma bonificação

Bem me dizia

Meu corretor

A moça é fria

É ordinária

Ao portador

 

Construção (Chico Buarque, 1971)

 

Amou daquela vez como se fosse a última

Beijou sua mulher como se fosse a última

E cada filho seu como se fosse o único

E atravessou a rua com seu passo tímido

Subiu a construção como se fosse máquina

Ergueu no patamar quatro paredes sólidas

Tijolo com tijolo num desenho mágico

Seus olhos embotados de cimento e lágrima

Sentou pra descansar como se fosse sábado

Comeu feijão com arroz como se fosse um príncipe

Bebeu e soluçou como se fosse um náufrago

Dançou e gargalhou como se ouvisse música

E tropeçou no céu como se fosse um bêbado

E flutuou no ar como se fosse um pássaro

E se acabou no chão feito um pacote flácido

Agonizou no meio do passeio público

Morreu na contramão atrapalhando o tráfego

 

Amou daquela vez como se fosse o último

Beijou sua mulher como se fosse a única

E cada filho seu como se fosse o pródigo

E atravessou a rua com seu passo bêbado

Subiu a construção como se fosse sólido

Ergueu no patamar quatro paredes mágicas

Tijolo com tijolo num desenho lógico

Seus olhos embotados de cimento e tráfego

Sentou pra descansar como se fosse um príncipe

Comeu feijão com arroz como se fosse o máximo

Bebeu e soluçou como se fosse máquina

Dançou e gargalhou como se fosse o próximo

E tropeçou no céu como se ouvisse música

E flutuou no ar como ne fosse sábado

E se acabou no chão feito um pacote tímido

Agonizou no meio do passeio náufrago

Morreu na contramão atrapalhando o público

 

Amou daquela vez como se fosse máquina

Beijou sua mulher como se fosse lógico

Ergueu no patamar quatro paredes flácidas

Sentou pra descansar como se fosse um pássaro

E flutuou no ar como se fosse um príncipe

E se acabou no chão feito um pacote bêbado

Morreu na contramão atrapalhando o sábado

 

Deus lhe pague (Chico Buarque, 1971)

 

Por esse pão pra comer, por esse chão pra dormir

A certidão pra nascer e a concessão pra sorrir

Por me deixar respirar, por me deixar existir

Deus lhe pague

 

Pelo prazer de “chorar e pelo “estamos aí”

Pela piada no bar e o futebol pra aplaudir

Um crime pra comentar e um samba pra distrair

Deus lhe pague

 

Por essa praia, essa saia, pelas mulheres daqui

O amor malfeito depressa, fazer a barba e partir

Pelo domingo que é lindo, novela, missa e gibi

Deus lhe pague

 

Pela cachaça de graça que a gente tem que engolir

Pela fumaça, desgraça, que a gente tem que tossir

Pelos andaimes, pingentes, que a gente tem que cair

Deus lhe pague

 

Por mais um dia, agonia, pra suportar e assistir

Pelo rangido dos dentes, pela cidade a zunir

E pelo grito demente que nos ajuda a fugir

Deus lhe pague

 

Pela mulher carpideira pra nos louvar e cuspir

E pelas moscas-bicheiras a nos beijar e cobrir

E pela paz derradeira que enfim vai nos redimir

Deus lhe pague

 

Partido alto (Chico Buarque, 1972)

 

Diz que deu, diz que dá

Diz que Deus dará

Não vou duvidar, ô nega

E se Deus não dá

Como é que vai ficar, ô nega

Diz que Deus diz que dá

E se Deus negar, ô nega

Eu vou me indignar e chega

Deus dará, Deus dará

 

Deus é um cara gozador, adora brincadeira

Pois pra me jogar no mundo, tinha o mundo inteiro

Mas achou muito engraçado me botar cabreiro

Na barriga da miséria, eu nasci brasileiro

Eu sou do Rio de Janeiro

 

Jesus Cristo inda me paga, um dia inda me explica

Como é que pôs no mundo esta pouca titica

Vou correr o mundo afora, dar uma canjica

Que é pra ver se alguém se embala ao ronco da cuíca

E aquele abraço pra quem fica

 

Deus me fez um cara fraco, desdentado e feio

Pele e osso simplesmente, quase sem recheio

Mas se alguém me desafia e bota a mãe no meio

Dou pernada a três por quatro e nem me despenteio

Que eu já tô de saco cheio

 

Deus me deu mão de veludo pra fazer carícia

Deus me deu muitas saudades e muita preguiça

Deus me deu perna comprida e muita malícia

Pra correr atrás de bola e fugir da polícia

Um dia ainda notícia

 

Vence na vida quem diz sim (Chico Buarque-Ruy Guerra, 1972-73)

Para Calabar, de Chico Buarque e Ruy Guerra

Versão proibida pela censura em 1973

 

Vence na vida quem diz sim

Vence na vida quem diz sim

 

Se te dói o corpo

Diz que sim

Torcem mais um pouco

Diz que sim

Se te dão um soco

Diz que sim

Se te deixam louco

Diz que sim

Se te babam no cangote

Mordem o decote

Se te alisam com o chicote

Olha bem pra mim

Vence na vida quem diz sim

Vence na vida quem diz sim

 

Se te jogam lama

Diz que sim

Pra que tanto drama

Di z que sim

Te deitam na cama

 

Diz que sim

Se te criam fama

Diz que sim

Se te chamam vagabunda

Montam na cacunda

Se te largam moribunda

Olha bem pra mim

Vence na vida quem diz sim

Vence na vida quem diz sim

 

Se te cobrem de ouro

Diz que sim

Se te mandam embora

Diz que sim

Se te puxam o saco

Diz que sim

Se te xingam a raça

Diz que sim

Se te incham a barriga

De feto e lombriga

Nem por isso compra a briga

Olha bem pra mim

Vence na vida quem diz sim

Vence na vida quem diz sim

 

Mambordel (Chico Buarque, 1975)

Para o filme Polichinelo, de J. G. Albicocco, jamais realizado

 

O rei pediu quartel

Foi proclamada a república

Neste bordel

 

Eu vou virar artista

Ficar famosa, falar francês

Autografar com as unhas

Eu vou, nas costas do meu freguês

 

Eu cobro meia entrada

Da estudantada que não tem vez

Aqui no meu teatro

Grupo de quatro paga por três

 

O rei pediu quartel

Foi proclamada a república

Neste bordel

 

Faço qualquer negócio

Passo recibo, aceito cartão

Faço facilitado, financiado

E sem correção

 

Ao povo nossas carícias

Ao povo nossas carências

Ao povo nossas delícias

E nossas doenças”

 

“A música, feita para um filme que nunca foi terminado, seria cantada numa situação em que as prostitutas conseguiam enxotar o dono do bordel. O puritanismo da censura proibiu a canção, que só foi gravada no álbum Soltas na vida, das Frenéticas.” Fonte: Wagner Homem. “Histórias de canções: Chico Buarque”.

 

Milagre brasileiro (Julinho da Adelaide, 1975)

 

Cadê o meu?

Cadê o meu, ó meu?

Dizem que você se defendeu

É o milagre brasileiro

Quanto mais trabalho

Menos vejo dinheiro

É o verdadeiro boom

Tu tá no bem bom

Mas eu vivo sem nenhum

Cadê o meu?

Cadê o meu, ó meu?

Eu não falo por despeito

Mas, também, se eu fosse eu

Quebrava o teu

Cobrava o meu

Direito

 

A terceira e última composição de Julinho da Adelaide criticava o chamado “milagre brasileiro”, que alardeava índices de crescimento enquanto o povo empobrecla. O general Médici deixara escapar durante uma entrevista que o Brasil ia bem, mas o povo ia mal. 0 Dieese (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos) mostrava isso em números: em 1965, o tempo de trabalho necessário para adquirir uma cesta básica era de 88 horas e 16 minutos. Em 1974 saltou para 163 horas e 32 minutos.

Proibida pela censura, a canção só chegou aos discos em 1980, gravada por Miúcha no LP de mesmo nome. Vinte e dois anos depois, Julinho da Adelaide reapareceria numa participação especial na faixa “Biscate“, do disco Bate-boca – As músicas de Tom Jobim & Chico Buarque (1997), interpretada pelo Quarteto em Cy e pelo MPB-4.” Fonte: Wagner Homem. “Histórias de canções: Chico Buarque”.

 

Meu caro amigo (Francis Hime-Chico Buarque, 1976)

 

Meu caro amigo me perdoe, por favor

Se eu não lhe faço uma visita

Mas como agora apareceu um portador

Mando notícias nessa fita

Aqui na terra tão jogando futebol

Tem muito samba, muito choro e rock’n’roll

Uns dias chove, noutros dias bate sol

Mas o que eu quero é lhe dizer que a coisa aqui tá preta

Muita mutreta pra levar a situação

Que a gente vai levando de teimoso e de pirraça

E a gente vai tomando que, também, sem a cachaça

Ninguém segura esse rojão

 

Meu caro amigo eu não pretendo provocar

Nem atiçar suas saudades

Mas acontece que não posso me furtar

A lhe contar as novidades

Aqui na terra tão jogando futebol

Tem muito samba, muito choro e rock’n’roll

Uns dias chove, noutros dias bate sol

Mas o que eu quero é lhe dizer que a coisa aqui tá preta

É pirueta pra cavar o ganha-pão

Que a gente vai cavando só de birra, só de sarro

E a gente vai fumando que, também, sem um cigarro

Ninguém segura esse rojão

 

Meu caro amigo eu quis até telefonar

Mas a tarifa não tem graça

Eu ando aflito pra fazer você ficar

A par de tudo que se passa

Aqui na terra tão jogando futebol

Tem muito samba, muito choro e rock’n’roll

Uns dias chove, noutros dias bate sol

Mas o que eu quero é lhe dizer que a coisa aqui tá preta

Muita careta pra engolir a transação

 

E a gente tá engolindo cada sapo no caminho

E a gente vai se amando que, também, sem um carinho

Ninguém segura esse rojão

 

Meu caro amigo eu bem queria lhe escrever

Mas o correio andou arisco

Se me permitem, vou tentar lhe remeter

Notícias frescas nesse disco

Aqui na terra tão jogando futebol

Tem muito samba, muito choro e rock’n’roll

Uns dias chove, noutros dias bate sol

Mas o que eu quero é lhe dizer que a coisa aqui tá preta

A Marieta manda um beijo para os seus

Um beijo na família, na Cecília e nas crianças

O Francis aproveita pra também mandar lembranças

A todo o pessoal

Adeus

 

O que será (À flor da terra) (Chico Buarque, 1976)

Para o filme Dona Flor e seus dois maridos, de Bruno Barreto

 

O que será que será

Que andam suspirando pelas alcovas

Que andam sussurrando em versos e trovas

“Que andam combinando no breu das tocas

Que anda nas cabeças, anda nas bocas

Que andam acendendo velas nos becos

Que estão falando alto pelos botecos

Que gritam nos mercados, que com certeza

Está na natureza, será que será

O que não tem certeza, nem nunca terá

O que não tem conserto, nem nunca terá

O que não tem tamanho

 

O que será que será

Que vive nas idéias desses amantes

Que cantam os poetas mais delirantes

Que juram os profetas embriagados

Que está na romaria dos mutilados

Que está na fantasia dos infelizes

Que está no dia a dia das meretrizes

No plano dos bandidos, dos desvalidos

Em todos os sentidos, será que será

O que não tem decência, nem nunca terá

O que não tem censura, nem nunca terá

O que não faz sentido

 

O que será que será

Que todos os avisos não vão evitar

Porque todos os risos vão desafiar

Porque todos os sinos irão repicar

Porque todos os hinos irão consagrar

E todos os meninos vão desembestar

E todos os destinos irão se encontrar

E mesmo o Padre Eterno que nunca foi lá

Olhando aquele inferno, vai abençoar

O que não tem governo, nem nunca terá

O que não tem vergonha, nem nunca terá

O que não tem juízo

 

Corrente (Este é um samba que vai pra frente) (Chico Buarque, 1976)

 

Eu hoje fiz um samba bem pra frente

Dizendo realmente o que é que eu acho

 

Eu acho que o meu samba é uma corrente

E coerentemente assino embaixo

 

Hoje é preciso refletir um pouco

E ver que o samba tá tomando jeito

 

Só mesmo embriagado ou muito louco

Pra contestar e pra botar defeito

 

Precisa ser muito sincero e claro

Pra confessar que andei sambando errado

 

Talvez precise até tomar na cara

Pra ver que o samba tá bem melhorado

 

Tem mais é que ser bem cara de tacho

Não ver a multidão sambar contente

 

Isso me deixa triste e cabisbaixo

Por isso eu fiz um samba bem pra frente

 

Dizendo realmente o que é que eu acho

Eu acho que o meu samba é uma corrente

 

E coerentemente assino embaixo

Hoje é preciso refletir um pouco

 

E ver que o samba tá tomando jeito

Só mesmo embriagado ou muito louco

 

Pra contestar e pra botar defeito

Precisa ser muito sincero e claro

 

Pra confessar que andei sambando errado

Talvez precise até tomar na cara

 

Pra ver que o samba tá bem melhorado

Tem mais é que ser bem cara de tacho

 

Não ver a multidão sambar contente

Isso me deixa triste e cabisbaixo

 

Por isso eu fiz um samba bem pra frente

Dizendo realmente o que é que eu acho

 

O subtítulo faz referência a uma espécie de hino do regime militar que dizia:

“Este é um país que vai pra frente

Hô, hô, hô, hô, hô

De uma gente amiga e tão contente

Hô , hô, hô, hô, hô

Este é um país que vai pra frente

De um povo unido, de grande valor

É um país que canta, trabalha e se agiganta

É o Brasil de nosso amor!”

 

 

O cio da terra (Milton Nascimento-Chico Buarque, 1977)

 

Debulhar o trigo

Recolher cada bago do trigo

Forjar no trigo o milagre do pão

E se fartar de pão

 

Decepar a cana

Recolher a garapa da cana

Roubar da cana a doçura do mel

Se lambuzar de mel

 

Afagar a terra

Conhecer os desejos da terra

Cio da terra, a propícia estação

E fecundar o chão”

 

“Milton Nascimento havia feito a música pensando nos cantos das mulheres camponesas do valo do Rio Doce que trabalham na colheita de algodão. A complicação da música, que possui uma estrutura quebrada a todo instante, com o ritmo solto, é pinto pequeno comparada com o que ouviu por lá, como Chico afirma em entrevista. Junto com “Primeiro de maio“, integrou o compacto que comemorava a data em 1977, momento em que o movimento sindical na região do ABCD paulista começava a se reorganizar sob a direção de um jovem metalúrgico chamado Luiz Inácio da Silva, o Lula.” Fonte: Wagner Homem. “Histórias de canções: Chico Buarque”.

 

Primeiro de maio (Milton Nascimento-Chico Buarque, 1977)

 

Hoje a cidade está parada

E ele apressa a caminhada

Pra acordar a namorada logo ali

E vai sorrindo, vai aflito

Pra mostrar, cheio de si

Que hoje ele é senhor das suas mãos

E das ferramentas

 

Quando a sirene não apita

Ela acorda mais bonita

Sua pele é sua chita, seu fustão

E, bem ou mal, é o seu veludo

É o tafetá que Deus lhe deu

E é bendito o fruto do suor

Do trabalho que é só seu

 

Hoje eles hão de consagrar

O dia inteiro pra se amar tanto

Ele, o artesão

Faz dentro dela a sua oficina

E ela, a tecelã

Vai fiar nas malhas do seu ventre

O homem de amanhã

 

A canção foi cantada pela primeira vez por Chico e Milton no Teatro Carlos Gomes, em comemoração ao Dia do Trabalho.” Fonte: Wagner Homem. “Histórias de canções: Chico Buarque”.

 

Folhetim (Chico Buarque, 1977-78)

Para a peça Ópera do malandro, de Chico Buarque

 

Se acaso me quiseres

“Sou dessas mulheres

Que só dizem sim

Por uma coisa à toa

Uma noitada boa

Um cinema, um botequim

 

E, se tiveres renda

Aceito uma prenda

Qualquer coisa assim

Como uma pedra falsa

Um sonho de valsa

Ou um corte de cetim

 

E eu te farei as vontades

Direi meias verdades

Sempre à meia luz

E te farei, vaidoso, supor

Que és o maior e que me possuis

 

Mas na manhã seguinte

Não conta até vinte

Te afasta de mim

Pois já não vales nada

Es página virada

Descartada do meu folhetim

 

Geni e o zepelim (Chico Buarque, 1977-78)

Para a peça Ópera do malandro, de Chico Buarque

 

De tudo que é nego torto

Do mangue e do cais do porto

Ela já foi namorada

O seu corpo é dos errantes

Dos cegos, dos retirantes

E de quem não tem mais nada

Dá-se assim desde menina

Na garagem, na cantina

Atrás do tanque, no mato

É a rainha dos detentos

Das loucas, dos lazarentos

Dos moleques do internato

E também vai amiúde

Co’os velhinhos sem saúde

E as viúvas sem porvir

Ela é um poço de bondade

E é por isso que a cidade

Vive sempre a repetir

Joga pedra na Geni

Joga pedra na Geni

Ela é feita pra apanhar

Ela é boa de cuspir

Ela dá pra qualquer um

Maldita Geni

 

Um dia surgiu, brilhante

Entre as nuvens, flutuante

Um enorme zepelim

Pairou sobre os edifícios

Abriu dois mil orifícios

Com dois mil canhões assim

A cidade apavorada

Se quedou paralisada

Pronta pra virar geleia

 

Mas do zepelim gigante

Desceu o seu comandante

Dizendo: — Mudei de idéia

— Quando vi nesta cidade

— Tanto horror e iniquidade

— Resolvi tudo explodir

— Mas posso evitar o “drama

— Se aquela formosa dama

— Esta noite me servir

Essa dama era Geni

Mas não pode ser Geni

Ela é feita pra apanhar

Ela é boa de cuspir

Ela dá pra qualquer um

Maldita Geni

 

Mas, de fato, logo ela

Tão coitada e tão singela

Cativara o forasteiro

O guerreiro tão vistoso

Tão temido e poderoso

Era dela prisioneiro

Acontece que a donzela

— e isso era segredo dela —

Também tinha seus caprichos

E a deitar com homem tão nobre

Tão cheirando a brilho e a cobre

Preferia amar com os bichos

Ao ouvir tal heresia

A cidade em romaria

Foi beijar a sua mão

O prefeito de joelhos

O bispo de olhos vermelhos

E o banqueiro com um milhão

Vai com ele, vai, Geni

Vai com ele, vai, Geni

Você pode nos salvar

Você vai nos redimir

 

Você dá pra qualquer um

Bendita Geni

 

Foram tantos os pedidos

Tão sinceros, tão sentidos

Que ela dominou seu asco

Nessa noite lancinante

Entregou-se a tal amante

Como quem dá-se ao carrasco

Ele fez tanta sujeira

Lambuzou-se a noite inteira

Até ficar saciado

E nem bem amanhecia

Partiu numa nuvem fria

Com seu zepelim prateado

Num suspiro aliviado

Ela se virou de lado

E tentou até sorrir

Mas logo raiou o dia

E a cidade em cantoria

Não deixou ela dormir

Joga pedra na Geni

Joga bosta na Geni

Ela é feita pra apanhar

Ela é boa de cuspir

Ela dá pra qualquer um

Maldita Geni

 

E se (Francis Hime-Chico Buarque, 1980)

 

E se o oceano incendiar

E se cair neve no sertão

E se o urubu cocorocar

E se o Botafogo for campeão

E se o meu dinheiro não faltar

E se o delegado for gentil

E se tiver bife no jantar

E se o carnaval cair em abril

E se o telefone funcionar

E se o Pantanal virar pirão

E se o Pão de Açúcar desmanchar

E se tiver sopa pro peão

E se o oceano incendiar

E se o Arapiraca for campeão

E se à meia-noite o sol raiar

E se o meu país for um jardim

E se eu convidá-la pra dançar

E se ela ficar assim, assim

E se eu lhe entregar meu coração

E meu coração for um quindim

E se o meu amor gostar então

De mim

 

Linha de montagem (Novelli-Chico Buarque, 1980)

 

Linha linha de montagem

A cor a coragem

Cora coração

Abecê abecedário

Opera operário

Pé no pé no chão

 

Eu não sei bem o que seja

Mas sei que seja o que será

O que será que será que se veja

Vai passar por lá

 

Pensa pensa pensamento

Tem sustém sustento

Fé café com pão

Com pão com pão companheiro

Para paradeiro

Mão irmão irmão

 

Na mão, o ferro, a ferragem

O elo, a montagem do motor

E a gente dessa engrenagente

Dessa engrenagente

Dessa engrenagente

Dessa engrenagente sai maior

 

As cabeças levantadas

Máquinas paradas

Dia de pescar

Pois quem toca o trem pra frente

Também de repente

Pode o trem parar

 

Eu não sei bem o que seja

Mas sei que seja o que será

 

O que será que será que se veja

Vai passar por lá

 

Gente que conhece a prensa

A brasa da fornalha

O guincho do esmeril

Gente que carrega a tralha

Ai, essa tralha imensa

Chamada Brasil

 

Sambe sambe São Bernardo

Sanca São Caetano

Santa Santo André

Dia a dia Diadema

Quando for, me chame

Pra tomar um mé

 

O velho Francisco (Chico Buarque, 1987)

 

Já gozei de boa vida

Tinha até meu bangalô

Cobertor, comida

Roupa lavada

Vida veio e me levou

 

Fui eu mesmo alforriado

Pela mão do imperador

Tive terra, arado

Cavalo e brida

Vida veio e me levou

 

Hoje é dia de visita

Vem aí meu grande amor

Ela vem toda de brinco

Vem todo domingo

Tem cheiro de flor

 

Quem me vê, vê nem bagaço

Do que viu quem me “enfrentou

Campeão do mundo

Em queda de braço

Vida veio e me levou

 

Li jornal, bula e prefácio

Que aprendi sem professor

Frequentei palácio

Sem fazer feio

Vida veio e me levou

 

Hoje é dia de visita

Vem aí meu grande amor

Ela vem toda de brinco

Vem todo domingo

Tem cheiro de flor

 

Eu gerei dezoito filhas

Me tornei navegador

Vice-rei das ilhas

Da Caraíba

Vida veio e me levou

 

Fechei negócio da China

Desbravei o interior

Possuí mina

De prata, jazida

Vida veio e me levou

 

Hoje é dia de visita

Vem aí meu grande amor

Hoje não deram almoço, né

Acho que o moço até

Nem me lavou

 

Acho que fui deputado

Acho que tudo acabou

Quase que

Já não me lembro de nada

Vida veio e me levou

 

Injuriado (Chico Buarque, 1998)

 

Se eu só lhe fizesse o bem

Talvez fosse um vício a mais

Você me teria desprezo por fim

Porém não fui tão imprudente

E agora não há francamente

Motivo pra você me injuriar assim

 

Dinheiro não lhe emprestei

Favores nunca lhe fiz

Não alimentei o seu gênio ruim

Você nada está me devendo

Por isso, meu bem, não entendo

Porque anda agora falando de mim

 

Chico queria mais um samba para completar o álbum, que já tinha onze faixas. Pensou em gravar “Dura na queda”, mas achou que não se encaixava nas características que o disco vinha tomando. Cogitou até em cantar música de outros compositores, como Geraldo Pereira, e finalmente decidiu ele mesmo fazer um samba como aqueles que fazia no início de carreira, “pra ser cantado com cerveja em mesa de bar”. Essa é a história simples e prosaica da canção.

Mas não faltou quem visse nos versos de “Injuriado” uma resposta ao então presidente – e candidato à reeleição – Fernando Henrique Cardoso, que, no livro Mundos em português, em conversa com o ex-presidente de Portugal Mário Soares, resolveu tecer considerações sobre Chico: “quer ser crítico mas é repetitivo”, ou é um artista da “elite tradicional” e outras coisas. Em 1994, Chico apoiou Lula para presidente, enquanto Caetano Veloso e Gilberto Gil ficaram com Fernando Henrique. Talvez por isso, no mesmo livro o ex-presidente se rasgue em elogios à dupla. Porém a tentativa anacrônica de reviver uma polarização falsa desde sua origem saiu como um tiro pela culatra. Os baianos, em uníssono, defenderam Chico.

Fonte: Wagner Homem. “Histórias de canções: Chico Buarque”.

 

Iracema voou (Chico Buarque, 1998)

 

Iracema voou

Para a América

Leva roupa de lã

E anda lépida

Vê um filme de quando em vez

Não domina o idioma inglês

Lava chão numa casa de chá

 

Tem saído ao luar

Com um mímico

Ambiciona estudar

Canto lírico

Não dá mole pra polícia

Se puder, vai ficando por lá

Tem saudade do Ceará

Mas não muita

Uns dias, afoita

Me liga a cobrar:

— É Iracema da América

 

Assim como a minissérie Anos dourados, o filme For all, de Luiz Carlos Lacerda e Buza Ferraz, também foi apressadinho e não esperou a composição ficar pronta. “O filme foi finalizado em três ou quatro meses, e a música me pediu sete”, diz o autor. Mas Chico tomou emprestado o nome da personagem Iracema, uma moça que quer ir para a América — anagrama de Iracema —, para descrever os sonhos e dificuldades dos brasileiros nos Estados Unidos.

Fonte: Wagner Homem. “Histórias de canções: Chico Buarque”.

 

Sonhos sonhos são (Chico Buarque, 1998)

 

Negras nuvens

Mordes meu ombro em plena turbulência

A aeromoça nervosa pede calma

Aliso teus seios e toco

O exaltado coração

Então despes a luva para eu ler-te a mão

E não tem linhas tua palma

 

Sei que é sonho

Incomodado estou, num corpo estranho

Com governantes da América Latina

Notando meu olhar ardente

Em longínqua direção

Julgam todos que avisto alguma salvação

Mas não, é a ti que vejo na colina

 

Qual esquina dobrei às cegas

E caí no Cairo, ou Lima, ou Calcutá

Que língua é essa em que despejo pragas

E a muralha ecoa

 

Em Lisboa

Faz algazarra a malta em meu castelo

Pálidos economistas pedem calma

Conduzo tua lisa mão

Por uma escada espiral

E no alto da torre exibo-te o varal

Onde balança ao léu minh’alma

 

Em Macau, Maputo, Meca, Bogotá

Que sonho é esse de que não se sai

E em que se vai trocando as pernas

E se cai e se levanta noutro sonho

 

Sei que é sonho

Não porque da varanda atiro pérolas

 

E a legião de famintos se engalfinha

Não porque voa nosso jato

Roçando catedrais

Mas porque na verdade não me queres mais

Aliás, nunca na vida foste minha


Economia em Letras de Música: Dinheiro, Salário, Dívida, Vagabundagem…

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Pesquisando no Spotify por palavra-chave, descobri diversas letras de músicas cujo tema é dinheiro. Curiosamente, sob o título “Dinheiro Vem, Dinheiro Vai” achei duas letras (reproduzidas abaixo), porém não a do Jorginho do Império (vídeo acima).

Também não achei as letras das marchinhas de carnaval: Eu brinco / Barrigudo, Careca e Sem Dinheiro! / Me Dá Um Dinheiro Aí / Eu Queria Ser Dinheiro / Se tivesse um milhão / Dinheiro é pra Gastar (Cantores: Jorge Goulart e Marlene). Mas anotei, mentalmente, uma marchinha com a qual me identifiquei: 🙂

Velho, barrigudo, careca e sem dinheiro

Barrigudo, careca e sem dinheiro

Não pode ser, não pode ser

O homem para dar sorte com mulher

Tem que ter algum negócio qualquer

Se é moço, rico e cabeludo

Com ele vale-tudo

Com ele vale-tudo

Se é velho, careca e não é endinheirado

Só apanha, só apanha resfriado

Atchim!

Escute em:

https://open.spotify.com/track/2WPoPleSDRp2uVUB0Q3Jr7

http://www.deezer.com/track/80666118

II Lista de Economia em Letras de Música:

  1. Eu brinco / Barrigudo, Careca e Sem Dinheiro! / Me Dá Um Dinheiro Aí / Eu Queria Ser Dinheiro / Se tivesse um milhão / Dinheiro é pra Gastar (Cantores: Jorge Goulart e Marlene)
  2. O Dinheiro Não É Tudo Mas É 100% (Compositores: Falcão/Tarcísio Matos)
  3. Não Quero Dinheiro, Só Quero Amar (Tim Maia)
  4. Pra Que Dinheiro (Martinho da Vila)
  5. Pecado Capital (Paulinho da Viola)
  6. Dinheiro Vai, Dinheiro Vem (Jaque Barraqueira)
  7. Dinheiro Vai, Dinheiro Vem (MC CB)
  8. Acertei No Milhar (Moreira da Silva / Compositores: Wílson Batista & Geraldo Pereira)
  9. Não Há Dinheiro Que Pague (Roberto Carlos / Compositor: Renato Barros)
  10. Falta Um Zero no Meu Ordenado (Ary Barroso)
  11. Dezessete e Setecentos (Luiz Gonzaga)
  12. Dinheiro Não É Semente (Ciro Monteiro / Compositores: Felisberto Martins E Mutt)
  13. O Assunto é Dinheiro (Jackson do Pandeiro)
  14. O que vale a nota sem o carinho da mulher (Jorge Veiga)
  15. Cem Mil Réis (Noel Rosa)
  16. Só o Meu Salário Não (Fabio Brazza)
  17. Garoto de Aluguel (Zé Ramalho)
  18. Dívidas (Titãs / Compositores: Branco Mello & Arnaldo Antunes)
  19. Dívida (O Rappa / Compositor: Tonho Crocco/ Ultramen)
  20. Endividado (Forró da Sacanagem)
  21. O Endividado (Ton Oliveira)
  22. Endividado (Skuba / Compositores: S. Soffiatti, R. Cerqueira, Thaíde)
  23. Dia de Pagamento (Forró Real)
  24. Como É Duro Trabalhar (Toquinho e Vinícius)
  25. Vai Trabalhar Vagabundo (Chico Buarque)
  26. Vagabundo (Ney Matogrosso)
  27. Abrigo de Vagabundos (Adoniran Barbosa)
  28. Vagabundo (Sérgio Reis)
  29. Vagabundo É Foda (Oriente)
  30. Pega Ladrão! (Gabriel O Pensador)

O Dinheiro Não É Tudo Mas É 100% (Compositor: Falcão/Tarcísio Matos)

2 mais 2 são 4

Sexta-feira à noite

O quadrado de 69 é pura esculhambação

Que gente besta não conta

E sabido se atrapalha

Pois fazer conta de cabeça, noves fora nada

Legal que só!

Entrar pra vida legislativa

Puxar o trem com a caneta

(De trás pra frente)

Cheio de parentes, de agregados,

De aderentes, etc. e tal

 

2 mais 2 nunca é 4

Segunda-feira de manhã

1000 meu com 1000 seu é a comissão

Que o tesoureiro se assusta

Mas passa o recibo

Diz que não está por dentro e tira 10%

Legal que só!

Entrar pra vida legislativa

Pra me eleger

Posso contar, humildemente

Com meus parentes, meus agregados,

Meus aderentes e depois tchau!

 

Não Quero Dinheiro, Só Quero Amar (Tim Maia)

 

Vou pedir pra você voltar

Vou pedir pra você ficar

Eu te amo

Eu te quero bem

Vou pedir pra você gostar

Vou pedir pra você me amar

Eu te amo

Eu te adoro, meu amor

A semana inteira fiquei esperando

Pra te ver sorrindo

Pra te ver cantando

Quando a gente ama não pensa em dinheiro

Só se quer amar

Se quer amar

Se quer amar

De jeito maneira

Não quero dinheiro

Eu quero amor sincero

Isto é que eu espero

Grito ao mundo inteiro

Não quero dinheiro

Eu só quero amar

 

Espero para ver se você vem

Não te troco nessa vida por ninguém

Porque eu te amo

Eu te quero bem

Acontece que na vida a gente tem

Que ser feliz por ser amado por alguém

Porque eu te amo

Eu te adoro, meu amor

 

A semana inteira fiquei esperando

Pra te ver sorrindo

Pra te ver cantando

Quando a gente ama não pensa em dinheiro

Só se quer amar

Se quer amar

Se quer amar

De jeito maneira

Não quero dinheiro

Eu quero amor sincero

Isto é que eu espero

Grito ao mundo inteiro

Não quero dinheiro

Eu só quero amar [2x]

 

De jeito maneira

Não quero dinheiro

Eu quero amor sincero

Isto é que eu espero

Grito ao mundo inteiro

Não quero dinheiro

Eu só quero amar

 

Pra Que Dinheiro (Martinho da Vila)

 

Dinheiro pra que dinheiro

Se ela não me dá bola

Em casa de batuqueiro

Só quem fala alto é viola

 

Venha depressa, correndo pro samba

Porque o samba já vai terminar

Afina logo a sua viola

E canta samba até o sol raiar

 

Mas, dinheiro pra que dinheiro…

 

Eu era um cara muito solitário

Não tinha mina pra me namorar

Depois que eu comprei uma viola

Arranjo nega de qualquer lugar

 

Dinheiro pra que dinheiro…

 

Eu tinha grana

Me levaram a grana

Fiquei quietinho

Nem quis reclamar

Mas, se levarem

A minha viola, não me segura

Porque eu vou brigar

 

Dinheiro pra que dinheiro …

 

Pára depressa com essa viola

Porque o samba já vai terminar

Eu vou depressa correndo pra casa

Pegar a marmita para ir trabalhar

 

Dinheiro pra que dinheiro….

 

Pecado Capital (Paulinho da Viola)

 

Dinheiro na mão é vendaval

É vendaval

Na vida de um sonhador

De um sonhador

Quanta gente aí se engana

E cai da cama

Com toda a ilusão que sonhou

E a grandeza se desfaz

Quando a solidão é mais

Alguém já falou.

 

Mas é preciso viver

E viver

Não é brincadeira não

Quando o jeito é se virar

Cada um trata de si

Irmão desconhece irmão

E aí

Dinheiro na mão é vendaval

Dinheiro na mão é solução

E solidão

Dinheiro na mão é vendaval

Dinheiro na mão é solução

E solidão

 

Dinheiro na mão é vendaval

É vendaval

Na vida de um sonhador

De um sonhador

Quanta gente aí se engana

E cai da cama

Com toda a ilusão que sonhou

E a grandeza se desfaz

Quando a solidão é mais

Alguém já falou

 

Mas é preciso viver

E viver

Não é brincadeira não

Quando o jeito é se virar

Cada um trata de si

Irmão desconhece irmão

E aí

Dinheiro na mão é vendaval

Dinheiro na mão é solução

E solidão

Dinheiro na mão é vendaval

Dinheiro na mão é solução

E solidão

E solidão

E solidão

E solidão

 

Dinheiro Vai, Dinheiro Vem (Jaque Barraqueira)

 

A vida e dura, ela e pesada.

Tem uns com muito, e outros que.

Não tem nada.

Sigo lutando, mas não sei onde.

Chegar tem gente suja querendo

Me governar,e eles mentem só pra ficar lá

No alto, um dia desses vamos saber do assalto.

Fico olhando tudo isso acontecer

Assisto tudo o que passa da tv

E do meu carro vejo pessoas sofridas

Tirando onda com bagulho na avenida

Passo por elas, mas não sei qual é o perigo.

Diz-me ai quero saber quem é o bandido

 

Dinheiro vai, dinheiro vem.

Quem pode pode não faz nada por ninguém

Dinheiro vai, dinheiro vem.

Quem pode pode não faz nada por ninguém

 

É o dia á dia é o pobre já esta acostumado

Diz-me ai quero saber quem é o culpado

É eles ficam com o bolso cheio de grana

Na maior pose dando uma de bacana

É a miséria que afeta o cidadão

Diz-me ai quero saber quem é o ladrão

 

Dinheiro Vai, Dinheiro Vem (MC CB)

Sigo sempre avançado e veloz

Um letrista afiado e feroz

Os que pá que acha que quem tá

Somos nós pera aí Cb

excedendo a voz

 

Coração é de pedra é gelado

Nessas ruas de orgias treinado

Ei garçom e meu drinque, viado

Tem dinheiro pode vir meu chegado

 

O controle da festa nós embaça

Tô com as gata do giro e mais

Com dinheiro o sorrisinho vem de graça

Elas pira na moeda e nem disfarça

E fica cheia de graça

 

Dinheiro vai, dinheiro vem

E elas focada pousada fisgada

Nas nota de cem

Dinheiro vai, dinheiro vem

Depois da vip a suite mais chique

vai vira um harém

Harém vai virar um harém

Harém Ôô vai virar

 

Acertei No Milhar (Moreira da Silva / Compositor: Wílson Batista & Geraldo Pereira)

 

– Etelvina!

– O que é, Moringueira?

– Acertei no milhar

Ganhei 500 milhas

Não vou mais trabalhar

Você dê toda a roupa velha aos pobres

E a mobília podemos quebrar

Isto é pra já

Vamos quebrar

 

Pegou um móvel bacana a bessa

Jogou na parede

– Pode quebrar minha filha

O pai tá com tudo

Nota de mil que é bom

Tá morando aqui no buraco do pano

Quer ver? Não tiro poque não fica bem

 

Etelvina

Vai ter outra lua-de-mel

Você vai ser madame

Vai morar no Palace Hotel

Eu vou comprar um nome não sei onde

De Marquês Moringueira de Visconde

Um professor de francês, mon amour

Eu vou trocar seu nome

Pra madame Pompadour

Até que enfim agora eu sou feliz

Vou passear Europa toda até Paris

 

E nossos filhos?

– Oh, que inferno!

Eu vou pô-los num colégio interno

Telefone pro Mané do armazém

Porque não quero ficar

Devendo nada a ninguém

E vou comprar um avião azul

Para percorrer a América do Sul

 

Mas de repente, de repenguente

Etelvina me chamou

Está na hora do batente

Mas de repente

Etelvina me chamou

Disse: Acorda Vargolino

Mete os peitos pelos fundos

Que na frente tem gente

 

Foi um sonho, minha gente!

 

Não Há Dinheiro Que Pague (Roberto Carlos / Compositor: Renato Barros)

Eu sempre acreditei que a qualquer hora

Eu pudesse lhe deixar

E pensei que sem você

Não poderia nunca me queixar

Mas quando fiquei sem lhe ver

Então é que eu pude entender

Que não há dinheiro no mundo

Que me pague a saudade de você

 

Não há dinheiro no mundo

Que me pague a saudade de você

E agora que você de novo está comigo

Eu posso até dizer

Que foi tão grande o castigo

Mas me fez enfim compreender

 

O erro que eu cometi

Sofrendo porém aprendi

Que não há dinheiro no mundo

Que me pague a saudade que senti

Não há dinheiro no mundo

Que me pague a saudade que senti

Não há dinheiro no mundo

Que me pague a saudade que senti

 

Falta Um Zero no Meu Ordenado (Ary Barroso)

 

Trabalho como louco

Mas ganho muito pouco

Por isso eu vivo sempre atrapalhado

Fazendo faxina

Comendo no “China”

Tá faltando um zero no meu ordenado

 

Trabalho como louco

Mas ganho muito pouco

Por isso eu vivo sempre atrapalhado

Fazendo faxina

Comendo no “China”

Tá faltando um zero no meu ordenado

 

Tá faltando sola no meu sapato

Somente o retrato

Da rainha do meu samba

É que me consola

Nesta corda bamba

 

Dezessete e Setecentos (Luiz Gonzaga)

 

Eu lhe dei vinte mil réis pra pagar tês e trezentos

 

Você tem que me voltar: dezesseis e setecentos

dezessete e setecentos

Dezesseis e setecentos

Mas se eu lhe dei vinte mil réis pra pagar três e trezentos você tem que me voltar

– Dezesseis e setecentos

Mas dezesseis e setecentos?

– Dezesseis e setecentos

 

– Por que dezesseis e setecentos?

Por que dezesseis e setecentos?

Mas se eu lhe dei vinte mil Réis pra pagar três e trezentos

Você tem que me voltar é…

 

Sou diplomado, frequentei a academia

– Dezesseis e setecentos?

Conheço geografia, sei até multiplicar

– Dezesseis e setecentos?

Dei vinte mango para pagar três e trezentos

 

Dezessete e setecentos você tem que me voltar

 

Mas eu lhe dei vinte mil réis pra pagar três e trezentos

– Dezesseis e setecentos

– Mas dezesseis e setecentos?

– Dezesseis e setecentos?

Se eu lhe dei vinte mil´Réis

pra pagar três e trezentos você tem que me voltar é…

-Dezesseis e setecentos

– Dezesseis e setecentos?

Você tem que voltar dezessete e setecentos

Eu acho bom você tirar os nove fora

 

Evitar que eu vá embora e deixe a conta sem pagar

 

Eu já lhe disse que essa droga tá errada

Vou buscar a tabuada e volta aqui pra lhe provar

 

Você tem que me voltar é….

Dezesseis e setecentos

Por que dezesseis e setecentos?

-Dezesseis e setecentos?

Não ´e dezessete e setecentos?

 

Dinheiro Não É Semente (Ciro Monteiro / Compositor: Felisberto Martins E Mutt)

 

Dinheiro não é semente

Que, plantando, dá.

Se eu quero ver a cor dele,

Eu tenho que trabalhar.

Se alinhado,

É porque tenho gosto.

Se ando endinheirado

É com o suor do meu rosto.

(bis)

 

Não vivo por ver um outro viver

Vivo porque sei compreender

Que, sem trabalhar,

Eu não vivo sossegado.

Na tesoura dos amigos

Eu ando sempre cortado

 

E o dinheiro não é…

 

O Assunto é Dinheiro (Jackson do Pandeiro)

Escute em: https://open.spotify.com/track/0FayUeqhsQy5Oiz2X5KBUS

 

O que vale a nota sem o carinho da mulher (Jorge Veiga)

Escute em: https://open.spotify.com/track/5R2sPEY0NDtums6UQLGs5k

 

Cem Mil Réis (Noel Rosa)

Você me pediu cem mil réis,

Pra comprar um soirée,

E um tamborim,

O organdi anda barato pra cachorro,

E um gato lá no morro,

Não é tão caro assim.

 

Não custa nada,

Preencher formalidade,

Tamborim pra batucada,

Soirée pra sociedade,

Sou bem sensato,

Seu pedido atendi,

Já tenho a pele do gato,

Falta o metro de organdi.

 

Sei que você,

Num dia faz um tamborim,

Mas ninguém faz um soirée,

Com meio metro de cetim,

De soirée,

Você num baile se destaca,

Mas não quero mais você,

Porque não sei vestir casaca.

 

Só o Meu Salário Não (Fabio Brazza)

https://www.youtube.com/watch?v=7jpldHXKChc

Ô Brazza! Situação tá complicada pra mim esse mês hein mano!

Ixe Garden, pra mim também meu, ’tá’ osso

 

Aumentou, o preço da carne e o quilo do pão

Aumentou, o câmbio do dólar e a corrupção (e aumentou)

Aumentou, o custo de vida para o cidadão

Só o meu salário não, só o meu salário não!

Eu falei que aumentou?

Aumentou, o preço da carne e o quilo do pão

Aumentou, o câmbio do dólar e a corrupção (e aumentou)

Aumentou, o custo de vida para o cidadão

Só o meu salário não, só o meu salário não!

Só o meu salário não, só o meu salário não!

 

MC Garden

Aumentou minha rima

E o número de mina que se vende na esquina

Aumentou no Brasil a quantidade de chacina

E só pra piorar mais aumentaram gasolina…

 

Aumentou o imposto

E aumentou a fila da farmácia lá do posto

Criança que o pai deixa com Hematoma no rosto

E consequentemente aumentou nosso desgosto…

 

Na biqueira do morro aumentou mais o consumo

A mãe pediu socorro pois seu filho tá sem rumo

Gastando o seu torro na pedra que faz de fumo,

Se tornou dependente…

 

Eu corro pra resolver a responsa que assumo

Porque esse meu povo não pode perder o prumo

Percorro um caminho longo que não tem resumo

Então bola frente…

 

E nas avenidas

Aumentaram os radares numa grande proporção

Na habilitação aumentou a pontuação

Mesmo com ciclovia aumentou a poluição

 

E na escola da favela

Esvaziaram a sala e acabaram enchendo a cela

Aumentaram os menores traficando na viela

Já que ninguém deu trela aumentou mais a sequela

 

Na rede social aumentou meus seguidores

Geração de pensadores, alunos e professores

E no meu canal do youtube também aumentou

O número de visualização

 

Aumentou minha alegria confesso para os senhores

Mas restou uma agonia referente aos valores

A questão que me atormenta é:

Por que aqui tudo aumenta só o meu salário não?

 

Só o meu salário não, só o meu salário não!

Eu falei que aumentou?

Aumentou, o preço da carne e o quilo do pão

Aumentou, o câmbio do dólar e a corrupção (e aumentou)

Aumentou, o custo de vida para o cidadão

Só o meu salário não, só o meu salário não!

Só o meu salário não, só o meu salário não!

 

Vai Fabio Brazza!

 

E aumentou o gás e a conta de luz

Aumentou ainda mais a fila do SUS

Violência voraz que não se reduz

E os IPVAs e IPTUs

 

Que situação o povo não tem condição

Aumentou até a condução

Mas tem gente feliz porque diz

Que aumentou a bunda da Mulher Melão

 

E a corrupção só se faz aumentar

E apesar de pesar é de se lamentar

Que aumentou a taxa tributária

E a conta bancária do parlamentar

 

Enquanto no plenário o salafrário

Vai ficando milionário

Meu salário ainda anda

Mais baixinho que o Romário

 

Chega a ser irônico

Nesse aperto econômico

Tanto preço astronômico

 

E aumentou a família e a comida na mesa

Aumentou minha despesa e o desprezo com idoso

E aumentou minha tristeza e eu fiquei tão nervoso

Que aumentou minha pressão

 

Coração não aguenta, a mulher se lamenta

A gente até tenta porém meu irmão

Como é que se sustenta se tudo aumenta…

Só o meu salário não?

 

Só o meu salário não, só o meu salário não!

Só o meu salário não, só o meu salário não!

Eu falei que aumentou?

 

Garoto de Aluguel (Zé Ramalho)

 

Baby !

Dê-me seu dinheiro que eu quero viver

Dê-me seu relógio que eu quero saber

Quanto tempo falta para lhe esquecer

Quanto vale um homem para amar você

Minha profissão é suja e vulgar

Quero pagamento para me deitar

Junto com você estrangular meu riso

Dê-me seu amor que dele não preciso

 

Baby !

Nossa relação acaba-se assim

Como um caramelo que chega-se ao fim

Na boca vermelha de uma dama louca

Pague meu dinheiro e vista sua roupa

Deixe a porta aberta quando for saindo

Você vai chorando e eu fico sorrindo

Conte pras amigas que tudo foi mal

Nada me preocupa de um marginal

 

Baby !

Nossa relação acaba-se assim

Como um caramelo que chegas-e ao fim

Na boca vermelha de uma dama louca

Pague meu dinheiro e vista sua roupa

Deixe a porta aberta quando for saindo

Você vai chorando e eu fico sorrindo

Conte pras amigas que tudo foi mal

Nada me preocupa de um marginal

 

Dívidas (Titãs / Compositor: Branco Mello & Arnaldo Antunes)

 

Meu salário

Desvalorizou

Dívidas, juros, dividendos.

Credores credores credores,

Agora é assim.

Senhores senhores senhores,

Tenham pena de mim.

Muito já gastei,

Vive como rei.

Diversões, luxo, divertimento.

Credores credores credores,

Agora é assim.

Senhores senhores senhores,

Fiquem longe de mim.

 

Dívida (O Rappa / Compositor: Tonho Crocco/ Ultramen)

 

Um homem com palavra é um homem da verdade

É requisito básico pra personalidade

Não importa a idade a cidade ou a nação

Respeito é herança da civilização

 

A taxa é zero o juro é alto vamos conversar

Ressarcimento pagamento vamos negociar

Aquela dívida de uns anos atrás está bem viva

Você não lembra mais

 

Não é só na Santana Leopoldina ou Parthenon

A honra é coisa muito séria em qualquer região

Aquele safado me deve e deve pra você também

E ainda por cima de tudo acha que tá tudo bem

 

A taxa é zero o juro é alto vamos conversar

Ressarcimento pagamento vamos negociar

Aquela dívida de uns anos atrás está bem viva

Você não lembra mais

 

A sua justificativa é o ensino escolar

Ele não aprendeu a dividir só quer multiplicar

Amigo chega de conversa já estou passando mal

Resolveremos esse cálculo no distrito policial

 

A taxa é zero o juro é alto vamos conversar

Ressarcimento pagamento vamos negociar

Aquela dívida de uns anos atrás está bem viva

Você não lembra mais

 

Endividado (Forró da Sacanagem)

 

Todo final de mês

Quando chega meu cartão

Eita fatura muito doido

Que me lasca meu irmão

Passo o cartão pra sair

Pra me divertir

Comprei um carro rebaixado

tô de borça por ai. (2x)

 

Pra acabar de completar

Comprei roda e paredão

Onde eu chegou sou gostoso

Onde eu paro eu sou gatão

Saio pra curtir, na fita por ai

Ninguém sabe o que eu faço

Eu não nego sou assim.

 

Endividado: tô estourado!

Coloquei roda no meu carro, paredão tá pipocado

Individado: tô estourado!

Aonde eu chegou sou gostoso,aonde eu paro eu sou gatão. (2x)

 

Todo final de mês

Quando chega meu cartão

Eita fatura muito doido

Que me lasca meu irmão

Passo o cartão pra sair

Pra me divertir

Comprei um carro rebaixado

tô de borça por ai. (2x)

 

Pra acabar de completar

Comprei roda e paredão

Onde eu chegou sou gostoso

Onde eu paro eu sou gatão

Saio pra curtir, na fita por ai

Ninguém sabe o que eu faço

Eu não nego sou assim.

 

Individado: tô estourado!

Coloquei roda no meu carro, paredão tá pipocado

Individado: tô estourado!

Aonde eu chegou sou gostoso, aonde eu paro eu sou gatão. (2x)

 

O Endividado (Ton Oliveira)

 

Eu sou humilde, honesto e trabalhador

Igual a maioria do povo brasileiro

Que dá um duro pra sustentar a familia

E quando chega o fim do mês não vê a cor do dinheiro

 

É aluguel, é água luz e telefone

E o que me resta não dá pra fazer a feira

Me chega conta toda hora todo dia

E pra sair dessa agonia eu vou cair na bebedeira

 

Ai meu Deus do céu

Como é que eu pago as minhas contas

Ai meu Deus do céu

Quando é que eu fico sem dever? (2x)

 

Chega a cobrança do colégio dos meninos

Segunda-feira tenho uns cheques pra cobrir

O telefone eu já nem vou mais atender

Já começo a me esconder e boto a mulher pra mentir

 

Ai meu Deus do céu

Como é que eu pago as minhas contas

Ai meu Deus do céu

Quando é que eu fico sem dever? (2x)

 

Eu sou humilde, honesto e trabalhador

Igual a maioria do povo brasileiro

Que dá um duro pra sustentar a familia

E quando chega o fim do mês não vê a cor do dinheiro

 

É aluguel, é água luz e telefone

E o que me resta não dá pra fazer a feira

Me chega conta toda hora todo dia

E pra sair dessa agonia eu vou cair na bebedeira

 

Ai meu Deus do céu

Como é que eu pago as minhas contas

Ai meu Deus do céu

Quando é que eu fico sem dever? (2x)

 

Chega a cobrança do colégio dos meninos

Segunda-feira tenho uns cheques pra cobrir

O telefone eu já nem vou mais atender

Já começo a me esconder e boto a mulher pra mentir

 

Ai meu Deus do céu

Como é que eu pago as minhas contas

Ai meu Deus do céu

Quando é que eu fico sem dever? (2x)

 

Endividado (Skuba / Compositores: S. Soffiatti, R. Cerqueira, Thaíde)

 

Eu to cansado

Vê se me deixa dormir

To preocupado

Já não consigo mais rir

‘cê ta por fora

não sabe da situação

não tem mais jeito

já to devendo um milhão

todo mundo ta atrás de mim

é cobrança que não tem mais fim

endividado eu já pensei em fugir

endividado se for pra mim eu saí

endividado eu já pensei em fugir

endividado me dá um dinheiro aí

to pendurado e ainda penso em comprar

mas eles sabem que não consigo pagar

to encanado com essa situação

não teu mais jeito agora só com oração

dinheiro, dinheiro, quem quer dinheiro???

É a frase mais usada no mundo inteiro

Uma merda que não feita no banheiro

Se fosse, seria protegido

Por arame farpado e cão perdigueiro

O pote no fim do arco-íris

É de quem chegar primeiro

O contingente atrás de emprego

Parece formigueiro

A saída não é arrebentar carro forte

Com fuzil AR-15 e morteiro

Bom seria se minha grana

Enchesse um trem cargueiro

A avareza é consequência do dinheiro

 

Dia de Pagamento (Forró Real)

 

Não venha me dizer que até agora trabalhou

Pois eu não acredito, esse papo me cansou

Por que é que sexta feira que você demora assim?

Será que você está saindo à toa por aí?

 

Você não acredita, mais eu vou lhe dizer

Dia de pagamento é um tormento, cedo eu não posso sair

Você tem que acreditar em mim, eu não vou lhe enganar

Fico contando nos dedos as horas de voltar pra lhe amar

 

Pois cadê o seu batom? Fui lanchar e saiu

E o perfume que usou? Com o tempo sumiu

Essa roupa amassada, suada o que será que ela viu? (2x)

 

Como É Duro Trabalhar (Toquinho e Vinícius)

 

Fui caminhando, caminhando

À procura de um lugar

Com uma palhoça, uma morena

E um cantinho pra plantar

 

Achei a terra, vi a casa

Só faltava capinar

Mas sem o colo da morena

Quem sou eu pra me abusar

 

E lá vou eu

Paro aqui, paro acolá

E lá vou eu

Como é duro trabalhar

 

E vou cantando, tiro moda

Faço roda no arraial

Busco a morena de olho em calda

Cheiro de canavial

 

E bico essa, bico aquela

Vou bicando sem parar

Mas não tem mais moça donzela

Que mereça eu me abusar

 

Vai Trabalhar Vagabundo (Chico Buarque)

 

Vai trabalhar, vagabundo

Vai trabalhar, criatura

Deus permite a todo mundo

Uma loucura

Passa o domingo em familia

Segunda-feira beleza

Embarca com alegria

Na correnteza

 

Prepara o teu documento

Carimba o teu coração

Não perde nem um momento

Perde a razão

Pode esquecer a mulata

Pode esquecer o bilhar

Pode apertar a gravata

Vai te enforcar

Vai te entregar

Vai te estragar

Vai trabalhar

 

Vê se não dorme no ponto

Reúne as economias

Perde os três contos no conto

Da loteria

Passa o domingo no mangue

Segunda-feira vazia

Ganha no banco de sangue

Pra mais um dia

 

Cuidado com o viaduto

Cuidado com o avião

Não perde mais um minuto

Perde a questão

Tenta pensar no futuro

No escuro tenta pensar

Vai renovar teu seguro

Vai caducar

Vai te entregar

Vai te estragar

Vai trabalhar

 

Passa o domingo sozinho

Segunda-feira a desgraça

Sem pai nem mãe, sem vizinho

Em plena praça

Vai terminar moribundo

Com um pouco de paciência

No fim da fila do fundo

Da previdência

Parte tranquilo, ó irmão

Descansa na paz de Deus

Deixaste casa e pensão

Só para os teus

A criançada chorando

Tua mulher vai suar

Pra botar outro malandro

No teu lugar

Vai te entregar

Vai te estragar

Vai te enforcar

Vai caducar

Vai trabalhar

Vai trabalhar

Vai trabalhar

 

Vagabundo (Ney Matogrosso)

 

Acordei, o sol na minha cara

Cara que mamãe beijou

Sol vagabundo, nenhum

Vagabundo que sou

Acordando tarde

Antes tarde do que numa hora certa, errada

Nada disso era o que eu queria

Acordar no susto com esse sol na minha cara

Estilhaços, bombas, bumbos e mil gritos de araras

O ruido luminoso, alto e claro desse sol na minha cara

(bis)

 

Nem todo conselho é bom

Nem todo automóvel, táxi

Nem todo sopro é de saxi

Nem todo filé, mignon

Nem toda arte é um dom

Nem todo voto é secreto

Nem todo amigo é discreto

Nem todo batuque é samba

Nem toda casa é de bamba

Nem todo malandro, esperto

 

Acordei, o sol na minha cara

Cara que mamãe beijou

Sol vagabundo, nenhum

Vagabundo que sou

Acordando tarde

Antes tarde do que numa hora certa, errada

Nada disso era o que eu queria

Acordar no susto com esse sol na minha cara

Estilhaços, bombas, bumbos e mil gritos de araras

O ruído luminoso, alto e claro desse sol na minha cara

 

Abrigo de Vagabundos (Adoniran Barbosa)

 

Eu arranjei o meu dinheiro

Trabalhando o ano inteiro

Numa cerâmica

Fabricando potes

e lá no alto da Moóca

Eu comprei um lindo lote dez de frente e dez de fundos

Construí minha maloca

Me disseram que sem planta

Não se pode construir

Mas quem trabalha tudo pode conseguir

 

João Saracura que é fiscal da Prefeitura

Foi um grande amigo, arranjou tudo pra mim

Por onde andará Joca e Matogrosso

Aqueles dois amigos

Que não quis me acompanhar

Andarão jogados na avenida São João

Ou vendo o sol quadrado na detenção

 

Minha maloca, a mais linda que eu já vi

Hoje está legalizada ninguém pode demolir

Minha maloca a mais deste mundo

Ofereço aos vagabundos

Que não têm onde dormir

 

Vagabundo (Sérgio Reis)

 

Eu nasci como nasce qualquer vagabundo

até hoje eu não soube quem foram meus pais

Eu cresci nas tabernas ao som das garrafas

pescando de linha na beira do cais

se eu almoço eu não janto se janto eu não sei

pra mim é o bastante comer uma vez

pra casa eu não levo nenhum desaforo

eu visito a cadeia 10 vezes por mês

Nas noites escuras se tenho dinheiro

às vezes me enfio num grosso tufão

nas noites de lua me encosto na esquina

tocando modinha com meu violão

lá pra meia noite que o sono me aperta

então eu me deito em qualquer lugar

as pedras da rua são meu travesseiro

e a porta da igreja me serve de lar

Se saio na rua disposto a brigar

todos se intimidam na minha navalha

e assim vou vivendo sem era nem beira

gozando as delicias da vida canária

Lenço no pescoço, cigarro no queixo

chapéu desabado, viola na mão

se encontro uma briga já vou provocando

e se toco a poeira levanta do chão

eu já quase apanhei de quatro indivíduos

na briga que eu fiz no bar do café

valeu a firmeza que eu tenho no pulso

valeu a destreza que tenho no pé

dei uma pernada que o chapéu voou

era levantar e tornar cair

Faço isso pra dar trabalho a policia

enquanto a morte não lembra de mim

 

Vagabundo É Foda (Oriente)

 

You don’t like me but your girlfriend do

She bump my music when she taking showers

Not caring if you like it or not I can just pause

But I rather continue

When I talk shit about you yo she doesn’t defend you

 

Ok, ok you make good money and work an honest job

And you like to call me a bum cause I haven’t blown up

And you talk shit about my tattoos but she likes them

You brag about your money but homie she ain’t excited

 

I write this with the intension to prove em that we are different

Yo soy vagabundo but listen homeboy I am gifted

I smell like weed and I’m not rich and I got homies who paint

And that’s the reason why you hating cause your girl can relate

You’re caught up on your high class views and forgot what life’s about

 

Oh baby you crazy but we living the fast life

You can wife her after to just make sure she act right

 

Oriente, Niterói, Rio de Janeiro

Liga 021 e chama nós pra fazer a festa

Aqui ninguém presta mas mesmo assim elas gostam

Vagabundo é foda, cambada de maconheiro

 

Oriente, Niterói, Rio de Janeiro

Liga 021 e chama nós fazer a festa

Aqui ninguém presta mas mesmo assim elas gostam

Vagabundo é foda, é foda

 

O pai dela fala pra ela não ouvir meu som

Mas pra mim ta tranquilão

Ela ouve mais o que eu falo

Quer fazer uma aposta

Se eu casar ela te troca

E te visita no sábado

Ainda te pede um trocado

 

Pra comprar um álcool pra mim

E vc ta assustado

Porque eu sou tatuado

Mal encarado

E magrin

Nunca fui de aturar sermão

Nem de sogro, nem patrão

A vida e uma estrada

E eu piloto no embalo

 

É oriente doutor

Tranquem suas janelas

Segurem suas donzelas

Que os magrin é o terror

A festa só começou

Vagabundo reinou

De cidade em cidade

Passamos levando amor

E eu que nem sempre calmo

Mas nunca preocupado

Vou fazendo o meu trabalho

Pra isso que Deus me mandou

 

Oriente, Niterói, Rio de Janeiro

Liga 021 e chama nós pra fazer a festa

Aqui ninguém presta mas mesmo assim elas gostam

Vagabundo é foda, cambada de maconhe

 

Oriente, Niterói, Rio de Janeiro

Liga 021 e chama nós fazer a festa

Aqui ninguém presta mas mesmo assim elas gostam

Vagabundo é foda, é foda

 

E na levada complicado, vagabundo assusta

Se tentar copiar aí que vagabundo frusta

Vagabundo é foda, se dorme leva a multa

Se comigo não morre, se eu tiver no mic vagabundo surta

 

Haikaiss e oriente, pensa, conta quantas vezes

Vim de 011, sem o 12, eu só colo com 13

Vagabundo passa intacto, sem o pacto

Vagabundo causa impacto na rede

Destruí, quem me roubava, com download gratuito

Porque se eu encher meu copo, não é pro alheio molhar o bico

 

Sua cara não me comove, sobrevivo sem teu suporte

Sete do nove, independência ou morte

Chino, nissin, pedro qualy

Cola self p., chega ai, assina mais um classic

Século xxi, vai ter que aguentar o contraste

Onde vagabundo mora até umas horas o rap nasce!

 

Próximo em prol de nós, união de praxe!

 

Oriente, Niterói, Rio de Janeiro

Liga 021 e chama nós fazer a festa

Aqui ninguém presta mas mesmo assim elas gostam

Vagabundo é foda, cambada de maconhe

 

Oriente, Haikaiss, são paulo, rio de janeiro

Liga o gordo e o Chuck e chama nós pra fazer a festa

Aqui ninguém presta mas mesmo assim elas gostam

Vagabundo é foda, é foda

 

Pega Ladrão! (Gabriel O Pensador)

 

“- Vossa Excelência, agora explique, mas não complique!

– Vossa Excelência, eu já expliquei! Eu não vi essa lista.

Eu afirmo com a mais absoluta certeza e sinceridade

Que eu nunca vi essa lista!

Não sei dessa lista, não quero saber e tenho raiva de quem sabe!

Quem disser que eu vi essa lista é um mentiroso,

E vai ter que provar! E se provar, vai se ver comigo!”

 

Pega ladrão! No Governo!

Pega ladrão! No Congresso!

Pega ladrão! No Senado!

Pega lá na Câmara dos Deputados!

Pega ladrão! No Palanque!

Pega ladrão! No Tribunal!

É por causa desses caras

Que tem gente com fome

Que tem gente matando

Etc e tal…

 

Pega, pega!

Pega, pega ladrão!

Pega, pega!

Pega, pega ladrão!

Pega, pega

Pega, pega ladrão!

A miséria só existe porque tem corrupção!

Pega, pega!

Pega, pega ladrão!

Pega, pega!

Pega, pega ladrão!

Pega, pega

Pega, pega ladrão!

Tira do Poder, Bota na prisão!

 

E você que é um simples mortal

Levando uma vidinha legal

Alguém já te pediu 1 real?

Alguém já te assaltou no sinal?

Você acha que as coisas vão mal?

Ou você tá satisfeito?

Você acha que isso é tudo normal?

Você acha que o país não tem jeito?

Aqui não tem terremoto

Aqui não tem vulcão

Aqui tem tempo bom

Aqui tem muito chão

Aqui tem gente boa

Aqui tem gente honesta

Mas no poder é que tem gente que não presta

 

“Eu fui eleito e represento o povo brasileiro.

Confie em mim que eu tomo conta do dinheiro.”

 

Pega, pega!

Pega, pega ladrão!

Pega, pega!

Pega, pega ladrão!

Pega, pega

Pega, pega ladrão!

A miséria só existe porque tem corrupção!

Pega, pega!

Pega, pega ladrão!

Pega, pega!

Pega, pega ladrão!

Pega, pega

Pega, pega ladrão!

Tira do Poder, Bota na prisão!

 

Tira esse malando do poder executivo!

Tira esse malandro do poder judiciário!

Tira esse malandro do poder legislativo!

Tira do poder que eu já cansei de ser otário!

Tira esse malandro do poder municipal!

Tira esse malandro do governo estadual!

Tira esse malandro do governo federal!

Tira a grana deles e aumenta o meu salário!

 

“- Tá vendo essa mansão sensacional?

Comprei com o dinheiro desviado do hospital.

– Ah! E o meu cofre cheio de dólar?

É o dinheiro que seria pra fazer mais uma escola.

– Precisa ver minha fazenda! Comprei só com o dinheiro da merenda!

– E o meu filhão? Um milhão só de mesada!

E tudo com o dinheiro das crianças abandonadas.

– E a minha esposa não me leva à falência

Porque eu tapo esse buraco com o rombo da Previdência.

– Vossa excelência, cê não viu meu avião?

Comprei com uma verba que era pra construir prisão!

– E a superlotação?

– Problema do povão! Não temos imunidade? Pra nós não pega não.”

 

Pega, pega!

Pega, pega ladrão!

Pega, pega!

Pega, pega ladrão!

Pega, pega

Pega, pega ladrão!

A miséria só existe porque tem corrupção!

Pega, pega!

Pega, pega ladrão!

Pega, pega!

Pega, pega ladrão!

Pega, pega

Pega, pega ladrão!

Tira do Poder, Bota na prisão!

 

A miséria só existe porque tem corrupção

Desemprego só aumenta porque tem corrupção

Violência só explode porque tem tanta miséria e desemprego

Porque tem tanta corrupção!

 

“Todos que me conhecem sabem muito bem que eu não admito

O enriquecimento do pobre e o empobrecimento do rico.”

 

E você, que nasceu nesse país

E que sonha e que sua pra ser feliz

Você presta atenção no que o candidato diz?

Ou cê vota em qualquer um, seu babaca?

E depois da eleição você cobra resultado?

Ou fica ai parado de braço cruzado?

Cê lembra em quem votou pra deputado?

E quem você botou lá no Senado?

 

Pega, pega!

Pega, pega ladrão!

Pega, pega!

Pega, pega ladrão!

Pega, pega

Pega, pega ladrão!

A miséria só existe porque tem corrupção!

Pega, pega!

Pega, pega ladrão!

Pega, pega!

Pega, pega ladrão!

Pega, pega

Pega, pega ladrão!

Tira do Poder, Bota na prisão!

 

“- Como vocês suspeitavam, eu realmente vi essa lista.

Eu vi, mas não li. E digo mais, eu engoli.

Pra que ninguém lesse também. E foi com a melhor das intenções.

Burlei a Lei, mas com toda honestidade!

– Vossa Excelência engoliu a lista?

– Bem, eu a coloquei para dentro do meu organismo,

Num lugar seguro e escuro. De modo que pra todos os efeitos,

Sendo assim desta maneira, eu me reservo ao direito

De não dizer nada mais. Tá tudo publicado nos anais.

– Mas ontem o senhor falou que não viu a lista.

Hoje o senhor fala que viu a lista. E amanhã o senhor…

– Ah! Amanhã ninguém lembra mais!

E o caso da lista vai entrar prá lista dos casos,

Os casos que ficaram pra trás…”



Economia em Letras de Música: Desigualdade e Criminalidade

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Os compositores brasileiros de rap, um dos componentes da cultura hip-hop, dizem que é o único gênero musical que reúne multidões para falar de consciência social. Leia: diferença entre hip-hop e rap.

Há seis pilares essenciais na cultura hip hop:

  1. o rap, cujo significado literal é ritmo-e-poesia,
  2. o DJing,
  3. a breakdance,
  4. a escrita do grafite,
  5. a moda hip hop e
  6. as gírias, inclusive a popular ausência de concordância verbal e nominal.

Uma co-produção internacional entre a brasileira 13 Produções, a dinamarquesa Rosforth e a sueca Stocktown, o documentário Favela no Ar (acima) retrata o despertar do jovem pobre paulistano para a consciência social. Identifica “a vida que imita a arte” com “a arte que imita a vida”. É o capítulo paulistano da história cultural do rap nacional na voz de seus principais expoentes.

Mostra a auto-recuperação de Dexter e Afro-X por meio do rap, a última entrevista gravada de Sabotage, o fortalecimento do movimento hip-hop com a sigla 4PPoder Para o Povo Preto, o dilema da exposição na mídia no entender de KL Jay e no contraponto informado de Xis, o poder transformador do hip-hop como movimento local na voz do RZO… Favela no Ar marca a batida deste movimento de muitos movimentos.

Quer entender o povo brasileiro? Ouça sua expressão musical — e leia suas letras!

Lista de Economia em Letras de Música:

  1. MV Bil – Soldado do Morro (1999)
  2. Racionais MC’s – Vida Loka (Partes 1 e 2)
  3. Racionais MC’s – Capitulo 4 Versiculo 3 (1997)
  4. Sabotage – Rap é Compromisso (2000)
  5. Emicida – Levanta e Anda

Obs.1: nesta música, Emicida canta:

Esses boy conhece Marx
Nós conhece a fome
Então cerra os punho, sorria
E jamais volte pra sua quebrada de mão e mente vazias

Obs.2: Nos anos 50, a moda na Jamaica era dançar ska, uma mistura de ritmos caribenhos com jazz e blues. Os DJs pegavam o microfone e soltavam frases improvisadas, inclusive comentários sociais, enquanto tocavam a musica do vinil. Eles ficaram conhecidos como “Mestre de Cerimônias” por serem os responsáveis por manter o ritmo da festa coletiva. Assim, as iniciais MC começaram a preceder o nome, como um título.

Soldado do Morro (MV Bill)

Minha condição é sinistra não posso dar rolé

Não posso ficar de bobeira na pista

Na vida que eu levo eu não posso brincar

Eu carrego uma nove e uma HK

Pra minha segurança e tranquilidade do morro

Se pa se pam eu sou mais um soldado morto

Vinte e quatro horas de tensão

Ligado na policia bolado com os alemão

Disposição cem por cento até o osso

Tem mais um pente lotado no meu bolso

Qualquer roupa agora eu posso comprar

Tem um monte de cachorra querendo me dar

De olho grande no dinheiro esquecem do perigo

A moda por aqui é ser mulher de bandido

Sem sucesso mantendo o olho aberto

Quebraram mais um otário querendo ser esperto

Essa porra me persegue até o fim

Nesse momento minha coroa ta orando por mim

É assim demorou já é

Roubaram minha alma mas não levaram minha fé

Não consigo me olhar no espelho

Sou combatente coração vermelho

Minha mina de fé tá em casa com o meu menor

Agora posso dar do bom e melhor

Varias vezes me senti menos homem

Desempregado meu moleque com fome

É muito fácil vir aqui me criticar

A sociedade me criou agora manda me matar

Me condenar e morrer na prisão

Virar noticia de televisão

Seria diferente se eu fosse mauricinho

Criado a sustagem e leite ninho

Colégio particular depois faculdade

Não, não é essa minha realidade

Sou caboquinho comum com sangue no olho

Com ódio na veia soldado do morro

 

Feio e esperto com uma cara de mal

A sociedade me criou mais um marginal

Eu tenho uma nove e uma HK

Com ódio na veia pronto para atirar(2x)

 

Um pelo poder dois pela grana

Tem muito cara que entrou pela fama

Plantou na boca tendo outra opção

Não durou quase nada amanheceu no valão

Porque o papo não faz curva aqui o papo é reto

Ouvi isso de um bandido mais velho

Plantado aqui eu não tenho irmão

Só o cospe chumbo que tá na minha mão

Como pássaro que defende seu ninho

Arrebento o primeiro que cruzar meu caminho

Fora da lei chamado de elemento

Agora o crime que dá o meu sustento

Já pedi esmola já me humilhei

Fui pisoteado só eu sei que eu passei

Eu tô ligado não vai justificar

Meu tempo é pequeno não sei o quanto vai durar

É pior do que pedir favor

Arruma um emprego tenho um filho pequeno, seu doutor

Fila grande eu e mais trezentos

Depois de muito tempo sem vaga no momento

A mesma história todo dia é foda

É isso tudo que gera revolta

Me deixou desnorteado mais um maluco armado

Tô ligado bolado quem é o culpado?

Que fabrica a guerra e nunca morre por ela

Distribui a droga que destrói a favela

Fazendo dinheiro com a nossa realidade

Me deixaram entre o crime e a necessidade

 

Feio e esperto com uma cara de mal

A sociedade me criou mas um marginal

Eu tenho uma nove e uma HK

Com ódio na veia pronto para atirar (2x)

 

A violência da favela começou a descer pro asfalto

Homicídio sequestro assalto

Quem deveria dar a proteção

Invade a favela de fuzil na mão

Eu sei que o mundo que eu vivo é errado

Mas quando eu precisei ninguém tava do meu lado

Errado por errado quem nunca errou?

Aquele que pede voto também já matou

Me colocou no lado podre da sociedade

Com muita droga muita arma muita maldade

Vida do crime é suicídio lento

Bangu 1 2 3 meus amigos lá dentro

Eu tô ligado qual é.. sei qual é o final

Um saldo negativo.. menos um marginal

Pra sociedade contar um a menos na lista

E engordar a triste estatística

De jovens como eu que desconhecem o medo

Seduzidos pelo crime desde muito cedo

Mesmo sabendo que não há futuro

Eu não queria tá nesse bagulho

Já tô no prejuízo um tiro na barriga

Na próxima batida quem sabe levam minha vida

Eu vou deixar meu moleque sozinho

Com tendência a trilhar meu caminho

Se eu cair só minha mãe vai chorar

Na fila tem um monte querendo entrar no meu lugar

Não sei se é pior virar bandido

Ou se matar por um salário mínimo

Eu no crime ironia do destino

Minha mãe tá preocupada seu filho está perdido

Enquanto não chegar a hora da partida

A gente se cruza nas favelas da vida

 

Feio e esperto com uma cara de mal

A sociedade me criou mas um marginal

Eu tenho uma nove e uma HK

Com ódio na veia pronto para atirar

Feio e esperto com uma cara de mal

A sociedade me criou mas um marginal

Eu tenho uma nove e uma HK

Com ódio na veia pronto para atirar

 

Feio e esperto com uma cara de mal

A sociedade me criou mais um marginal

Eu tenho uma nove e uma HK

Com ódio na veia pronto para atirar (3x)

 

 

 

 


Economia em Letras de Música: Ostentação

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Ostentação: ato ou efeito de ostentar; ato de fazer alarde de si mesmo ou de algo que é seu; exibição de luxo, poder ou riqueza.

O funk ostentação é o gênero musical que se contrapõe à conscientização do rap. Este vai para a esquerda, aquele vai para a direita. O rap surge na Era Neoliberal (1988-2002) de desemprego e o funk ostentação na Era Social-Desenvolvimentista (2003-2014) de ascensão social.

O funk ostentação é um fenômeno musical que cresce graças aos clipes no YouTube vistos em smartphones. Surgiu na Baixada Santista e se destacou nos bailes realizados na zona leste de São Paulo. Suas letras falam de baladas, roupas de grife (“kit”), carrões (“naves”). Faz merchandising. O funk já foi romântico, proibidão, safadinho, e agora só quer ostentar. Símbolo de consumismo, individualismo, imposição dos “párias” marginalizados às castas através do exibicionismo de riqueza, machismo anti-feminista, anti-altruísmo ou “nóis respeita a comunidade”, o que expressa o Funk Ostentação? Nóis também pode tê podê?

O propagado individualismo da ideologia da “economia de livre-mercado”, impregnado na “sociedade do espetáculo”, foi levado ao paroxismo por jovens da periferia. Cada narcisista demonstra aspirar apenas a ser reconhecido como “celebridade” em sua (imensa) comunidade, tanto presencial, quanto virtual. Os bem-sucedidos em riqueza se apresentam como um exemplo a ser seguido. Divulgam (“de graça”) as marcas da moda nesse “mundinho” da massa popular: as classes C, D e E.  O desejo parece se resumir a funk, funk, funk

Ou tudo isso deve ser visto como provocação à reflexão, para colocar a olho nu os valores propagados na sociedade contemporânea? Valores são $$$…

Carência educacional?

Concordância verbal?

Concordância nominal?

Pouca importa língua culta

Nóis tem nota de 100 sem culpa

Dinheiro, dinheiro

Homi gosta de mulhé

Mulhé gosta de dinheiro

Lista de Economia em Letras de Música:

  1. Plaque de 100 (MC Guimê)
  2. Tá Patrão (MC Guimê)
  3. Olha O Kit (Part.1) (MC Dede)
  4. Novinha, Vem Que Tem (MC Lon)
  5. Cabelo Arrepiado (MC Lon)
  6. Dinheiro (MC Lon)
  7. Como é Bom Ser Vida Loka (MC Rodoufinho)
  8. Megane (MC Boy do Charmes)
  9. Eu Sou Patrão Não Funcionário (Menor do Chapa)
  10. Mulher do Poder (MC Pocahontas)

MC Guimê é natural de Osasco e ao lado de MC Lon e MC Rodolfinho, é um dos nomes mais conhecidos do Funk Ostentação. Seu primeiro hit aconteceu em 2011, com Tá Patrão, que teve mais de 17 milhões de views no YouTube e passou ser convidado para as baladas do Neymar – ídolo-maior da galera. Em 2012, ele conseguiu mais 30 milhões de visualizações no YouTube com Plaque de 100.

Plaque de 100 (MC Guimê)

Contando os plaque de 100, dentro de um Citroën

Ai nóis convida, porque sabe que elas vêm

De transporte nóis tá bem, de Hornet ou 1100

Kawasaky, tem Bandit, RR tem também

Contando os plaque de 100, dentro de um Citroën

Ai nóis convida, porque sabe que elas vêm

De transporte nois tá bem, de Hornet ou 1100

Kawasaky, tem Bandit, RR tem também

A noite chegou, nóis partiu pro Baile funk

E como de costume toca a nave no rasante

De Sonata, de Azzera, as mais gata sempre pira

Com os brilho da jóias no corpo de longe elas mira

Da até piripaque do Chaves onde nóis por perto passa

Onde tem fervo tem nóis, onde tem fogo há fumaça

É desse jeitinho que é, seleciona as mais top

Tem 3 porta, 3 lugares pra 3 minas no Veloster

Se quiser se envolver, chega junto, vamo além

Nóis é os pika de verdade, hoje não tem pra ninguém

Contando os plaque de 100, dentro de um Citroën

Ai nóis convida, porque sabe que elas vêm

De transporte nois tá bem, de Hornet ou 1100

Kawasaky tem Bandit, RR tem também

Nóis mantém a humildade

Mas faz sempre parar tudo

E os zé povinho que olha, de longe diz: que absurdo

Invejoso se pergunta tão maluco o que que é isso

Mas se pergunta pra nós, nós vai responder: churiço

Só comentam e critica, fala mal da picadilha

Não sabe que somos sonho de consumo da tua filha

Então não se assuste não, quando a notícia vier à tona

Ou se trombar ela na sua casa, em cima do meu colo, na sua poltrona

Contando os plaque de 100, dentro de um Citroën

Ai nóis convida, porque sabe que elas vêm

De transporte nois tá bem, de Hornet ou 1100

Kawasaky tem Bandit, RR tem também

Tá Patrão (MC Guimê)

Se um é pouco

Dois é bom

Três é demais!

Mc Guime, Kondzilla

Dj Bala na batida

Vai segurando

Tapa, tapa tá patrão

Quando dá uma hora da manhã

É que o bonde se prepara pra vibe

Abotoa a polo listrada

Da um nó no cardaço, no tênis da Nike

Joga o cabelo pra cima

Ou põe o boné que combina com a roupa

A picadilha pode ser de boy

Mas não vale esquecer que somos vida loca

As mais top vem do nosso lado

Ficam surpresas, ganha mó moral

Se o paparazzi chega nesse baile

Amanha seu pai vê sua foto no jornal

Portando o kit de nave do ano

Essa é a nossa condição

Olha só como que o bonde tá

Tapa, tapa, tá patrão

Tapa, tapa, tá patrão

Tênis Nike Shox, Bermuda da Oakley

Camisa da Oakley, olha a situação

Tapa, tapa, tá patrão

Tapa, tapa, tá patrão

Tênis Nike Shox, Bermuda da Oakley

Camisa da Oakley, olha a situação

Tapa, tapa, tá patrão

Tapa, tapa, tá patrão

Caralho, moleque, vai segurando

Tapa, tapa, tá patrão

Quando dá uma hora da manhã

É que o bonde se prepara pra vibe

Abotoa a polo listrada

Da um nó no cardaço, no tênis da Nike

Joga o cabelo pra cima

Ou põe o boné que combina com a roupa

A picadilha pode ser de boy

Mas não vale esquecer que somos vida loca

As mais top vem do nosso lado

Ficam surpresas, ganha mó moral

Se o paparazzi chega nesse baile

Amanha seu pai vê sua foto no jornal

Portando o kit de nave do ano

Essa é a nossa condição

Olha só como que o bonde tá

Tapa, tapa, tá patrão

Tapa, tapa, tá patrão

Tênis Nike Shox, Bermuda da Oakley

Camisa da Oakley, olha a situação

Tapa, tapa, tá patrão

Tapa, tapa, tá patrão

Tênis Nike Shox, Bermuda da Oakley

Camisa da Oakley, olha a situação

Tapa, tapa, tá patrão

Tapa, tapa, tá patrão

Caralho, moleque, vai segurando

Tapa, tapa, tá patrão

Quando ouviu o barulho do motor

Era nós passando pela sua quebrada

Levantou e foi ver na janela

Na hora que viu ficou impressionada.

De Hornet ou de R1

Se só foder, de moto eu paro

Eu vou até minha garagem

Buscar meu Veloster, Sonata ou Camaro

Tapa, tapa, tá patrão

Tapa, tapa, tá patrão

MC Dede veio de Cidade Tiradentes, zona leste de São Paulo. Ele é um dos pioneiros do Funk Ostentação. Destacou-se com o hit Olha o Kit . Seguiu com quatro hits As Mina do Camarote, Pani Na Nave, Bum bum na água e Rolê de Hayabusa. Ele resolveu se renovar com um funk mais pop com Linda Menina.

  

Olha O Kit (Part.1) (MC Dede)

Agilidade de alta voltagem

“Nois” pegamo três banco em São Paulo

No pescoço agora é só kilo

E no bolso tem aquele paco

Ao invés de mexer com as novinhas

É ao contrario com nois que elas mexe

Elas brigam e puxam o cabelo

Pra ser a garupa da minha hornet

Um DVD embutido na nave

Que o som estronda a porra toda

E a noite tem um baile funk

Dois mil no bolso pra gastar a toa

O procedê é a virtude do homem

Nossa parte nois tem que fazer

Nois respeita a comunidade

E faz as novinhas se enlouquecer

O Relogião que brilha com ouro,

Nois só usa roupa de granfino, os melhores tênis , os melhores perfumes

Red bull que é pra bebe com whisky, de dia nóis tem uma praia

E de noite nóis vai pro puteiro, e no bolso tem aquele paco

Os cachorros quer gastar dinheiro, vo logo mandando o papo reto …

… Tadeu eu vou dizer

Boladão vou mandando a rima um salve pro povo eu sou o Dede

Caralho

Agora é a vera meu parceiro Déu.

Olha o kit, olha o kit…

É o kit tô portando, É o kit tô portando

Deu bingo pro Dede não teve outra saída, fui lá pro Boullevard cantei na Baixada Santista

Com patrocinio trajadão de tropical, já trombei meus dois padrinhos, Chiquinho e o Amaral

Meu guarda-roupa é o shopping as novinha não resiste

Billabong, Eckõ, Oakley, Onbongo e Quiksilver

Pra andar de Hornet óia a idéia que ela joga, que eu sou piloto de fuga

Tipo Fúria em duas rodas, encosta com uma nave 16, aro cromado,

Hilux cabine dupla com ar condicionado,

Cabral eu vo mandando a instrução

Com Nextel Ferrari, e as novinhas de plantão

Olha o kit, olha o kit, olha o kit

No Estilo Muleque Top

Puma Disk, uma Eckõ e a bombeta da Lacoste

Olha o kit, olha o kit, olha o kit

Eu não deixo pra depois

A moda dentro do baile é Juliet e Romeo 2

Olha o kit, olha o kit, olha o kit

No Estilo Muleque Top

Puma Disk, uma Eckõ e a bombeta da Lacoste

Olha o kit, olha o kit, olha o kit

Eu não deixo pra depois

A moda dentro do baile é Juliet e Romeo 2

Olha o kit, olha o kit, olha o kit

No Estilo Muleque Top

Puma Disk, uma Eckõ e a bombeta da Lacoste

Olha o kit, olha o kit, olha o kit

Eu não deixo pra depois

A moda dentro do baile é Juliet e Romeo 2

A moda dentro do baile é Juliet e Romeo 2

A moda dentro do baile é Juliet e Romeo 2

MC Lon é nome artístico de Airon de Lima, que veio da Vila do Sapo, comunidade carente na Baixada Santista. Ele se tornou um dos principais nomes do Funk Ostentação de São Paulo. O clipe de Novinha Vem Que Tem conseguiu mais de 30 milhões de views no YouTube.

 

Novinha, Vem Que Tem (Mc Lon)

No camarote ela dança pra mim

No camarote ela mexe

Gosta de funk, de samba

Ainda curte um reggae

No camarote ela desce

No camarote ela dança

Gosta de reggae, de funk

Ainda curte um samba

Gosta de grana

Vive de fama

No camarote ela dança pra mim

No camarote ela mexe

Gosta de funk de samba

E adora um reggae

No camarote ela desce

No camarote ela dança

Gosta de reggae, de funk

Ainda curte um samba

Gosta de grana

Vive de fama

Novinha, vem que tem

Oh! Vem que tem, meu bem

Tô de Camaro, e o bolso aquário

Contando as notas de 100

Novinha, vem que tem

Oh! Vem que tem, meu bem

Tô de Camaro, e o bolso aquário

Contando as notas de 100

Acabei de chegar e te ganhei no olhar

E na porta do baile funk fiz elas delirar

Só pra impressionar, eu abri o teto solar

E joguei minha corda pra fora pra incomodar

Daí paralisou, se hipnotizou

Ganho o nosso bonde

De longe e se aproximou

Viu vinte Red Bull, whisky e Absolut

Nóis que é portador de malote

Qualquer balada somos área vip

Vem curtir nosso camarote

No camarote ela dança pra mim

No camarote ela mexe

Gosta de funk de samba

Ainda curte um reggae

No camarote ela desce

No camarote ela dança

Gosta de reggae de funk

E ainda curte um samba

Gosta de grana

Vive de fama

No camarote ela dança pra mim

No camarote ela mexe

Gosta de funk de samba

E adora um reggae

No camarote ela desce

No camarote ela dança

Gosta de reggae de funk

Ainda curte um samba

Gosta de grana

Vive de fama

Cabelo Arrepiado (MC Lon)

Só menino bom tá com a gente, ensandecidamente

Eu já fui um delinquente

Hoje já penso diferente

Vim demonstrar que não é por fama e nem por dinheiro, nós canta o que sente

É que eu já vivi uma vida sofrida

Uma jornada que te arrepia

Esperança é a última que morre por isso que a gente se arrisca

Não palpita se diferencia

Faz a tua que eu faço a minha

Criatividade de um criador que evolui o que cria e nunca copia

Vou chegar de traje enjoado

Cabelinho arrepiado

De segunda a domingueira

Com fé em Deus, abençoado

Só as mais top tá ligado

Eu de Porsche Panamera

Eu já perdi muito tempo em vão

Esses tempos que vem e que vão

Deus que me levantou do chão

Usei isso de reflexão

Já andei no caminho do mau

Me encontrei quando eu me perdi

Me esquivei da tristeza, busquei a alegria

Buscando a tristeza, fiz ela sorrir

Sabe como que nóis chegou?

Vou chegar de traje enjoado

Cabelinho arrepiado

De segunda a domingueira

Com fé em Deus, abençoado

Só os mais top tá ligado

Eu de Porsche panamera

Dinheiro (MC Lon, 2016)

Dinheiro, dinheiro

Homem gosta de mulher

Mulher gosta de dinheiro

Dinheiro, dinheiro

Homem gosta de mulher

Mulher gosta de dinheiro

Tá tendo a libra esterlina

Tem dólar, tem euro

Tendo dinheiro na carteira

Saca bem ligeiro

É que as meninas tá correndo rindo no estrangeiro

E os meninos se for beber só bebe Jack Daniel’s

É desse jeito mesmo jogando talento ao ar

Dj Jorgin e Mc Lon que chegou pra tocar

E sabe o que nós tem meu parceiro

Dinheiro, dinheiro

Homem gosta de mulher

Mulher gosta de dinheiro

Dinheiro, dinheiro

Homem gosta de mulher

Mulher gosta de dinheiro

Tá tendo a libra esterlina

Tem dólar, tem euro

Essas meninas ficam louca

Chama nós de baladeiro

É só sacar os plaquês de cem

Que elas vem do estrangeiro

E se for pra tomar um porre

Tem que ser Jack Daniel’s

Ela me jurou amor eterno

É treinada sabe o que eu quero

Longe de fidelidade curti a Night é o adultério

Esculte o som do Mc Lon sente esse poder meu bom

Leva pra cima a rima esculta aí vê se ta bom

Dinheiro, dinheiro

Homem gosta de mulher

Mulher gosta de dinheiro

Dinheiro, dinheiro

Homem gosta de mulher

Mulher gosta de dinheiro

MC Rodolfinho tem ao hit Como é Bom Ser Vida Loka, que caiu nas graças dos jogadores de futebol – outra “bolha de ativos” em curto prazo. Ele é de Osasco, mesma cidade de Guimê, e antes de entrar para o funk trabalhou de empacotador em supermercado e depois em uma loja de celular. Como é Bom Ser Vida Loka já teve mais de 18 milhões views no Youtube.

Como e Bom Ser Vida Loka (Mc Rodoufinho)

É o som do mc rodolfinho

Mas eu desta vez não to sozinho,

Tô com Kondzilla e com meu mano DJ nino.

Pra todos vida loca.

Bolso esquerdo só tem peixe,

O direito ta cheio de onça,

Ai meu deus como é bom ser vida loka.

De carrão, de motona,

O bagulho te impressiona,

Ela brisa, ela olha, ela pisca, ela chora,

Só pra andar de navona,

Ai meu deus como é bom ser vida loka.

Traz bebida pras gatona,

Deixa elas malucona,

Camarote, área VIP, baladinha monstra,

Ai meu deus como é bom ser vida loka.

Final de semana, só aventura,

Fluxo também, se tem balada,

Casa lotada, se prepara que hoje tem.

E nós sai de casa pesadão,

Apavorando de carro zero,

Bate o contato com a X35,

Acelera o Camaro amarelo.

Tamo de griffe, de área VIP,

Envolvido na situação,

Novo mizuno, boné da quik,

E as ice thug tampando a visão.

É o som do menor rodolfinho,

Estremecendo os coração dos fã,

O progresso de hoje,

É a garantia de amanha.

Relógio Rolex, Double x,

Ed Hardy a firma é forte,

Chego no shopping,

e i gerente,

Quero sair daqui todo de Oakley.

Saca o malote, joga na mesa,

Que diferença que faz uma grana,

Tá ligado, ai balconista,

Quanto que custa você na minha cama.

Vem não tem tempo ruim,

Disposição tá exalando,

Bate no radio, to disponível,

É só falar qual é o plano.

Pé no chão, consciente,

Na melhor hora nós ataca,

Imbicamo na agência,

E saímos de Veloster sem placa.

Cordão de ouro no pescoço,

Ferrari dos novo nas cintura,

Qual que é o corre do menino,

É o que os bico se pergunta.

Se que saber eu vou dizer,

Joga lá no YouTube,

Aproveita me faz um favor,

Compartilha esse vídeo,

La no Facebook.

Nóis ta pesado, mesmo sim,

Não vou negar para você,

Põe as partichola,

As cachorra adora,

E a concorrência quer morrer.

E quando o bonde passa,

Chama atenção das mais top da vila,

Ela olhou, disfarçou,

Mas depois comentou com as amigas.

Comentou tipo assim,

Esse menino ai eu caso,

Ele tem dinheiro, ele é ligeiro,

Não anda de a pé, só de moto, ou de carro.

E se as amiga pergunta,

Esse menor onde se conheceu,

Fala pra elas colar na quebrada,

Que os moleque é a mesma fita que eu.

Nossa senhora, ave maria,

Eu vou tocar o putero,

Fica a vontade na limousine,

Que eu vou fazer chuva de dinheiro.

 

Jogo a de 5, jogo a de 10,

Jogo a de 20, jogo as onça,

Ai meu deus como é bom ser vida loca.

Ai meu deus como é bom ser vida loca.

MC Boy do Charmes é o responsável pelo primeiro grande sucesso do Funk Ostentação, Mégane, lançada em julho de 2011. Ele também foi o primeiro MC do Funk Ostentação a investir nos clipes, sempre com direção do Kondizilla, produtora que é símbolo do movimento e acumula milhões de views.

Megane (MC Boy do Charmes)

Imagina nós de megane, ou de 1.100

Invadindo os baile, nao vai ter pra niguém

Nosso bonde assim que vai

É euro, dolar e nota de 100

Nota de 100, nota de 100 [2x]

Jamais vou me desfazer, dos parceiros que estão no dia-a-dia

O nosso bonde é esse, sintonia e correria

Só não quero do lado aqueles que são simpatia

São simpatia, tão todo dia, correria

Guerreiro tô na luta vô na fé e assim que é

Dinheiro faz dinheiro, dinheiro chama mulher

Dinheiro da um lance, compra carro entao jaé

To de rolé, to de rolééé

Imagina eu de megane, ou de 1.100

Invadindo os baile, nao vai ter pra niguém

Nosso bonde assim que vai

É euro, dolar e nota de 100

Nota de 100, nota de 100 [2x]

Mais se os manos são do bom, bota o Puma disc que hoje tem baile

To com cordão de ouro e vai no pulso um Authblaint

Cheroso pra caralho, to de Armani ou de Ferrariiii

Quando subi no camarote, lá vô encotrar os irmão da zona sul

Na nossa mesa, só Absolut e Red Bull

To rodiado de mulhé, rio de janeiro tá susu, ta susu, ta susu

Quando eu desce pra outra balada, chego lá

Meu bonde e esse, pode crê

E o bonde só dos loucos, é os loucos procede

To desceno a 100 por hora, cheio de mulhé

To de rolé, to de rolé, só tu vive

Imagina eu de megane, ou de 1.100

Invadindo os baile, nao vai ter pra niguém

Nosso bonde assim que vai

É euro, dolar e nota de 100

Nota de 100, nota de 100 [2x]


 

MC Menor do Chapa é carioca, mas criou música na linha do Funk Ostentação paulista. Ele tem entre seus hits a música Sou Patrão, Não Funcionário.

Eu Sou Patrão Não Funcionário (Menor do Chapa)

Eu sou patrão, não funcionário

Meu estilo te incomoda

Só pego as melhores e ando sempre na moda

Bacana eu tiro é onda, vem no pique, olha só

A nossa fé em Deus é a riqueza maior

A nossa roupa é da Ed Hardy, Rio Local ou da Armani

O bonde tá de Audi, Veloster, tá de Megane

Eu to portando a Captiva com som de duzentos mil

Estilo Panicat me deu mole quando viu

Elas tão doida, tão louca,

Olha só como elas curte

Whisky, Big Apple, Red Bull e Absolut

Elas tão doida, tão louca,

Olha só como elas curte

Whisky, Big Apple, Red Bull e Absolut

Eu sou patrão não funcionário

Meu estilo te incomoda

Só pego as melhores e ando sempre na moda

Bacana eu tiro é onda, vem no pique olha só

A nossa fé em Deus é a riqueza maior

Eu sou patrão não funcionário

Meu estilo te incomoda

Só pego as melhores e ando sempre na moda

Bacana eu tiro é onda, vem no pique olha só

A nossa fé em Deus é a riqueza maior

A nossa roupa é da Ed Hardy, Rio Local ou da Armani

O bonde tá de Audi, Veloster, tá de Megane

Eu to portando a Captiva com som de duzentos mil

Estilo panicat me deu mole quando viu

Elas tão doida, tão louca,

Olha só como elas curte

Whisky, Big Apple, Red Bull e Absolut

Elas tão doida, tão louca,

Olha só como elas curte

Whisky, Big Apple, Red Bull e Absolut

Eu sou patrão não funcionário

Meu estilo te incomoda

Só pego as melhores e ando sempre na moda

Bacana eu tiro é onda, vem no pique olha só

A nossa fé em Deus é a riqueza maior

Viviane Queiroz, a MC Pocahontas, é a principal representante feminina do Funk Ostentação. Ela também é do Rio de Janeiro, Duque de Caxias, e ficou famosa pelo clipe de Mulher do Poder, que também contou com direção do paulista Kondzilla.

Mulher do Poder (MC Pocahontas)

Ostentação, palavra que eu gosto de ouvir

Se me quer do seu lado, tem que me fazer rir

Vem me buscar de Hornet, R1, RR

Me dá condição

Deixa eu totalmente louca, chapadona de Chandon

Gosto de gastar, isso não é novidade

Hoje eu já torrei mais de 10 mil com a minha vaidade

É salão de beleza, roupa de marca, sandália de grife no pé

Bolsa da Louis Vuitton, sonho de toda mulher

Tudo que eu faço tá virando comentário

Postaram no Face que agora eu tô de Camaro

E quem tá comigo sabe aonde eu chego eu dou sacode

Sou a MC Pocahontas, tamo junto, a firma é forte

Bota o dedo pro alto, deixa os homens loucos

Esse é o bonde das minas que andam no ouro

Gosto de ostentar e essa é a minha vida

Mulher do poder, é assim que eu sou conhecida

(É o poder)

Bota o dedo pro alto, deixa os homens loucos

Esse é o bonde das minas que andam no ouro

Gosto de ostentar e essa é a minha vida

Mulher do poder, é assim que eu sou conhecida

Ostentação, palavra que eu gosto de ouvir

Se me quer do seu lado, tem que me fazer rir

Vem me buscar de Hornet, R1, RR

Me dá condição

Deixa eu totalmente louca, chapadona de Chandon

Gosto de gastar, isso não é novidade

Hoje eu já torrei mais de 10 mil com a minha vaidade

É salão de beleza, roupa de marca, sandália de grife no pé

Bolsa da Louis Vuitton, sonho de toda mulher

Tudo que eu faço tá virando comentário

Postaram no Face que agora eu tô de Camaro

E quem tá comigo sabe, aonde eu chego eu dou sacode

Sou Mc pocahontas tamo junto a firma é forte

Bota o dedo pro alto, deixa os homens loucos

Esse é o bonde das minas que andam no ouro

Gosto de ostentar e essa é a minha vida

Mulher do poder, é assim que eu sou conhecida

(É o poder)

Bota o dedo pro alto, deixa os homens loucos

Esse é o bonde das minas que andam no ouro

Gosto de ostentar e essa é a minha vida

Mulher do poder, é assim que eu sou conhecida

Bota o dedo pro alto, deixa os homens loucos

Esse é o bonde das minas que andam no ouro


Marchinhas do Carnaval 2017

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  De Brocha na TV / 50 Tons de Cinza

Pinto por Cima

Solta o Cano

Não Enche o Saco do Chico


Marchinhas do Carnaval de 2017

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“O baile do cidadão do bem” foi a grande vencedora da sexta edição do Concurso de Marchinhas Mestre Jonas, realizado no Music Hall, no bairro Santa Efigência, na Região Centro-Sul de Belo Horizonte – MG.

Ao todo, foram inscritas 191. Quinze disputaram a semifinal. E no sábado (11/02/17), dez finalistas foram apresentadas para uma platéia muito animada. Cinco foram escolhidas pelo júri oficial. Mas a classificação ficou por conta do público.

O baile do cidadão do bem” é uma paródia das manifestações a favor do golpe contra a Presidenta Dilma Rousseff. Pela primeira vez, desde a criação do concurso, uma compositora vence a disputa: Jhê Delacroix, que divide a autoria com Helbeth Trotta.

Confira os vencedores e os prêmios:

1º. O baile do cidadão de bem (Helbeth Trotta – Jhê Delacroix) – R$ 6 mil e o Troféu Mestre Jonas

2º. Solta o cano (Marcos Frederico/ Vitor Velloso) – R$ 3 mil e o troféu

3º. Pinto por cima (Vitor Velloso – Gustavo Maguá – Marcelo Guerra) – R$ 2 mil e o troféu

4º. Puxa saco (Jadir Ferreira Laureão e Aldnei Pereira Sobrinho) – R$ 1,5 mil

5º. Nesse Carnaval (Rafael Macedo) – R$ 1 mil

O prêmio total deste ano foi de R$13.500. O Concurso de Marchinhas Mestre Jonas foi criado em 2012 para homenagear o cantor, compositor e carnavalesco, falecido em dezembro de 2011. Desde então conquistaram a maioria dos votos as marchinas “Na Coxinha da Madrasta” (2012), “Imagina na Copa” (2013), “Baile do Pó Royal” (2014), “Rejeitados de Guarapari” (2015) e “Não Enche o Saco do Chico” (2016).

 

 


Samba-Enredo em Homenagem a Temer fica em segundo lugar, mas leva o título!

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O Jornal Sensacionalista foi até a comunidade do Jaburu Engasgado, na zona norte do Rio de Janeiro, para conferir um caso curioso: o samba enredo da Acadêmicos do Jaburu para o Carnaval 2017, que homenageia o presidente Michel Temer, ficou em segundo lugar, mas levou o título! A comunidade foi às ruas, protestou, e o samba acabou sendo declarado o vencedor do concurso.

Confira a letra:

Do Líbano ao Planalto, a Magia do Esplendor Decorativo

Primeiramente, em 1940
Um grande filho de imigrantes libaneses
Venceu a barreira da placenta
E veio ao mundo depois de 9 meses

Aos 22 anos de idade
Já na faculdade de Direito
Tentou ser presidente do centro acadêmico
Mas não teve jeito, perdeu

Perdeu e a derrota foi feia
Mas não desanimou e se formou advogado
E com a política na veia
Foi disputar as eleições pra Deputado

Pelo PMDB
Tentou se eleger em 86
Mas ele voltou a perder
Ainda não foi dessa vez

Ficou na vaga de suplente
E de repente sua sorte melhorou
Um coleguinha renunciou ao cargo
E foi aí que finalmente ele virou

Deputado Federal
Ganhou perdendo, mas não faz mal
Deputado Federal
Ganhar perdendo para ele é normal

Em 1990
De novo, ele tenta
Perdeu nova eleição pra Deputado
Só em 94 conseguiu se eleger

Virou Presidente da Câmara
E no Congresso, veja você
Rejeitou a abertura dos processos de impeachment
Contra FHC

Em 2002
Reelegeu-se Deputado Federal
E um ano depois
Ele se casou com uma moça virginal

43 anos mais nova
Isso comprova que o amor não tem idade
Bela, recatada e do lar
Um modelo exemplar de uma velha sociedade

Virou nosso Vice Presidente
Um cargo bem expressivo
Mas ele se mostrava descontente
Tão tristonho, tão carente, tão decorativo

A classe média, de camisa amarela
Batucava na panela demonstrando impaciência
Rolou pendenga, lenga lenga, chorumela
E num golpe de mestre ele assumiu a presidência

E logo que foi empossado
Viajou pra China mais calado que um monge

E lá fora Temer
Mostrou pra gente um Presidente que vai longe

E lá fora Temer
Mostrou pra gente um Presidente que vai longe.


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